ResumoA crise global de saúde pública que o "novo" Coronavírus provocou na estrutura das políticas neoliberais dos Estados nacionais não confirma o fim do capitalismo ou o esgotamento de um sistema econômico. O objetivo deste ensaio é apresentar uma reflexão analítica acerca das dimensões geográficas que a necropolítica produziu a partir do projeto de modernidade e que estão sendo reforçadas com a pandemia. A metodologia utilizada para a produção desse texto se fundamentou na pesquisa bibliográfica e revisão da literatura, portanto, destacamos que os efeitos mortíferos do SARS-II, complementam as ações genocidas do necrocapitalismo de Estado, pois elas atingem principalmente aos grupos mais vulneráveis da periferia do mundo globalizado. Por fim, a crise de surto pandêmico desta segunda década do século XXI em meio a um contexto de incerteza nos dá a certeza da urgência em construirmos um projeto de humanidades melhor do que este que se fundamenta em uma sociedade do consumo.
A saúde no Brasil tem experimentado mudanças significativas com a implantação do Sistema Único de Saúde. Uma das principais políticas de cuidado à saúde da população tem sido, neste contexto, a Estratégia Saúde da Família, cujo trabalho é organizado por uma equipe multiprofissional responsável por uma população em um território-alvo. O modo como este território é definido, no entanto, é aqui problematizado. Partimos da hipótese de que o processo de territorialização da ESF tem se pautado em processos político-burocráticos, atendendo a exigências de órgãos e instituições que desconsideram a dinâmica do território. Neste trabalho analisamos a territorialização da ESF na cidade de Aurora, sul do estado do Ceará. Para alcançar nossos objetivos realizamos pesquisa bibliográfica e documental, bem como entrevistas com atores-chave. O estudo apontou que a territorialização baseou-se na contagem de famílias pelos Agentes Comunitários de Saúde, sendo este o elemento condicionante para a demarcação geográfica dos serviços. Tal prática evidencia um reducionismo na concepção de território e territorialidade no SUS. Acreditamos que a participação da comunidade é um aspecto essencial para um melhor planejamento territorial em saúde, a partir do reconhecimento das formas geográficas e os usos do território pelos sujeitos que o constituem e o transformam.
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