Resumo No Brasil, o teste de DNA tem sido fundamental para a validação legal de paternidade. É também com base nessa validação que o dever de cuidado do pai em relação ao filho pode ser estabelecido, tanto em termos de provimento financeiro quanto de obrigações morais e afetivas. Para além da dimensão legal, contudo, o cuidado, em seus múltiplos sentidos, pode ser um balizador importante para o modo como pais e filhos dimensionam e justificam seus próprios direitos e obrigações. Partindo de casos de investigação de paternidade que tiveram grande percussão na mídia, este artigo objetiva analisar como a consanguinidade e as práticas de cuidado estão mutuamente implicadas e podem ser mobilizadas de diferentes modos na atribuição de responsabilidades e na reivindicação de direitos associados ao parentesco.
Resumo Tendo como ponto de partida o debate sobre o conhecimento das origens de parentesco como direito humano, este artigo discute a correlação entre identidade e pertencimento familiar a partir de pesquisa etnográfica em grupos de apoio à adoção, conversas e entrevistas com seus membros e coordenadores. A partir da narrativa de uma filha adotada, que conhecemos nas reuniões do grupo, aprofundamos ainda a discussão sobre o modo como numa trajetória pessoal singular se entrelaçam questões identitárias e relacionais tanto quanto concepções mais amplas sobre família, parentesco, raça, gênero, classe e pertencimento. Concordando com Strathern (1999) que a revelação de uma nova informação de parentesco pode ser envolvida por cautelas e tensões, uma vez que traz impactos embutidos para a identidade pessoal e para os relacionamentos, refletimos sobre alguns dos embates entre a prática de adoção e o direito às origens.
Família e cuidado em narrativas de vida marcadas pela ausência paterna 1 ResumoPartindo de narrativas de vida de filhos sem o reconhecimento legal de paternidade, o objetivo deste artigo é analisar o cuidado e a reprodução da vida doméstica através do ponto de vista desses filhos sobre as mulheres que se responsabilizaram por eles quando crianças. Se, por um lado, essas narrativas falam sobre a falta de direitos, representada pela ausência paterna, de outro, elas trazem também à luz as múltiplas figuras cuidadoras que constituíram o universo de parentesco dessas pessoas. Proponho assim uma reflexão sobre as relações entre gênero e parentesco através do modo como essas narrativas apresentam o não reconhecimento de paternidade como uma fuga do pai da responsabilidade, as ambivalências de sentimentos em relação às atitudes das mães e como o parentesco é nelas constituído por meio do cuidado e da afeição. Levanto, por fim, a discussão sobre como as atuais leis e políticas públicas de reconhecimento de filiação podem levar à reafirmação de um modelo normativo de família e reinstituir, em alguma medida, o sofrimento associado à ausência paterna.
Família e cuidado em narrativas de vida marcadas pela ausência paterna 1 Resumo Partindo de narrativas de vida de filhos sem o reconhecimento legal de paternidade, o objetivo deste artigo é analisar o cuidado e a reprodução da vida doméstica através do ponto de vista desses filhos sobre as mulheres que se responsabilizaram por eles quando crianças. Se, por um lado, essas narrativas falam sobre a falta de direitos, representada pela ausência paterna, de outro, elas trazem também à luz as múltiplas figuras cuidadoras que constituíram o universo de parentesco dessas pessoas. Proponho assim uma reflexão sobre as relações entre gênero e parentesco através do modo como essas narrativas apresentam o não reconhecimento de paternidade como uma fuga do pai da responsabilidade, as ambivalências de sentimentos em relação às atitudes das mães e como o parentesco é nelas constituído por meio do cuidado e da afeição. Levanto, por fim, a discussão sobre como as atuais leis e políticas públicas de reconhecimento de filiação podem levar à reafirmação de um modelo normativo de família e reinstituir, em alguma medida, o sofrimento associado à ausência paterna.
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