Agentes comunitárias de saúde (ACS) ocupam lugar estratégico no Sistema Único de Saúde (SUS). Este artigo objetiva analisar disputas quanto ao trabalho das ACS no contexto da pandemia de Covid-19, assim como experiências voluntárias análogas, refletindo sobre o futuro da profissão. Trata-se de uma pesquisa qualitativa de caráter analítico cujos dados são documentos e posições públicas de diversos sujeitos. As representações sindicais evocam a necessidade de capacitação e trabalho em home office. Gestores direcionaram o trabalho para o interior dos serviços e para ações de vigilância e não ofereceram apoio ao trabalho comunitário e de educação em saúde. Experiências de agentes voluntários apontam a importância de mais ACS no SUS e valores de solidariedade. Apresentam-se síntese das práticas, legitimidade e formação, indicando avanços e desafios da profissionalização.
RESUMO Este artigo teve por objetivo sistematizar e analisar a literatura que aborda o trabalho das Agentes Comunitárias de Saúde (ACS) no enfrentamento da pandemia de Covid-19. Trata-se de uma revisão de escopo, realizada na Embase, Lilacs, SciELO, Medline e Cochrane Library. Envolve publicações no período de janeiro a dezembro de 2020, tendo os estudos selecionados sido submetidos à análise, considerando as seguintes categorias: práticas, formação, condições de trabalho e legitimidade. Foram incluídos 29 estudos na revisão cujo cenário de atuação das ACS foram países da África, América do Sul, América do Norte, Ásia e Europa. Os resultados revelaram enfoques diversificados de práticas nos países estudados que envolvem ações de cuidado, vigilância, comunicação e educação em saúde, práticas administrativas, articulação intersetorial e mobilização social. A formação recebida parece não corresponder ao rol de práticas e impacto esperado do trabalho das ACS. As condições de trabalho continuam precarizadas com alguns incentivos extras sendo ofertados em diferentes cenários. O reconhecimento e a legitimidade perante as autoridades sanitárias revelam a disputa em torno do próprio rumo dos modelos de atenção à saúde e abrangência dos sistemas de proteção social nos diversos países.
RESUMO Estudos de análise de conjuntura no campo da saúde coletiva têm ganhado espaço, contribuindo para sistematizar elementos da realidade e traçar cenários possíveis para uma melhor atuação na arena política. Embasado no materialismo histórico e dialético, este ensaio busca analisar a conjuntura política brasileira do golpe de 2016 à pandemia de Covid-19. O ensaio está estruturado em três seções: a primeira reconhece a importância de pensar o passado para se compreender o futuro, bem como as forças mobilizadoras e ameaçadoras do Sistema Único de Saúde (SUS); a segunda traça um perfil do projeto ultraneoliberal imposto à política de saúde frente ao golpe jurídico-midiático-parlamentar de 2016 e a eleição do presidente Jair Bolsonaro, em 2018, cuja moeda de troca englobou a redução da seguridade social; a terceira seção discute como a pandemia da Covid-19 foi conduzida pelo governo federal e entes subnacionais, assim como a atuação da sociedade civil e política organizada. Nas considerações finais, apresentam-se os desafios das forças progressistas para o ano eleitoral de 2022 e para sustentabilidade de um possível governo popular que garanta o direito universal à saúde, sendo este parte do desafio maior de retomada e garantia da própria democracia.
RESUMO Objetivos: verificar a associação entre as características sociodemográficas e reprodutivas com a autonomia reprodutiva das trabalhadoras rurais. Métodos: estudo transversal, com amostra de 346 mulheres e aplicação da Escala de Autonomia Reprodutiva. Foi realizada regressão multinomial para análises de associações entre as variáveis independentes e desfechos. Resultados: na análise das subescalas “Tomada de decisão”, “Meu parceiro sexual ou alguém da família tem mais a dizer”, “Eu e meu parceiro sexual” e “Eu decido”, as mulheres experimentaram maior autonomia reprodutiva em relação aos parceiros. Para os desfechos “Decisão sobre qual método utilizar”, “Quando ter um bebê” ou “Sobre gravidez não planejada”, as maiores prevalências foram para a categoria “Eu decido”, com associações estatisticamente significante. Conclusões: as características sociodemográficas e reprodutivas entre mulheres mais vulneráveis, tratando-se do contexto social, econômico e cultural que estão inseridas, podem estar associadas a maiores dificuldades para exercerem a autonomia reprodutiva.
São inegáveis as iniquidades envolvidas diretamente nos modos de nascer, viver, adoecer e morrer da população do campo. Para analisar a acessibilidade ao cuidado em saúde desse povo, consideramos quatro barreiras pertinentes à acessibilidade aos serviços de atenção básica: as geográficas, organizacionais, financeiras e de informação. O estudo objetivou evidenciar as barreiras de acessibilidade à atenção básica pela população de um assentamento em Pernambuco, Brasil, sob a perspectiva de assentadas, profissionais e gestão. Trata-se de uma pesquisa descritiva, transversal, qualitativa, do tipo caso único realizada em um assentamento de reforma agrária pernambucano e na unidade de saúde da família responsável pela assistência desse território. Um representante da gestão municipal em atenção básica foi entrevistado e dois grupos focais foram realizados, um com as assentadas e outro com os profissionais de saúde da equipe de saúde da família. Para a análise dos dados utilizou-se o método do Discurso do Sujeito Coletivo. As barreiras de acessibilidade geográfica evidenciaram distância entre unidade e assentamento sem a garantia de um transporte; as barreiras organizacionais expuseram alta demanda de usuários e estrutura física precária; as barreiras financeiras demonstraram ameaças do novo financiamento e condições socioeconômicas precárias da população; e as barreiras de informação revelaram a escassez da educação permanente e o preconceito associado às lacunas de comunicação entre profissionais e assentados. Ante às inúmeras barreiras de acessibilidade e suas consequências para a população do estudo, cabe avançar na adequação da atenção básica, com vistas a ampliar o acesso às necessidades de saúde evidenciadas.
Introdução: Desde o início da década de 90, foi proposto que infecções orais, como a periodontite, poderia ser reservatório infeccioso e também interferir nos resultados da gravidez. Diante dessa perspectiva, o objetivo desse trabalho foi analisar a influência da periodontite nas complicações obstétricas. Metodologia: Foi realizada uma busca eletrônica no Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), PubMed® e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), para a realização do referido levantamento, utilizou-se os descritores:” ChronicPeriodontitis, Adverse PregnancyOutcome, Pretermbirth, Perinatal Mortality”. Resultados: Embora exista vários estudos que correlacione os problemas obstétricos e neo-natais aos processos inflamatórios causados pela periodontite durante o período gestacional, muitos aspectos ainda não são compreendidos, não permitindo concluir com segurança o elo entre periodontite e complicações uterinas/fetais. Conclusão: Estudos posteriores deverão ser realizados a partir da integração das variáveis sociais, econômicas e culturais das gestantes como pontos influenciadores da pré-disposição das doenças periodontais e de problemas gestacionais e neonatais.
To analyze whether the FokI polymorphism (rs228570) present in the vitamin D receptor gene in type 2 diabetics is related to chronic periodontitis's clinical status and evaluates the influence of chronic periodontitis on the perception of quality of life. Material and Methods: It is a clinical and laboratory study, composed of a sample of 59 individuals with previous diagnosis of type 2 Diabetes Mellitus and chronic periodontitis, of both sexes. On clinical examination, socio-epidemiological data and quality of life of patients with the Oral Health Impact Profile (OHIP-14) were recorded and a periogram was performed. Subsequently, saliva was collected spontaneously in sterile Falcon tubes (15 ml) and stored in the freezer at -20 °C. The purification of the genetic material was done with a PROMEGA kit (Wizard ® ), and the polymorphism studied was FokI (rs228570), found in the vitamin D receptor promoting region, with rs: 228570. After extraction of saliva DNA and purification, genotyping was performed by real-time PCR using specific allele probes (TaqMan ® System). Results: The polymorphism of the vitamin D receptor gene was not positively associated with the severity and clinical characteristics of periodontitis, but suggested a relationship with the extent of the disease. Periodontitis also had no positive association with patients' perception of quality of life. Conclusion: The perception of quality of life of patients with chronic periodontitis and type 2 diabetes mellitus was compromised by the systemic condition, secondary to oral health, although some dimensions of OHIP-14 have been more frequently mentioned, such as psychological discomfort, physical pain and physical disability.
Na perspectiva do conceito ampliado da saúde, a família e comunidade parecem contribuir nos processos de saúde-doença dos indivíduos e no seu tratamento, sendo sua compreensão importante para a gestão do cuidado. Assim, objetivou-se compreender, por meio de genograma e ecomapa, fatores que interferem na história da doença de pessoas com diagnóstico de hipertensão arterial, acompanhadas na Atenção Primária à Saúde. O estudo teve a participação de 10 indivíduos, adscritos de uma Unidade Básica de Saúde do município de Recife, classificados e separados em dois grupos, compensado ou descompensado para a condição crônica pesquisada. A coleta de dados fez-se por meio do emprego da História de Vida Focal, analisados de acordo com o Modelo Calgary de Avaliação na Família, e posteriormente as informações foram transportadas para genogramas e ecomapas. No grupo de pacientes compensados para hipertensão arterial sugere-se que as coesões sociais, familiares e comunitárias, demonstradas graficamente pelo ecomapa e genograma, influenciam de forma positiva na história da doença e na sua terapêutica. Ao contrário, no grupo de pacientes descompensados, onde há pouca frequência de equipamentos sociais e relacionamentos em conflitos ou cortados, esses aspectos contribuem de alguma forma para um pior controle da condição crônica.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
334 Leonard St
Brooklyn, NY 11211
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.