Resumo: O objetivo deste artigo é refletir sobre a historicidade das formas disciplinares, investigando os critérios que balizaram as condições de emergência da disciplina histórica, assim como seus atuais (possíveis) esgotamento e crise. Em uma conjuntura em que a cultura histórica se difunde por meio de diferentes mídias, nas quais se valoriza muito mais a fragmentação e a pluralização, via memória, do que uma homogeneização, via história disciplinar, torna-se importante investigar os modos pelos quais os historiadores hoje redefinem sua identidade, enfrentando esse encontro entre a tradição disciplinar e as demandas contemporâneas.
Tradição crítica e crítica da tradição: as fortunas da ars historica Rodrigo Turin ro que, nascido na antiguidade, assumiu um formato bem definido em meados do século XVI graças a autores como Francesco Patrizi, Jean Baudouin, Jean Bodin e Johannes Wolf-cuja publicação de uma influente antologia, intitulada Artis historicae penus (1579), daria ao gênero sua forma canônica. a reconstrução dessa tradição "eclipsada", mas não sem efeitos para a crítica histórica moderna, tem o duplo mérito de contribuir para a historicização da escrita da história-escapando, portanto, de sua naturalização e dos esquecimentos provocados por uma "memória disciplinar"-, assim como para a produção de uma história intelectual que não se reduza a falsas oposições como "leitura externa" e "leitura interna", destacando os diferentes contextos nos quais as obras se inserem.
O artigo analisa a formação do ethos que modelou o trabalho de escrita do historiador oitocentista a partir de três topoi que se tornaram recorrentes nos textos historiográficos do século XIX: a sinceridade, a cientificidade e a utilidade. Estes elementos fizeram parte da formalização da prática historiográfica, indo ao encontro do tipo de relação estabelecida entre o historiador, a história e o projeto de nação que se procurava instaurar. Após um breve retorno à tradição historiográfica imperial, tomando como exemplos von Martius e Varnhagen, procuro delimitar algumas continuidades e rupturas no modelo de enunciaçãohistórica de Sílvio Romero.
RESUMO Nas últimas décadas, as reflexões em torno da temporalidade passaram a ocupar um lugar de destaque na agenda de pesquisas historiográficas. O objetivo deste artigo é, justamente, propor um exercício de leitura, expresso em uma breve análise comparativa, de duas propostas teóricas que têm encontrado ressonâncias nessa agenda: a de François Hartog, centrada nas categorias de "regimes de historicidade" e de "presentismo"; e a de Hans Ulrich Gumbrecht, centrada principalmente nas categorias de "cronótopo", "presente lento" e "latência". Ainda que essas categorias apareçam por vezes intercambiadas em alguns textos e debates, elas guardam diferenças importantes, tanto no que diz respeito aos seus pressupostos epistemológicos (ou ontológicos) e alcances heurísticos, como nas formas de encaminharem seus diagnósticos e prognósticos das experiências contemporâneas, incidindo em duas posturas disciplinares e éticas distintas. Palavras-chave: Teoria da História; temporalidade; historiografia.
ABSTRACTIn the past few decades, reflections on the subject of temporality have come to stand out in the historiographic research agenda. This paper aims to perform a comparative analysis of two theoretical proposals which have found repercussions in that agenda: François Hartog's, which concentrates in the categories of "historicity regimes" and "presentism," and Hans Ulrich Gumbrecht's, mainly focused on the categories of "chronotope," "slow present," and "latency." Although these categories are sometimes used interchangeably in some texts and debates, they yield important differences, regarding their epistemological (or ontological) foundations and heuristic scope, as well as the manner in which they deliver their diagnosis and prognosis of contemporary experiences, resulting in distinct disciplinary and ethical stances.
Resumo: O objetivo deste artigo é investigar algumas formas através das quais a tradição clássica se tornou presente no Brasil oitocentista. Mais especificamente, a partir da investigação sobre as formas e os usos da antiguidade greco-romana no Colégio Pedro II, nas suas primeiras décadas de funcionamento (entre 1837 e 1860), procura-se reconstituir a apropriação de determinadas narrativas sobre a experiência política romana e suas atualizações em debates oitocentistas. Palavras-chave: Tradição clássica. Historiografia. Nação.
Resumo: Este estudo discute a construção, no século XIX, de uma narrativa que retoma o topos clássico do "retorno do herói", com base no romance O coronel Chabert (Le colonel Chabert), de Honoré de Balzac. A obra balzaquiana foi analisada na chave do conceito de aemulatio, buscando perceber as apropriações que o autor faz da poesia épica Odisseia, de Homero. Abstract: This article discusses a narrative that reclaims the classic topos of the "hero's return", built on the XIX century based on the work of Honoré de Balzac, Le colonel Chabert. The balzachian novel is analyzed on the key concept of aemulatio, as to distinguish what the author has appropriated from Homero's epic, Odyssey. A odisseia de Chabert Tanto a historiografia literária como a historiografia da cultura têm analisado a relação entre antigos e modernos sob a luz da topologia, ou seja, a partir de topoi literários que, constituídos na antiguidade, são retrabalhados quando da constituição moderna da literatura, no século 1 Este artigo originalmente foi escrito como um capítulo da Monografia apresentada ao
O artigo investiga, a partir da leitura de alguns romances de Bernardo Kucinski, Julián Fuks, Ricardo Lísias e Michel Laub, as características que compõem duas formas distintas de temporalidade na sociedade contemporânea, marcadas pelas dimensões do trauma e da aceleração.Palavras-chave: temporalidade; trauma; aceleração.
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