Este artigo apresenta resultados de uma pesquisa que teve como foco de análise a problematização dos discursos sobre afeto docente presentes em relatórios de um estágio realizado em turmas de Educação Infantil por 30 acadêmicas de Pedagogia em fase de conclusão do curso. O objetivo do artigo é problematizar como os discursos sobre afeto se constituem enquanto imperativos que inventam e regulam os modos de exercício docente. O campo de estudos no qual se fundamentou a pesquisa foi o dos estudos culturais e dos estudos desenvolvidos por Michel Foucault. A metodologia consistiu na análise do discurso foucaultiana, por meio da qual foram destacadas as regularidades e inflexões presentes nos relatórios. Estes foram escritos a partir de elementos recordatórios, como fotos, planejamentos e demais registros das acadêmicas. A análise evidenciou a assunção da afetividade como um imperativo profissional associado a um processo de generificação da docência. A partir da pesquisa, concluiu-se que os significados do afeto no exercício da docência só existem como resultados inacabados de processos que tratam de nomeá-lo e conformá-lo. Por essa razão, se for assumida a perspectiva de que os discursos que tomam o afeto como imperativo docente presentes nos relatórios analisados são produzidos pelas práticas sociais, pelas relações de poder e pelo tipo de lógica disciplinar que os operacionaliza, é possível desnaturalizá-los e reinventá-los, experimentando outros modos de agir e de pensar o exercício da docência na Educação Infantil.
RESUMO: O artigo apresenta resultados de uma pesquisa que, a partir dos estudos de Michel Foucault, problematiza os modos como as crianças são significadas como capital humano em documentos produzidos por analistas econômicos, os quais servem de referência aos países em desenvolvimento para a proposição de políticas de Educação Infantil. Para tanto, são tomados como materialidade investigativa os seguintes documentos produzidos pelo Banco Mundial: 1) Como investir na primeira infância: um guia para a discussão de políticas e a preparação de projetos de desenvolvimento da primeira infância; 2) Educação Infantil: programas para a geração mais importante do Brasil. Na análise opera-se com a noção de governamentalidade enquanto ferramenta conceitual. É possível, então, inferir que o argumento central presente nos documentos é o de que intervenções educacionais precoces qualificam o capital humano da criança pobre e elevam a produtividade do futuro trabalhador, constituindo, assim, o cidadão do futuro.
Experiências que se vinculam a gênero e sexualidade são vivenciadas por crianças pequenas quando sobre elas já são constituídas expectativas com relação às suas identidades sexuais e de gênero. A partir das contribuições dos Estudos Culturais e dos Estudos de Gênero, de viés pós-estruturalista, o presente artigo tem como principais objetivos: 1) problematizar a forma como as questões de gênero e sexualidade sãocolocadas em políticas curriculares propostas para a Educação Infantil; 2) discutir o modo como professoras percebem o trabalho com essas questões na escola. Os resultados mostraram que, de algumas décadas para cá, tem havido a inserção das temáticas de gênero e sexualidade em políticas públicas e curriculares, mas ainda de modo incipiente. Além disso, apontaram para a necessidade de haver um maior investimento na formação de quem atua na Educação Infantil para que efetivamentehaja a promoção de práticas educativas não discriminatórias.
RESUMONos regimes de implementação das políticas curriculares contemporâneas, noções como competências socioemocionais, habilidades do século XXI, paradigma holístico, currículo socioemocional e abordagem transversal tornaram-se recorrentes nos debates educacionais mobilizados pelos diferentes sistemas de ensino. O presente artigo é decorrente de uma pesquisa que, a partir do campo de Estudos das Políticas de Currículo, tem como objetivo problematizar a difusão de um modelo contemporâneo de currículo socioemocional que toma os estudantes como capital humano a ser investido. Para tanto, definiu-se como corpus de análise do artigo um modelo de currículo socioemocional colocado em ação no Rio de Janeiro, no qual são examinados: a) as racionalidades governamentais que operam na implementação do currículo; b) os sentidos de conhecimento escolar e formação humana engendrados na trama discursiva curricular. O artigo apresenta, então, um diagnóstico das articulações entre infância, escolarização e neoliberalismo. A seguir, discute alguns desdobramentos subjetivos da teorização contemporânea nomeada como Big Five, analisando a promoção de um modelo de currículo socioemocional colocado em ação no Rio de Janeiro. Por fim, a partir das análises, infere que a indústria educacional contemporânea, motivada pelo imperativo de investimento econômico em educação, tem planejado tecnologias que operam no mapeamento e na tentativa de potencialização das competências socioemocionais dos alunos, tendo em vista sua qualificação enquanto capital humano.Palavras-chave: políticas curriculares; currículos socioemocionais; competências socioemocionais; capital humano. ABSTRACTIn the implementation programs of contemporary curriculum policies, concepts such as socioemotional skills, 21 st century abilities, holistic paradigm, socioemotional curriculum and transversal approach have become recurrent in educational debates mobilized by different education systems. This article results from a research that, from the field of Studies on Curriculum Policies, aims to discuss the diffusion of a contemporary model of socioemotional curriculum that takes students as human capital in which to invest. To this end, for the article, it was defined as an analytical corpus the socioemotional curriculum model put into action in Rio de Janeiro, in which are examined: a) government rationality operating in the implementation of the curriculum; b) the senses of school knowledge and human development engendered in the curriculum discourse network. The article then presents a diagnosis of links between childhood, school education and neoliberalism. After that, it discusses some subjective unfolding of the contemporary theorization named Big Five, analyzing the promotion of a socioemotional curriculum model put into action in Rio de Janeiro. Finally, from the analyses, it infers that the contemporary educational industry, driven by the imperative of economic investment in education, has planned technologies operating in mapping and trying to enhance socioemotional...
A emergência da cultura do fitness na contemporaneidade mostra-se como um espaço discursivo que se espraia, produzindo certa memória social. A partir dessa percepção, questionamos: quais são as condições de emergência do espraiamento da cultura do fitness? Para pensar essas condições, utilizamos alguns dos rastros históricos de emergência de inspiração foucaultiana, o que nos conduziu na construção teórico-metodológica do artigo. Apontamos como resultados que: os discursos fitness se gestam na linguagem contemporânea por relações de saber-poder da positividade da vida e dos corpos; a biopolítica, por meio da operação dos argumentos da produção muscular (exercício corporal), cria-produz “efeitos de verdades” associados ao desenvolvimento do capitalismo e do consumo, o que tem gerado uma nova economia política do discurso do fitness, valendo-se de um lugar moral identitário – ser fitness, em um trabalho sobre si, testemunha de valores de vigor, saúde, força de vontade, controle.
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Resumo O artigo é decorrente de uma pesquisa situada no campo dos Estudos da Criança e nas contribuições das Pesquisas sobre Transições, cujo objetivo central é o mapeamento e a discussão de transições cotidianas ocorridas nos modos de ser e de viver de bebês e crianças bem pequenas na creche. Conceitualmente, as transições cotidianas são entendidas como aprendizagens socioculturais que exigem e/ou geram mudanças na vida de bebês e crianças bem pequenas no contexto institucional. Isso significa que são aprendizagens relativas aos modos como as crianças lidam com o tempo, habitam o espaço, relacionam-se com os seus pares e utilizam artefatos partilhados socialmente durante a jornada na creche. Metodologicamente, trata-se de uma pesquisa com crianças, de inspiração etnográfica, na qual foram adotados a observação, o diário de campo e o registro fotográfico e fílmico enquanto estratégias de geração de dados. A pesquisa foi realizada com 10 crianças de 0 a 2 anos em uma Escola Municipal de Educação Infantil. Por meio dos dados gerados, o artigo focaliza especificamente as transições referentes à forma como as crianças habitam os espaços, relacionam-se com seus pares e utilizam os talheres durante os momentos de alimentação. Com as análises, é possível inferir que as transições cotidianas estão vinculadas aos aprendizados socioculturais que ocorrem por meio da participação guiada das crianças em eventos diários da escola, do convívio com os coetâneos, dos desafios enfrentados e do suporte e estrutura recebidos das professoras a partir de um planejamento que combina previsibilidade com flexibilidade.
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