RESUMO:Este trabalho tem como objetivo apresentar reflexões acerca da cartografia, método de pesquisa fundamentado nas ideias de Gilles Deleuze e Félix Guattari, e que vem sendo utilizado em pesquisas de campo para o estudo da subjetividade. Inicialmente, são apresentados os métodos de pesquisa em Psicologia, baseados no paradigma moderno, que possui como sustentáculos a razão, a objetividade e a busca da verdade. Em um segundo momento, discutimos a complexidade e os impasses atuais da Psicologia, que convocam a necessidade de novos métodos, dentre eles a cartografia. Concluímos que, em uma tentativa de lidar com a complexidade, a cartografia, a partir de uma leitura esquizoanalítica da realidade, sustenta-se na invenção e na implicação do pesquisador, religando a pesquisa com a vida.PALAVRAS-CHAVE: metodologia de pesquisa; cartografia; complexidade; esquizoanálise; subjetivação. CaRtOGRaPHY aNd RElatIONSHIP BEtWEEN RESEaRCH aNd lIFE ABSTRACT:This article intends to present some reflections on cartography, a research method, based on Félix Guattari and Gilles Deleuze's idea, which has been used in field researches in the context of subjectivity studies. Initially, some methods of research used in Psychology are presented based upon the modern paradigm, sustained by reason, objectivity and truth investigation. after that, we discussed the complexity and the Psychology's contemporary dilemma that demands the necessity of other methods, among them the cartography. We concluded that, in an attempt to deal with the complexity, the cartography, based on a squizoanalytical point of view, supports itself on the invention and on the researcher's involvement, connecting research and actual life.KEYWORDS: research methodology; cartography; complexity; schizoanalysis; subjectivation. O Paradigma Moderno e a Psicologiaas ciências surgem no Ocidente, favorecendo a migração do polo religião, central nas sociedades tradicionais, para o polo razão, sustentáculo da chamada Modernidade. Nesse deslocamento, a ciência, criada pelo homem, determinista, matematizada e fundamentada em leis, apropria-se do lugar central da sociedade, ocupado por Deus, uma vez que os fenômenos naturais e sociais eram apreendidos, até então, por explicações divinas. Baseada em esquemas de eficácia e rendimento, conquista um espaço absoluto, impondo-se como força hegemônica na cultura ocidental moderna, relegando ao descrédito e ao esquecimento todos os outros saberes que não estão em consonância com seus pressupostos básicos, a saber: objetividade, causalidade, sistematização e produtividade. Permite, assim, um avanço progressivo da ação do homem sobre a natureza, proporcionado pela primazia da razão.Vale lembrar que, conforme Veiga-Neto (2002), o paradigma da ciência moderna encontra-se calcado na razão, na consciência, no sujeito soberano, no progresso e na totalidade do mundo 1 . Nesse sentido, notamos inicialmente uma grande ascensão das ciências exatas e naturais, que estavam de acordo com os pressupostos desse momento histórico, pois é nelas que se ...
Resumo: O presente artigo pretende trabalhar com o conceito de clínica psicológica e tenta definir esse campo de atuação do psicólogo através de uma análise histórica do surgimento dessa prática e de uma reflexão sobre os limites do modelo de clínica como prática individual de consultório, em contraposição a um modelo de clínica chamada social, que sustenta novas atuações no campo da Psicologia, no Brasil. Assim, iremos, primeiramente, buscar as origens etimológicas, históricas e reflexivas do termo clínica. Em seguida, pretendemos refletir sobre as articulações entre a Psicologia e o individualismo moderno, e, ainda, sobre os limites da clínica entendida como prática liberal, privada e individualizante. Por fim, defenderemos, para além da cisão entre clínica e política, presente no modelo tradicional, uma definição de clínica social como prática ética e política das intervenções, comprometida com a promoção da saúde e engajada na realidade social brasileira. Palavras-chave: Psicologia clínica, individualismo, escuta, clínica social.Abstract: This article intends to work with the clinical psychological concept trying to define the psychologist field across a historical analysis of the beginning of this practice and a reflection about the model limits of clinic as an individual practice at the office, in opposite to a model of clinic called social, that supports new performances on the Psychology field in Brazil. First, we will look for the etymological, historical and reflexive origins of the term clinic. Then, we intend to reflect about the articulations between Psychology and the modern individualism and the limits of the clinic understood as a liberal and private practice. In the end, we will defend beyond the division between clinic and politics, in the tradicional model, a definition of social clinic as a political and ethical position of interventions engaged with the promotion of health and with the Brazilian social reality.
RESUMOPara analisar a implicação na pesquisa-intervenção institucionalista, aprofundo o conceito na Análise Institucional de René Lourau e na Esquizoanálise de Gilles Deleuze e Félix Guattari, buscando disjunções e interfaces entre eles. Essas vertentes visam ao questionamento das relações de poder e ao incremento da produção coletiva, mas partem de pressupostos distintos acerca da instituição e da intervenção. Se, por um lado, a Análise Institucional, embasada conceitualmente na dialética hegeliana, utiliza dispositivos analisadores para fazer surgir o instituinte, por outro lado, a Esquizoanálise fundamenta-se na imanência para liberar a invenção, por meio de práticas singulares, favorecendo a micropolítica. Nesse contexto, a implicação é um conceito intercessor, que instaura uma desestabilização dessas vertentes cujos efeitos tentam recuperar o coletivo e a singularidade das redes de relações construídas, seja a partir das contradições entre instituído e instituinte, seja a partir dos agenciamentos e da exterioridade.Palavras-chave: metodologia de pesquisa; pesquisa-intervenção; implicação; institucionalismo. RESUMENPara analizar la implicación en la investigación -intervención institucionalista, profundizo el concepto en el Análisis Institucional de René Lourau y en el Esquizoanálisis de Gilles Deleuze y Félix Guattari, buscando disyunciones e interfaces. Esas vertientes están destinadas al cuestionamiento de las relaciones de poder y al incremento de la producción colectiva, pero parten de presupuestos distintos acerca de la institución y de la intervención. Si por un lado el Análisis Institucional, está basado conceptualmente en la dialéctica hegeliana, utiliza dispositivos analizadores para hacer surgir el instituyente, por otro lado el Esquizoanálisis se fundamenta en la inmanencia para libertar la invención, a través de prácticas singulares, favoreciendo la micro-política. En ese contexto, la implicación es un concepto intercesor, que instaura una desestabilización de esas vertientes cuyos efectos intentan recuperar el colectivo y la singularidad de las redes de relaciones construidas, ya sea a partir de las contradicciones entre instituido e instituyente, o ya sea a partir de las agencias y de la exterioridad.Palabras clave: metodología de investigación; investigación-intervención; implicación; institucionalismo. AbSTRACTThis paper analyses the concept of implication in the institutionalist intervention-research. In order to do so, it deepens this concept under Rene Lourau' theory of Institutional Analysis and that of Gilles Deleuze and Felix Gattari of Schizoanalysis, searching for disjunctions and interfaces between them. These approaches are aimed at questioning the power relations and the development of collective production, but start from different assumptions over institution and intervention. If, on one hand, Institutional Analysis, conceptually based on the Hegelian dialectic, uses analyzers devices to bring up the instituent, on the other hand, Schizoanalysis is based on the immanence to relea...
RESUMO.Este ensaio, elaborado a partir das reflexões da autora, tem como objetivo discutir as noções de vulnerabilidade e risco social que integram os documentos do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), enfocando os efeitos que emergem do uso dessas noções no cotidiano dos profissionais em suas intervenções com as famílias. Nesse contexto, problematizam-se os riscos presentes nessas conexões que podem tornar os profissionais vulneráveis e cujo desconhecimento pode diminuir a capacidade das equipes e também o protagonismo e a autonomia das famílias. São eles o risco da psicologização, o risco da desqualificação, o risco da sobrecarga das mulheres e o risco da ressonância da vulnerabilidade. Concluí-se que o maior risco é o risco de maltrato à vida que se sustenta em atuações que podem encobrir práticas morais e resultar em relações de tutela e de assujeitamentos, impedindo relações de cuidado que se efetuam na intercessão, no encontro entre modelos e forças, permitindo a consolidação do SUAS de forma potente. Palavras-chave: Políticas públicas; vulnerabilidade; intervenção social. PROBLEMATIZING THE CONCEPTS OF VULNERABILITY AND SOCIAL RISK IN THE WORK ROUTINE OF THE SUAS (BRAZILIAN UNIFIED SOCIAL ASSISTANCE SYSTEM)ABSTRACT. This essay, composed from the author's reflections, aims to discuss the notions of vulnerability and social risk that integrate documents of the SUAS [Sistema Unificado de Assistência Social (Brazilian Unified Social Assistance System)], focusing on the effects that emerge from the use of such notions in the professionals' work routine, in their interventions with famili es. In this context, it discusses the risks present in these connections, which may make professionals vulnerable, and how the unawareness of them may impair the ability of the teams as well as the protagonism and autonomy of families. The risks are named as follows: risk of psychologization, risk of disqualification, risk of overloaded women and risk of resonance of vulnerabilities. We conclude that the biggest risk is the risk of life abuse, which is supported by actions that may cover moral practices and result in relations of tutelage and subjection, preventing relations of care that are established in the intersection, in the encounter between models and forces that allow the consolidation of the SUAS in a powerful way.
RESUMO A complexidade da realidade social, a pluralidade dos fenômenos subjetivos, a progressiva demanda de contribuição efetiva da academia com a vida cotidiana são indicadores da provisoriedade das respostas encontradas pela ciência. Nesse contexto, este trabalho apresenta um debate acerca das possíveis contribuições que as metodologias de pesquisa participativa trazem aos estudos da subjetividade, sustentando a argumentação contra os reducionismos do pensamento científico hegemônico na modernidade em três de seus mais ferrenhos críticos-o romancista Dostoiéviski, o filósofo Nietzsche e o sociólogo René Lourau. Problematiza os limites que as pesquisas tradicionais oferecem à produção de conhecimentos para discutir algumas diferenças e aproximações entre a modalidade da pesquisaintervenção e as abordagens cartográficas. Ao colocar problemas que buscam o coletivo de forças de cada situação investigada, essas abordagens alteram o modo de conceber a pesquisa e o encontro do pesquisador com seu campo, abarcando a complexidade e a processualidade. O conhecimento emerge do plano de forças que compõe a realidade ora atuando para o estabelecido, ora operando agenciamentos produtivos que trazem o novo.
RESUMO. Esse texto aborda os resultados de uma pesquisa qualitativa financiada pela FAPEMIG/PUC-Minas que tem como objetivo investigar os efeitos do método "canguru" na relação entre mãe e bebê prematuro. A pesquisa de campo teve seus dados coletados através de entrevistas semiestruturadas junto às mães de bebês prematuros egressas do programa Canguru da Maternidade Municipal Aideé Conroy Espejo, de Betim. Utilizamos a análise de conteúdo por categorias temáticas para a análise dos dados. Os resultados apontam a complexidade da maternidade no interior da prematuridade, atravessada pela vivência de trauma, pelo medo de perder o bebê, pela visão da fragilidade da criança. Nesse contexto, o programa mãe-canguru possibilita efetivamente a conexão entre mãe e bebê prematuro, colaborando para a vinculação da díade. Concluímos ainda que a mãe, os familiares e a equipe podem constituir um ambiente facilitador a partir do momento em que assumam uma postura ativa na mediação da relação do prematuro com o mundo.
Relações macRopolíticas e micRopolíticas no cotidiano do cRas Relaciones macRo-políticas y micRo-política en el día a día del cRas the macRopolitics and micRopolitics Relations in the daily life at cRashttp://dx.doi.org/10.1590/1807-03102015v28n1p151 Roberta carvalho Romagnoli pontifícia Universidade católica de minas Gerais, Belo horizonte/mG, Brasil ResumoEste artigo coloca em discussão as relações entre a macropolítica e a micropolítica no cotidiano de trabalho da equipe profissional que atua na Proteção Social Básica do Sistema Único de Assistência Social (SUAS). Tal discussão se fundamenta nos resultados parciais da pesquisa financiada pelo CNPq/FAPEMIG que tem como objetivo analisar as relações no território de um Centro de Referência em Assistência Social (CRAS) em Belo Horizonte, enfatizando o modo de gestão do trabalho social entre a equipe e com as famílias. O presente estudo tem a pesquisa-intervenção como metodologia e as ideias de Deleuze e Guattari como marco teórico. A partir das assembleias, das entrevistas semiestruturadas e das restituições realizadas com a equipe, concluímos que a relação macropolítica e micropolítica é imanente e emerge em pontos como visão da política, sobrecarga do trabalho, intersetorialidade, relação com o território e importância do coletivo. palavras-chave: assistência social; pesquisa intervenção; proteção social básica; intervenção social. ResumenEste artículo objetiva poner en cuestión las relaciones macro-políticas y micro-políticas no día a día de trabajo del equipo de profesionales del CRAS con actividad en la Protección Social Básica del Sistema de Asistencia Social (SUAS). Tal discusión se basa en los resultados parciales de la investigación financiada por el CNPq / FAPEMIG que tiene como objetivo analizar las relaciones en el territorio de un Centro de Referencia para la Asistencia Social (CRAS) , en Belo Horizonte, con enfoque en el modo de gestión del trabajo social entre el equipo y con las familias. La metodología del estudio es la pesquisa intervención e su marco teórico es las ideas de Deleuze y Guattari. De las asambleas, de las entrevistas semiestructuradas y de las restituciones realizadas con el equipo, llegamos a la conclusión de que relación macro-política y micro-política es inmanente y aparece en puntos como la política, la sobrecarga de trabajo, la intersectorialidad, la relación con el territorio y la importancia de lo colectivo. palabras clave: asistencia social; pesquisa intervención; protección social básica; intervención social. abstRactThis article discusses the relationship between macropolitics and micropolitics in the daily work of the professional team that acts in the basic social protection of the Unique Social Assistance System (SUAS). This discussion is based on the partial results of the research funded by CNPq / FAPEMIG. The research aims to analyze relationships in the territory of a Reference Center of Social Assistance (CRAS) in Belo Horizonte, emphasizing the management style of social work between staff and with families. Thi...
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
334 Leonard St
Brooklyn, NY 11211
Copyright © 2023 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.