Authoritarian leadership is a challenge for organizational analysis. The perplexity regarding how we have accepted its occurrence various times throughout history runs through the thinking of intellectuals such as Adorno, Habermas, Sloterdijk, and Arendt. A complementary way of studying it is through literature. Literature has enormous potential for interpreting the world and, given the creativity of its authors, it can deal with complex themes, characters, and events, with a freedom that, due to its methodological rigor, science often does not allow. As organizations are also constituted discursively, the textual elements of literature give us an epistemological freedom, enabling analyses that can address traditional organizational topics, such as leadership, in another way. This theoretical essay proposes to use a classic of literature, the novel Moby-Dick , to conduct a critical discourse analysis, based on Norman Fairclough, of the neoliberal-authoritarian monomaniac leadership of Paulo Guedes, the Minister for the Economy of Jair Bolsonaro’s government. The objective is to demonstrate the potential and richness of using literature combined with discourse analysis to understand organizational phenomena. The interpretation will be guided by the leadership style of the character Ahab, ship captain of the Pequod, who as a result of his obsession with hunting the giant white sperm whale, Moby Dick, leads his vessel to a tragic end, similar to what has occurred to Brazil due to the hatred toward the State present in Paulo Guedes’ discourses.
O presente ensaio discute a narrativa do administrador-herói que teria como mito fundador a figura de Taylor, tanto para a administração como ciência positiva quanto para o administrador-cientista como seu superagente. Discute-se essa narrativa a partir da natureza do mito e da figura do herói como mitologema de Taylor, dentro de um contexto mais amplo de dogmatização e mitificação da ciência moderna, conforme discutido pelas perspectivas Críticas da Administração. A partir disso, apresenta-se como livros-textos tradicionais de administração reproduzem essa mitologia, dificultando a construção de uma linguagem crítica em administração.
<p>Neste caso de ensino, busca-se problematizar a existência de práticas discriminatórias contra as minorias nas organizações, em particular as mulheres, escondidas sob um pretenso argumento técnico e de geração de resultados. Na organização estudada – que embora pública, portanto burocrática na sua essência, o que remeteria a uma perspectiva equânime na gestão, padece dos mesmos problemas verificados em outros contextos organizacionais –, mulheres são constantemente discriminadas, sendo objeto de piadas, de aviltamento e, a rigor, de discriminação por serem quem são. O caso trata de situações simultâneas de gravidez de colegas de trabalho, que geraram uma série de desdobramentos que merecem ser problematizados.</p>
Resumo A liderança autoritária é um desafio à análise organizacional. A perplexidade sobre como aceitamos que ela tenha ocorrido diversas vezes na história perpassa o pensamento de intelectuais como Adorno, Habermas, Sloterdijk e Arendt. Uma maneira complementar de estudá-la é por meio da literatura. A literatura possui enorme potencial interpretativo do mundo que, dada a criatividade de suas autoras e autores, consegue trabalhar temas complexos, personagens, eventos, com uma liberdade que a ciência, pelo seu rigor metodológico, muitas vezes não se permite. Como organizações são também constituídas discursivamente, os elementos textuais da literatura nos permitem uma liberdade epistemológica, ensejando análises que consigam abordar temas organizacionais tradicionais, como a liderança, de outra maneira. A proposta deste ensaio teórico é valer-se de um clássico da literatura, o romance Moby-Dick , para a partir dele realizar uma análise crítica do discurso, baseada em Norman Fairclough, da liderança monomaníaca neoliberal-autoritária de Paulo Guedes, ministro da Economia do governo Jair Bolsonaro. O objetivo é demonstrar o potencial e a riqueza do uso da literatura combinada à análise do discurso para a compreensão de fenômenos organizacionais. A interpretação será guiada pelo estilo de liderança da personagem Acab, capitão do navio Pequod, que devido à sua obsessão por caçar a cachalote branca gigante, Moby Dick, conduz sua embarcação a um desfecho trágico, similar ao que vem ocorrendo ao Brasil devido ao ódio ao Estado presente nos discursos de Paulo Guedes.
O consumo é um fenômeno social complexo cuja compreensão envolve tanto questões objetivas quanto subjetivas. As abordagens subjetivas destacam os aspectos irracionais (homo consumericus) e emocionais (homo sentimentalis) do comportamento consumidor, em oposição ao enfoque estritamente racional trazido pela economia neoclássica (homo oeconomicus), em um mundo marcado pelo paradoxo da escassez na abundância. Esse enfoque no homo consumericus ajuda a explicar muitos dos efeitos preocupantes do consumo na sociedade contemporânea. Em um capitalismo neoliberal, desigual e financeirizado, aspectos irracionais do consumo acarretam riscos, especialmente porque todo consumo passa a ser, de alguma forma, consumo financeiro, cuja proteção demanda uma ação do Estado, e a falta dela pode trazer efeitos trágicos como os da crise financeira de 2008. A proteção ao consumo financeiro se estabelece, então, a partir desta crise e do reconhecimento do homo consumericus, como um marco consumerista do século XXI, levando à modificação de órgãos como bancos centrais que passaram a se aproximar deste tema. Isso ocorreu também no Banco Central do Brasil (BC). Com base nessa visão do homo consumericus, cujos elementos estão na economia comportamental e neoinstitucional, analisa-se o ambiente institucional consumerista-financeiro do Brasil, destacando o papel do BC no complexo arranjo de proteção dado pelo Sistema Nacional de Defesa do Consumidor (SNDC), que combina órgãos de níveis variados e naturezas diferentes. Conclui-se que, nesse ambiente complexo, está-se diante de um desafio regulatório particular que deve tentar evitar conflitos (horizontais e verticais) entre as várias entidades envolvidas na proteção ao consumidor financeiro.
Resumo A partir da crítica à racionalidade instrumental, baseada em Weber, Habermas e Arendt, busca-se analisar, por meio de entrevistas das lideranças envolvidas na criação do Banco Central do Brasil (BCB), a tensão entre política e técnica na sua formação como burocracia. A pesquisa, de história oral, foi feita com base em entrevistas realizadas pelo CPDOC/FGV, publicadas em 2019, em 25 volumes da “Coleção História Contada do Banco Central do Brasil”, com lideranças que participaram da criação do BCB. Identificou-se, por meio das entrevistas, um discurso de rejeição à política em geral e de aversão às políticas de esquerda em específico, além da sagração da técnica ensejando uma visão tecnocrática do BCB, órgão que é tido como insulado burocraticamente, mas, no qual apenas uma técnica seria possível: a liberal-econômica de matriz neoclássica. Essas duas dimensões se combinam para estabelecer uma posição de sujeição da política à técnica em que até mesmo a democracia pode ser sacrificada para que se aproveitem oportunidades de implantação de uma determinada agenda técnico-econômica. Há indícios, portanto, de uma instrumentalidade da razão nas manifestações das lideranças do BCB, ao oporem técnica versus política, o que pode acarretar um processo de banalização do mal tal qual criticado por Arendt, sobretudo, ao enxergar regimes de exceção no país como meras oportunidades de criação do BCB e de implantação de uma agenda liberal-econômica. Essa perspectiva transforma a técnica em um entrave político, inclusive, com a rejeição ao maior produto de participação política democrática do país, a Constituição de 1988.
Using the critique of instrumental rationality, based on Weber, Habermas and Arendt, we analyze, through interviews of the leaders involved in the creation of the Central Bank of Brazil (BCB), the tension between politics and technique in its formation as a bureaucracy. This oral history research was based on interviews conducted by CPDOC/FGV, published in 2019, in 25 volumes of the "Told History of the Central Bank of Brazil Collection," with leaders who participated in the creation of the BCB. As a result, we identified a discourse of rejection of politics in general and aversion to left-wing policies in particular, in addition to the sacredness of technique, giving rise to a technocratic vision of the BCB, an organization that is seen as bureaucratically insulated, but in which only one technique would be possible: the neoclassical liberal economic view. These two dimensions combine to establish a position of subjection of politics to technique in which even democracy can be sacrificed as an opportunity to implement a certain technical-economic agenda. There are indications, therefore, of an instrumentality of reason in the manifestations analyzed, in pitting technique against politics, which can lead to a process of banalization of evil as criticized by Arendt, especially in seeing regimes of exception in the country as mere opportunities to create the BCB and to implement a liberal-economic agenda. This perspective transforms technique into a political obstacle, including with the rejection of the greatest product of democratic political participation in the country, the 1988 Constitution.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.