RESUMOEste artigo faz uma análise sobre a situação de grilagem de terras ocupadas por populações tradicionais, destacando a participação de movimentos sociais e das famílias locais na construção do processo de resistência, que foi determinante para a criação de uma Unidade de Conservação de Uso Sustentável na região da Terra do Meio, estado do Pará. Foram feitas 23 entrevistas semiestruturadas com famílias residentes na área, que foram foram gravadas e as narrativas transcritas. Na região, as populações tradicionais sempre viveram sob constantes pressões e ameaças aos seus modos de vida e ao direito à terra, seja por seringueiros, fazendeiros, grileiros, posseiros, madeireiros ou especuladores. O cenário de coerção e expropriação de terras desencadeou um processo de lutas e reivindicações, incidindo na criação da Reserva Extrativista Rio Xingu, que visa a garantia do território e manutenção dos modos de vida das famílias locais.Palavras-chave: Amazônia; Expropriação de Terras; Grilagem; Populações Tradicionais; Mosaico de Unidades de Conservação da Terra do Meio.
O objetivo deste artigo é apresentar os resultados da avaliação da Capacidade de Provisão de Serviços Agroecossistêmicos (CSA) aplicada ao estudo de açaizais na Ilha do Capim, Abaetetuba, Pará, Brasil. Foram entrevistadas 30 famílias e avaliados 16 serviços agroecossistêmicos (SA) para três tipos de açaizais: Sistema Agroflorestal de Açaí (SAF), Monocultivo de Açaí (MCA) e Açaí em Mata (AM). Os resultados dos SA de provisão foram superiores para os SAFs em relação aos AMs e MCAs. Para os SA de manutenção e regulação, os AMs e os SAFs tiveram resultados melhores que MCAs. Sobre os SA culturais não houve diferença significativa entre as categorias de açaizais. Para a CSA, os MCAs foram classificados como média capacidade, e os SAFs e os AMs como alta capacidade. Os resultados da adaptação metodológica da CSA podem contribuir com a tomada da decisão das famílias e demais atores interessados na definição de princípios para a manutenção/(re)construção de sistemas de produção sustentáveis.
Os sistemas tradicionais de produção de erva-mate (STPEM), presentes da Floresta Ombrófila Mista do sul do Brasil, se caracterizam como sistemas agroflorestais, cujas raízes se vinculam aos manejos de faxinais e caívas. Considerando a complexidade implícita na abrangência destes sistemas, em dimensões ambientais, econômicas, sociais e culturais, este estudo objetiva analisar o monitoramento inicial e o desempenho dos sistemas tradicionais de produção de erva-mate, em municípios do estado do Paraná, por meio da construção participativa de indicadores. A pesquisa de campo ocorreu em duas etapas: a primeira, a partir do acompanhamento de uma oficina realizada no município de União da Vitória, a qual contou com a presença de agricultores e representantes de diversas instituições vinculadas ao Observatório da Erva-mate em parceria com pesquisadores de universidades. Neste evento, por meio da construção coletiva de um sistema de indicadores acessível e utilizável pelos manejadores dos STPEM, foram criados parâmetros técnicos vinculando conhecimentos científicos aos saberes tradicionais dos agricultores. Este processo permite avaliar a amplitude dos sistemas nas suas principais dimensões, possibilitando o acompanhamento e o monitoramento ao longo do tempo, para futuras comparações relacionadas à evolução dos sistemas. A segunda etapa se refere à aplicação destes macroindicadores em doze famílias de propriedades rurais localizadas em quatro municípios (Inácio Martins, Rebouças, Bituruna e São Mateus do Sul). Os resultados demonstram os pontos fortes e as limitações nos STPEM, destacando-se que os sistemas monitorados contribuem efetivamente com a conservação da Floresta Ombrófila Mista, promovendo benefícios para as propriedades e entorno, como na questão hídrica enfatizada pelos agricultores pesquisados. A efetivação de um sistema de indicadores construído com os atores sociais abre espaços de interlocução com as políticas públicas, considerando as realidades e necessidades locais, muitas vezes conhecidas apenas pelos próprios agricultores e estimulando novas agendas de pesquisa.
Esse texto descreve o processo de migração de uma família nordestina para a Amazônia. A narrativa trazida aqui é uma história baseada na memória desse grupo, ilustrada com fotos do acervo familiar. Os fatos compartilhados no texto são provenientes de depoimentos e diálogos com os membros da família e da vivência dos primeiros autores na região, sendo o primeiro autor membro da terceira geração da família enfocada, acrescidos de observações e vivências do terceiro autor. A obtenção dos dados foi iniciada em novembro de 2020 e finalizada em maio de 2021. O texto está dividido em quatro partes, além da introdução. Depois de uma contextualização, inicia fazendo uma breve descrição da família e da vida no Nordeste, assim como os fatores que influenciaram no processo de tomada de decisão para a migração, os fatos da viagem e da chegada à Transamazônica. Além disso, discute o processo de fixação de moradia e adaptação ao novo bioma, com enfoque especial nas atividades produtivas. Por fim, apresenta a percepção dos participantes sobre o processo migratório e um resumo da saída dos filhos, envelhecimento do casal e venda da propriedade, bem como tece as considerações finais do artigo.
RESUMO: Este trabalho tem como objetivo produzir informações sobre o manejo em sistemas familiares de produção de hortaliças na Comunidade Colônia Nova, Abaetetuba, Pará. Foram entrevistadas, nos meses de abril a julho de 2017, 10 famílias que cultivam hortaliças atualmente na comunidade, com apoio do questionário semiestruturado com perguntas abertas e fechadas, numa perspectiva metodológica do Diagnóstico Rápido Participativo (DRP), que busca, além de colher dados dos participantes, que estes iniciem um processo de auto-reflexão sobre seu próprio contexto, seus problemas e formas de buscar soluções e melhorias, buscando a participação dos atores locais no levantamento de suas próprias demandas. Constatou-se que são cultivadas 15 espécies diferentes, que são utilizadas para consumo e/ou comercialização. Do ponto de vista da gestão da fertilidade do solo foi possível observar a predominância do uso de insumos orgânicos como esterco de galinha e farinha de osso. No que se refere ao controle de pragas e doenças há predominância de uso de produtos químicos, porém há iniciativas recentes que buscam controle alternativo. A comercialização é facilitada pela proximidade dos mercados consumidores, boas vias de acesso e condições de transporte, bem como as feiras da agricultura familiar presentes no território. A produção de hortaliças pode contribuir para ações de desenvolvimento da agricultura familiar no Baixo-Tocantins, sobretudo em condições de transição para uma agricultura sustentável que pode possibilitar melhorias na renda e democratização de alimentos saudáveis.PALAVRAS-CHAVE: Adubação Orgânica, Agroecologia, Amazônia. DIAGNOSIS OF THE PRODUCTION OF VEGETABLES IN THE COLÔNIANOVA COMMUNITY, ABAETETUBA, PARÁ ABSTRACT: The objective of this work is to produce information on the management of family systems for the production of vegetables in the Colônia Nova Community, Abaetetuba, Pará. From April to July 2017, 10 families who grew vegetables in the community were interviewed, with the support of the semi-structured questionnaire with open and closed questions, in a methodological perspective of the Participatory Rapid Diagnosis (PRD). To collect data from the participants, to initiate a process of self-reflection about their own context, their problems and ways of seeking solutions and improvements, seeking the
Por meio deste trabalho foi estudada a percepção e a mobilização de famílias das localidades do Ramal dos Penas e São Raimundo Nonato na Volta Grande do Xingu em relação à construção da hidrelétrica de Belo Monte. Foram feitas 15 entrevistas no período compreendido entre os meses de maio e julho de 2012. Do ponto de vista político a mobilização se deu em função do medo das mudanças de perder o espaço de moradia e de produção, das modificações nas relações sociais existentes na área, do controle da produção do alimento. Essa resistência era dos que foram forçados a sair, e os enfrentamentos ao projeto foram solapados fundamentalmente pela rapidez das transformações socioambientais em decorrência do início das obras. O caso apresentado fornece elementos para o debate sobre projetos e investimento que se realizam na Amazônia e que embora violentos pretendem-se  apaziguadores dos conflitos, pregam a inexorabilidade das obras e a naturalização da expropriação das pessoas sob o pretexto do progresso e do bem comum sobrepondo-se a modos de vida e ampliando injustiças sociais.
Neste trabalho são discutidos elementos do drama vivido em relação ao processo de desterritorialização e da resistência por parte das famílias camponesas das vilas da Ressaca, Ilha da Fazenda e Garimpo do Galo na Volta Grande do Xingu em função da construção da hidrelétrica de Belo Monte e o projeto de Mineração Volta Grande do Xingu. Além do trabalho de observação direta e diálogos frequentes com os moradores foram feitas entrevistas, das quais 11 gravadas, no período compreendido entre os meses de maio e julho de 2012. Foi possível constatar um processo de desterritorialização de consequências drásticas em que as empresas naturalizam as consequências na vida das pessoas sob o argumento de que o objetivo final é o bem comum. Essa manifestação é enfatizada na medida em que o Estado avaliza a reprodução do discurso de que as populações locais são entraves ao desenvolvimento e são justificadas as ações que se sobrepõem aos modos de vida ainda que ampliem os problemas sociais.
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