Uma das ideias mais centrais e talvez menos esclarecidas em arquitetura e estudos urbanos-sobretudo desde o trabalho seminal de Jacobs até as recentes ênfases da economia urbana-diz respeito ao papel da forma arquitetônica na "vitalidade urbana", um conjunto de qualidades sociais e microeconômicas de nossas cidades. Entretanto, edifícios podem realmente afetar seus entornos urbanos? Teriam morfologias distintas efeitos também distintos sobre o que ocorre nos espaços públicos? Este artigo investiga a forma construída como condição da copresença e a atividade social e econômica no espaço urbano-dinâmicas locais com implicações de ampla escala na cidade. Propõe uma abordagem para identificar os efeitos da forma arquitetônica, de modo a distingui-los dos efeitos de outros aspectos da estrutura urbana como a acessibilidade, e verificar de fato sua existência e, se confirmada, sua extensão. A abordagem é aplicada em um estudo empírico em 24 áreas no Rio de Janeiro. Finalmente, o artigo lança os fundamentos de uma teoria probabilística dos efeitos da arquitetura que visa contribuir para uma resposta mais precisa a uma questão que captura a imaginação espacial: o quanto a arquitetura importa para a vitalidade urbana? Palavras-chave: Efeitos sociais. Morfologia arquitetônica. Tipologia. Vitalidade urbana.
Resumo Neste artigo, examinaram-se as relações entre a desigualdade socioeconômica e a localização entre as diferentes classes socioeconômicas da Área Conurbada de Florianópolis (ACF). Construiu-se um índice socioeconômico a partir dos dados da Pesquisa Universo do Censo do IBGE 2010 e o comparou com as propriedades configuracionais usando a Teoria da Sintaxe Espacial e suas principais medidas. Diversas recorrências foram identificadas, tanto em âmbito local quanto global. Os resultados mostram que grupos mais privilegiados socioeconomicamente tendem a ocupar áreas altamente acessíveis. Apesar de médias mais altas de Escolha Global, verificou-se que camadas mais altas tendem a evitar localizações diretas em ruas principais ou rodovias, preferindo localizações mais reservadas, o que parece expressar uma estratégia de equilíbrio entre um relativo isolamento e um fácil acesso ao centro. Por outro lado, faixas com piores condições socioeconômicas estão mais frequentemente localizadas ao longo dessas vias, pelo menos quando possuem características de rodovias. Em âmbito local, as descontinuidades do tecido urbano e a prevenção da visibilidade mútua são as estratégias utilizadas para separar duas áreas socioeconomicamente contrastantes localizadas próximas uma à outra.
Este trabalho procura explorar as conseqüências, no processo de planejamento urbano, causadas pela convergência de duas ferramentas de análise espacial: Sistemas de Informações Geográficas e Modelos Urbanos. Como será demonstrado, os benefícios dessa convergência são muitos e extrapolam os limites da análise espacial, introduzindo uma tendência de reorganização do processo de planejamento como um todo. Como revisão, é apresentada uma breve visão geral do que são Sistemas de Informações Geográficas e Modelos Urbanos, assim como a identificação de suas principais limitações e das vantagens de uni-los em uma nova ferramenta.Palavras-chave: Sistemas de Informações Geográficas; Modelos Urbanos; sistemas de suporte ao planejamento; análises espaciais. Abstract: This paper endeavours to explore the consequences for the urban planning process of the convergence of two spatial analysis tools: Geographical Information Systems and Urban Models. As will be shown, the benefits of this convergence are numerous, going beyond the boundaries of spatial analysis and introducing a new trend of reorganisation into the planning process as a whole. A brief overview of Geographical Information Systems and Urban Models is presented, in addition to the identification of their main limitations and the advantages of unifying them in a new tool.Keywords: Geographical Information Systems; Urban Models; planning support systems; spatial analysis.
As duas principais correntes que estudam a relacao entre o espaco urbano e a criminalidade divergem quanto ao que seriam os efeitos dos usos comerciais e da diversidade de usos sobre a ocorrencia de crimes. A primeira corrente, vinculada a linha teorica de Jane Jacobs, defende que esses usos dificultam a acao dos criminosos por trazerem mais pessoas para a area e, com elas, os “olhos da rua”; a segunda, alinhada a Oscar Newman e seu conceito de espacos defensaveis, adota uma postura mais cautelosa e argumenta que esses usos podem enfraquecer o senso de territorialidade e, com isso, diminuir a disposicao de promover uma vigilancia natural. Com vistas a investigar essa questao, comparamos uma amostra aleatoria representativa do locais em que aconteceram crimes em Florianopolis no ano de 2011 com um Grupo de Controle, sorteado nas imediacoes de cada ponto, a fim de analisar as possíveis influencias exercidas pelos seguintes fatores: as proporcoes de cada tipo de uso (especialmente o comercial), a influencia do horario de funcionamento, a visibilidade das edificacoes para a rua e a diversidade de usos. Os resultados indicaram que a visibilidade da edificacao para a rua exerce influencia significativa, especialmente com interfaces de baixa visibilidade associadas aos locais de crime. Usos comerciais e afins tambem se mostraram associados aos locais de crime, com maior ocorrência desses usos na amostra em comparacao com o Grupo de Controle. O mesmo foi encontrado para a diversidade de usos. Quanto ao horario de funcionamento, entretanto, nao foram encontradas diferencas significativas entre os dois grupos.Palavras‑chave: Criminalidade. Morfologia urbana. Uso do solo.
Resumo Apesar de estudos empíricos já realizados sugerirem que os usos comerciais estão associados a maiores taxas de delitos, estes não levam em consideração especificidades da relação entre os usos não residenciais e sua inserção na edificação, tampouco diferenciam entre atividades de vizinhança imediata, do bairro ou da cidade como um todo. A partir disso, buscamos investigar se os estabelecimentos nãoresidenciais na área conurbada de Florianópolis (ACF) são atratores de criminalidade mesmo quando estão inseridos em edificações residenciais, bem como se há diferença nos efeitos de usos não residenciais de diferentes raios de abrangência. Extraímos uma amostra de 100 segmentos de ruas e comparamos suas características arquitetônicas e de uso do solo com as taxas de ocorrências criminais. Os resultados indicam que usos comerciais isolados na edificação estão relacionados a maiores taxas de crimes, enquanto edificações com usos comerciais e residenciais combinados se mostraram mais seguras. Ficou evidenciado também que usos não residenciais na escala da cidade são criminogênicos, o que não acontece com aqueles de bairro e de vizinhança, e que em áreas mais densas, onde hácerta verticalização, há menor taxa de crimes.
ResumoApesar de as decisões serem essenciais ao planejamento, esse conceito não tem recebido a devida atenção na literatura, especialmente se considerarmos os avanços obtidos em outros campos do conhecimento, com especial destaque para as abordagens do apoio à decisão construtivista e da psicologia comportamental. Este artigo faz um breve apanhado de alguns desses avanços e, a partir deles, explora as repercussões de sua incorporação e reenquadramento em uma teoria do planejamento urbano. Para isso, inicialmente de ine o conceito de decisão adotado e propõe uma classi icação das decisões em três tipos: executivas, substantivas e processuais. Em seguida, explora quatro aspectos essenciais do planejamento cujo entendimento pode ser aprofundado sob a ótica da decisão: a) a construção de convicção sobre o problema; b) o caráter dinâmico da formulação do problema; c) a di iculdade e a necessidade de estimar desdobramentos futuros; d) as relações entre meios, ins e os con litos de interesses envolvidos; e e) a necessidade de abrangência e exaustividade. Por im, esses aspectos são utilizados como base para a identi icação de fragilidades nos atuais esforços de elaboração de planos de desenvolvimento urbano e de oportunidades de aperfeiçoamento na direção processos mais justos, democráticos e e icazes. Palavras
RESUMOFlorianópolis, capital do Estado de Santa Catarina, tem a maior parte de seu território situado na Ilha de Santa Catarina e pequena porção continental que, conjuntamente com as áreas urbanas dos municípios de São José, Palhoça e Biguaçu, formam a Área Conurbada de Florianópolis. Essa área estrutura-se em um tecido urbano que apresenta muitas especificidades: o sítio induz a uma ocupação dispersa pela ilha e pelo continente próximo, onde aspectos históricos e sociais reforçam características geográficas, levando a profundas descontinuidades urbanas.Este trabalho analisa as características morfológicas da Área Conurbada de Florianópolis e as continuidades e descontinuidades estabelecidas pelo seu tecido.A pesquisa inclui leituras morfológicas do tecido urbano, do sítio e do processo de adaptação do território à ocupação humana. Como base teórica e conceitual das análises configuracionais realizadas, foi utilizada a Teoria da Sintaxe Espacial, explicada brevemente. Os resultados indicaram uma estrutura integradora frágil que, entretanto, ajuda a explicar a localização das classes de alta e baixa renda, bem como padrões de densidade populacional. Revelou, também, um descompasso entre os padrões globais e os padrões locais de integração, o que, por sua vez, resulta em centralidades locais frágeis e que não conseguem adquirir força para concentrar comércios e serviços mais especializados. PALAVRAS-CHAVE:Configuração. Interação social. Sintaxe Espacial. Tecido urbano. ABSTRACTFlorianópolis, the capital city of Santa Catarina, has most of its territory situated on the island of Santa Catarina and a small portion on the mainland where, together with the urban areas of the municipalities of San José, Palhoça and Biguaçu form the conurbation of Florianópolis. The urban tissue of this region has many special fea-tures: the area induces dispersed urban occupation throughout the island and nearby mainland, whereas historical and cultural aspects reinforce geography resulting in deep urban discontinuities. The paper analyzes the morphological characteristics of the conurbation of Florianópolis and the continuities and discontinuities of its fabric. The research includes morphological analyses of the urban fabric, the site and the process of adaptation of the territory for human occupation. A rigorous analysis of grid patterns was performed using recent developments of the space syntax theory as the theoretical and conceptual framework. The results showed a weak integration core that, despite not being able to adequately structure the whole system, can still explain the location of high-and low-income groups, as well as the pattern of population density. Moreover, it became clear that there is a strong lack of correspondence between local and global patterns of integration, which results in weak local centers and prevents more specialized retail and service activities to flourish. KEYWORDS: Configuration. Social interaction. Space Syntax. Urban fabric. RESUMENFlorianópolis, capital del estado de Santa Catarina, tiene la ma...
Figura 1. Lugares e ações urbanas representados em fluxos dinâmicos de dados (fonte: adaptada por Vinicius Aleixo sobre foto de Dennis Kummer, disponível em https://unsplash.com/photos/52gEprMkp7M).
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