Este texto apresenta uma caracterização do espaço construído de Belém, destacando sua condição estuarina, fisiografia e evolução socioespacial, mas iluminando elementos de desarticulação nas estratégias de operação dos agentes envolvidos na produção da cidade e da gestão urbanística para a estruturação de um Sistema de Espaços Livres e a forma limitada como os mesmos são apropriados pela população. O artigo baseia-se nas conclusões da Oficina Quapá SEL realizada em Belém em maio de 2015, na qual professores e estudantes da Universidade Federal do Pará e a equipe de professores e bolsistas da Universidade de São Paulo realizaram a avaliação dos espaços públicos da cidade. Observou-se que há notável diferenciação da paisagem da área central em oposição/contraposição à área de expansão da cidade e comprometimento de Áreas de Preservação Permanente (APPs) nas margens dos rios internos e das ilhas, principais espaços verdes do município e elementos de conexão com o bioma amazônico que, embora possua potencial paisagístico, vem sendo apropriado de forma socialmente desigual.
Resumo Este artigo oferece uma releitura da história econômica da Amazônia com foco nas transformações que ocorreram em elementos da força produtiva regional em momentos específicos de embate entre as frações locais do capital e da força de trabalho e o bioma amazônico. Recorre-se ao conceito de formação socioespacial, indicando caminhos para superar as limitações presentes na crítica marxista, a partir das contribuições da geografia crítica sobre o papel do espaço na dialética entre forças produtivas e relações de produção e do uso do método de análise histórica braudeliano. Toma-se como hipótese que os caminhos disponíveis para a transformação dos elementos da força produtiva regional foram determinados pelo acúmulo de aprendizado sobre o manejo do bioma amazônico ocorrido no interior de uma estrutura de produção prioritariamente dedicada ao extrativismo de coleta, mas em uma condição estrutural que exerce influência sobre os caminhos possíveis para o desenvolvimento da região amazônica.
Resumo O artigo apresenta a experiência do Grupo de Pesquisa Cidades na Amazônia, da Universidade Federal do Pará, de aplicação de métodos e técnicas desenvolvidos no âmbito das Escolas de Morfologia Urbana na compreensão e no planejamento das cidades amazônicas. O texto apresenta o contexto de investigação, com base nos antecedentes históricos das ocupações urbana e regional, para caracterizar sobretudo a natureza híbrida da urbanização e da produção da cidade no contexto periférico e de fronteira de exploração de recursos naturais da Amazônia brasileira. Os resultados de pesquisa foram agrupados em blocos de acordo com sua aderência às categorias de análise e princípios metodológicos das principais escolas de morfologia europeias, exemplificando as circunstâncias de difusão e adaptação de categorias histórico-geográficas e tipológicas ao estudo das cidades da Amazônia Oriental. Destacam-se as variações construídas para a caracterização e a análise da forma dessas cidades, tendo em vista o subsídio às políticas públicas e o avanço da pesquisa em morfologia urbana na região Norte do Brasil e em contextos semelhantes no planeta.
O artigo tem o objetivo de apresentar os resultados iniciais de uma revisão bibliográfica sobre Agricultura Urbana (AU), os quais podem vir a apoiar a elaboração de uma agenda de pesquisa nas regiões metropolitanas do Estado do Pará, Amazônia brasileira. Partimos de uma revisão bibliográfica da literatura nacional e internacional sobre o tema, na qual analisamos conceitos, abordagens e desafios. Concluímos ressaltando a necessidade de a AU ser problematizada no âmbito dos fenômenos de produção do espaço urbano-regional, causadores de desigualdades socioeconômicas e espaciais que representam as maiores dificuldades estruturais à agricultura urbana.
Este artigo busca compreender como as narrativas de assombração são configuradas, cotidianamente, no espaço urbano de Belém. Nossas reflexões partem da tessitura da intriga ricoeuriana e da lógica do falatório heideggeriano, em que as histórias criam memórias comuns entre as pessoas, sobrevivem ao tempo, às mudanças e às dinâmicas, mesmo sem possuírem fontes históricas que lhe confirmem sua veracidade ou conhecimentos prévios. Ou seja, são impregnadas de um saber intuitivo, disponíveis a todos, sendo ao mesmo tempo saber e não-saber, que se repete e é passado adiante. Toma-se como escopo de análise duas narrativas que circulam na internet sobre os antigos palacetes de Belém do Pará: Bolonha e Bibi Costa, construídos em períodos faustos da economia paraense. Nessas histórias, passado/presente demarcam sentidos ou discursos já previamente estabelecidos ou compreendidos. Assim, as narrativas de assombração são compreendidas/interpretadas numa lógica do imaginário sobre o espaço. PALAVRAS-CHAVE: assombração; narrativas; espaço urbano; Palacete Bibi Costa; Palacete Bolonha. ABSTRACT This article seeks to understand how the haunting narratives are configured, daily, in the urban space of Belém. Our reflections are based on the weavering of the ricoeurian intrigue and the logic of Heideggerian ‘idle talk’, in which stories create common memories among people, survive time, changes and dynamics, even without historical sources that confirm their truth or previous knowledge. In other words, they are imbued with an intuitive knowledge, available to all, being at the same time knowing and not knowing, which is repeated and passed on. It has been taken as scope of analysis two narratives that circulate on the internet about the old palaces of Belém do Pará: Bologna and Bibi Costa, built in faust periods of the state’s economy. In these stories, past / present demarcate meanings or discourses previously established or understood. Thus, the haunting narratives are understood / interpreted in a logic of the imaginary over space. KEYWORDS: haunting; narratives; urban space; Bibi Costa Palace; Bologna Palace. RESUMEN Este artículo busca comprender cómo las narrativas embrujadas se configuran, diariamente, en el espacio urbano de Belém. Nuestras reflexiones se basan en el tejido de intriga de Ricoeur y la lógica de la habladuria de Heidegger, en la que las historias crean recuerdos comunes entre las personas, sobreviven al tiempo, a cambios y las dinámicas, incluso sin tener fuentes históricas que confirmen su verdad o conocimiento previo. Es decir, están imbuidos de un conocimiento intuitivo, disponible para todos, al mismo tiempo que saben y no saben, que se repite y se transmite. Toma como ámbito de análisis dos narrativas que circulan en Internet sobre los antiguos palacios de Belém do Pará: Bolonia y Bibi Costa, construidas en períodos faustos de la economía local. En estas historias, el pasado / presente demarcan significados o discursos ya establecidos o entendidos previamente. Así, las narrativas inquietantes se entienden / interpretan en una lógica de lo imaginario sobre el espacio. PALABRAS CLAVE: embrujada; narrativas espacio urbano; Palacio Bibi Costa; Palacio de Bolonia
Neste artigo, indagam-se quais sentidos são produzidos pelas narrativas jornalísticas sobre a Amazônia a partir do discurso do presidente Bolsonaro na ONU, em 2020, quando culpa indígenas e caboclos pelas queimadas. Problematizamos e demarcamos o silenciamento de vozes como uma categoria de violência do poder nas falas institucionais e narrativas jornalísticas diante dos fatos sociais. Analisamos 11 matérias veiculadas em jornais locais de seis dentre os nove Estados da Amazônia Legal. A partir de uma visada teórico-metodológica da Hermenêutica em Profundidade (THOMPSON, 2011), tendo como técnica a análise narrativa, constatamos que, ainda é acionado um número restrito de ideias, centrando os fatos nos enquadramentos primários oficialistas, com ausência de vozes plurais na compreensão do universo político, econômico, cultural e social da Amazônia.
Este artigo propõe-se a analisar as inconsistências e permanências de parâmetros urbanísticos presentes em planos diretores e leis de uso e ocupação do solo instituídos para o município de Belém, da 1970 até os dias atuais, investigando a correlação entre os zoneamentos propostos e a verticalização no espaço urbano de Belém, e a perda do desempenho ambiental da cidade no que diz respeito à supressão de áreas vegetadas em miolos de quadra, na Primeira Légua Patrimonial de Belém, mais especificamente na área correspondente à Zona do Ambiente Urbano (ZAU) 6. As análises detiveram-se mais diretamente aos empreendimentos construídos durante o ciclo imobiliário mais recente, aprovados na vigência da Lei Complementar de Controle Urbanístico de 1999 (LCCU/99), cujos parâmetros urbanísticos são mantidos praticamente inalterados no Plano Diretor Urbano (PDU) de 2008, tornando-os os parâmetros de mais longa duração na história recente do planejamento urbano de Belém. Como metodologia, foi feita a espacialização dos zoneamentos de cada instrumento legal, dos dados obtidos em levantamento de campo na Secretaria Municipal de Urbanismo (SEURB), que registram a produção imobiliária no período entre os anos de 1982 e 2018, e o levantamento da área total correspondente aos miolos de quadra vegetados nos anos de 1998 e 2018, como possível consequência das mudanças morfológicas causadas por um elevado potencial construtivo.
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