A humanização dos serviços da atenção primária à saúde depende, em grande parte, da resolução das necessidades em saúde e da conseqüente organização da demanda. OBJETIVO: O artigo objetiva conhecer as implicações da demanda sobre a humanização das práticas de atenção primária. METODOLOGIA: Trata-se de uma pesquisa exploratória com abordagem qualitativa. O universo empírico da pesquisa foi composto por 10 trabalhadores de uma Unidade Básica de Saúde: 1 gestora, 1 médica, 1 dentista, 2 enfermeiros, 3 técnicos em enfermagem, 1 atendente da portaria e 1 encarregado do almoxarifado. A coleta de dados aconteceu em 8 reuniões de discussão focal sobre temas como política de humanização, direito à saúde, integralidade, acolhimento, subjetividade em saúde, processos de trabalho. As discussões foram gravadas e transcritas. Os dados foram trabalhados pela análise do discurso. RESULTADOS: Como resultados, apareceram três repertórios lingüísticos ligados à demanda: compreensão das necessidades em saúde; entendimento do acolhimento como triagem e aplicação de protocolo; influência do modelo biomédico na organização dos serviços. A excessiva demanda e a falta de resolubilidade estão ligadas a uma compreensão das necessidades de saúde como o simples acesso à tecnologia, e do acolhimento apenas como triagem de sintomas. Os profissionais da enfermagem reportam como uma causa da excessiva demanda o fato de que os usuários sempre querem ser atendidos pelo médico, o que pode ser explicado pela cultura da atenção criada pelo modelo biomédico no qual eles próprios se encontram quando entendem as necessidades e o acolhimento na perspectiva biomédica.
A Estratégia Saúde da Família foi criada para superar o modelo tradicional de assistência em saúde. Ela pressupõe a integração das dimensões subjetivas e sociais dos usuários, ultrapassando a redução do processo saúde/doença a puros limites técnico-científicos. O artigo tem por objetivo compreender como os profissionais da saúde lidam com os conhecimentos populares dos usuários da estratégia. A metodologia caracteriza-se como exploratória com abordagem qualitativa, a técnica para a coleta de dados foi grupo focal, e para interpretação dos resultados, a análise de conteúdo. Participam da amostra integrantes das sete equipes da Estratégia Saúde da Família do município de Campo Bom RS, escolhidos segundo critérios de competência, somando doze membros. Os resultados mostraram divergências entre os profissionais sobre como acolher ou não saberes populares. Muitos não consideram a subjetividade e as representações sociais da cultura popular no processo saúde/doença. Outros toleram estes saberes como mecanismo para que o usuário aceite a terapia proposta. Apenas uma minoria valoriza esses conhecimentos, como complementares ao universo científico, na construção da integralidade.
A pesquisa teve o objetivo de compreender os desafios éticos da implantação do Programa usando a abordagem qualitativa e discussão focal em grupo. A amostra foi intencional, com integrantes das diferentes equipes PSF do município de Campo Bom (RS): 3 médicos, 3 enfermeiras, 2 técnicas e 4 agentes comunitários de saúde. Foram criadas 8 situações de discussão sobre diferentes aspectos do PSF. O artigo é um recorte da pesquisa, tendo como objetivo específico os estrangulamentos nos processos de trabalho do PSF. O referencial teórico são os conceitos de atravessamento e transversalidade e a proposta da clínica ampliada. Os resultados foram classificados segundo os diferentes atores envolvidos nos processos de trabalho: usuários, agentes comunitários de saúde, profissionais, gestores e sistema de saúde. Os resultados apontam que os estrangulamentos nestes processos têm a sua origem na reprodução de procedimentos e de práticas hospitalares na atenção básica, levando a desconsiderar as dimensões subjetivas e sociais do processo saúde/doença. A proposta da clínica ampliada poderia ser uma resposta, porque defende que os itinerários terapêuticos precisam ser frutos de uma pactuação entre usuário e profissional.
Os problemas éticos, enfrentados pelos profissionais do nível primário, são complexos, porque surgem de situações únicas pela variedade de dimensões do cuidado. O acompanhamento de pacientes resistentes ao tratamento, difíceis de cuidar é uma dessas situações que necessita de um manejo diferenciado. Para discutir esta questão, será analisado um caso de difícil acompanhamento, relatado por uma equipe da atenção primária. O caso emergiu numa pesquisa qualitativa sobre problemas éticos realizada num município da região metropolitana de Porto Alegre. A coleta de dados foi por meio de discussões focais sobre problemas éticos, e seus cursos de solução. Para superar as dificuldades da relação terapêutica entre usuários e profissionais, os resultados apontaram para a necessidade de ampliar a compreensão das necessidades em saúde, de reconhecer o contexto relacional da aplicação dos procedimentos clínicos e a importância da experiência subjetiva do adoecimento.
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