O presente dossiê, que tem como título “Música enquanto prática decolonial”, reúne trabalhos de pesquisadoras e pesquisadores, de variadas formações disciplinares, que se debruçaram sobre contextos em que práticas musicais expõem decolonialidades, ou que a lógica colonial impede tal processo.
A revista PROA, em seu primeiro número do décimo volume, traz principalmente a música enquanto objeto e problema das reflexões de artistas e antropólogos. Nesse momento que os seres humanos parecem indiferenciáveis diante do contagioso e recentemente conhecido Sars-CoV-2, tudo parece muito resumido a questões epidemiológicas. No entanto, com e a partir da música, os autores do dossiê “Música enquanto prática decolonial” problematizam a configuração da modernidade expondo a colonialidade que a engendra, o que implica questionar poderes criadores do mundo globalizado. Um dos efeitos mais notáveis e atuais do processo é o espraiamento da rede de contágio do vírus desacompanhado da paralela equalização das condições de combate à doença. Isto é, se um mundo pandêmico nos obriga a refletir sobre desigualdades, logo sobre poderes, a música faz nada menos e, ademais, favorece introduzir uma perspectiva de ruptura aos desaparecimentos a que são condenados conhecimentos, práticas, pessoas ou tudo aquilo que não é hegemônico.
Editorial da Proa: Revista de Antropologia e Arte, v. 11, nº 2, 2021.
Pensado e costurado em tempos adversos, que impuseram reconfigurações nos mais variados âmbitos de nossas vidas, este novo volume da PROA é fruto do esforço e da persistência de um grupo de discentes, pós-graduandxs em antropologia e outras áreas, por manter vivo um espaço voltado aos diálogos contemporâneos entre as Artes e a Antropologia, difundindo gratuitamente o trabalho de tantos pesquisadores. Esse esforço é também um ato de resistência, uma vez que se insere em um cenário no qual assistimos cotidianamente ao desmonte sistemático das políticas públicas e das instituições que amparam nossa atuação, sejam elas as instituições públicas de ensino, pesquisa e extensão; sejam aquelas ligadas ao fomento e à manutenção do setor cultural; sejam aquelas das áreas da saúde e ambiental, que impactam tão profundamente nossas vidas, hoje e amanhã. As Artes e a Antropologia, confrontadas também com essa complexa e desafiadora conjuntura, não apenas sofrem seus impactos, mas também respondem a ela por meio de expressões potentes e singulares.
O presente debate foi realizado com o intuito de refletir e discutir acerca da improvisação brasileira, principalmente suas particularidades e possibilidades de autonomia estética. Essa discussão tem estreita relação com meu projeto de doutorado em andamento desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em Música da Unicamp, sendo esta uma das motivações que me levaram a realização desse diálogo. Investigo a improvisação brasileira enquanto prática decolonial, autônoma e particular, tencionando desvelar suas “representações”, nos termos de Hall, e seus aspectos musicais.
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