RESUMO Judith Butler está no centro do fecundo debate estabelecido entre psicanálise e estudos de gênero. A filósofa utiliza teses psicanalíticas em seu proveito. Porém, critica alguns de seus referenciais teóricos. Neste artigo, reexaminamos tais críticas à luz da teoria do Real e das fórmulas da sexuação de Lacan. Sugerimos que os apontamentos butlerianos dependem de um entendimento de ordem simbólica que identifica três instâncias: sistemas de parentesco; gêneros de relação ao falo; e modalidades de gozo. A nosso ver, esse entendimento de diferença sexual, dualista e complementar, é revisto pela teoria lacaniana da disparidade do gozo. Também sustentamos que a teoria dos discursos, na quais homem e mulher são tomados como semblantes, abrem caminhos inovadores à pesquisa da diferença sexual.
que me introduziu à leitura de Lacan e me acompanha há anos, marcando definitivamente a minha clínica, pela confiança depositada em mim quanto o percurso que decidi trilhar neste trabalho, pelo exemplo de determinação e força de vida.Ao Prof. Dr. Avelino Rodrigues, cujas considerações em exame de qualificação foram decisivas para o re-direcionamento desta pesquisa.Ao Prof. Dr. Christian Dunker, pela leitura cuidadosa, sugestões preciosas e criativas em exame de qualificação, pelas indicações bibliográfica fundamentais, pela oportunidade concedida de acompanhar sua transmissão estimulante, rica e profunda da psicanálise.Ao Prof. Dr. Fernando Megale, por gentilmente ter aceitado o convite de fazer parte da banca examinadora de defesa desta dissertação.Ao Prof. Dr. Jalma Jurado e à Shirley Acioly Monteiro de Lima, por terem me recebido tão bem, pelas contribuições decorrentes das exposições de seus valiosos trabalhos.À minha mãe Rosana, aos meus avós Victor, Aracy, Herval e Nêmesis, aos meus tios Eduardo e Laura, à minha cunhada Camila, à Cibele e aos meus queridos e companheiros irmãos Renato e Paula, pelo respeito às minhas escolhas, valorização do meu trabalho, e pela paciência.Ao meu pai Márcio, pelos constantes apoio profissional e incentivo a desenvolver uma carreira acadêmica, pelo modelo de honestidade, autenticidade e coragem. À Sílmia Sobreira, por me manter no caminho. À Universidade de São Paulo, pelo espaço oferecido à minha busca de conhecimento.Aos funcionários da secretaria do departamento de psicologia clínica, da secretaria de pós-graduação do IPUSP e da biblioteca Dante Moreira Leite, por sempre estarem prontos a me atender.À Maria Laura, meu braço direito, que acompanhou passo a passo a elaboração desta dissertação, por ter me concedido o privilégio de tê-la como interlocutora, pela enorme disponibilidade, olhar detalhista e ajuda inestimável, pelas pontuações inteligentes e correções bemhumoradas, por ter tornado este terreno bem menos árido, pela doçura com que me acolheu e tranqüilizou quando mais precisei e, sobretudo, pelo carinho.
RESUMO: Este artigo examina a crítica endereçada à psicanálise lacaniana de que seus desenvolvimentos teóricos a respeito da diferença sexual teriam se dado sob a regência da dinâmica que regula a binaridade de gênero. Pretendemos mostrar que a teoria da sexuação, através do recurso dos números e das subversões lógicas propostas, visa formalizar o aforismo “não há relação sexual”, deduzido de incompatíveis regências fálicas e modalidades de gozo. Desta forma, Lacan não teria adotado a operação de opor termos binários, homem/mulher, mas se vertido ao que faz obstáculo entre eles, desviando-se da mecânica dicotômica preconizada pela norma heterossexual.
Resumo Esta comunicação de defesa de doutorado aborda a interface entre a psicanálise lacaniana e o universo feminista concernente à diferença dos sexos. Examinamos obras de autoras do feminismo psicanalítico francês e dos gender studies. Verificamos o impacto da obra de Stoller para o estabelecimento da noção lacaniana de semblante. Detectamos que noções correlatas ao registro simbólico lacaniano foram criticadas em solo norte-americano e francês. Sustentamos que as inovações propostas pela teoria da sexuação lacaniana, as decorrências de seus aforismos e seu esforço de formalização revigoram a concepção da diferença dos sexos, desviando-a das prescrições binárias dos gêneros.
Resumo Este trabalho apresenta as teorias empreendidas pelas feministas francesas dos anos 1970, notadamente a respeito do uso e da interpretação que fizeram da psicanálise lacaniana, assim como o que consideramos ter sido a postura epistemológica que Lacan adota nesse momento. Fortemente marcadas por Derrida e o pós-estruturalismo, Irigaray e Cixous tecem suas críticas ao arsenal teórico psicanalítico supostamente condizente com o modelo patriarcal, ao passo que concebem um tipo de escrita subversiva com aspirações políticas. Também nesse intuito, Montrelay e Kristeva pretendem oferecer uma sustentação teórica consistente com o movimento. Já Wittig, marcada pelo marxismo, lê os conceitos lacanianos como determinados pela mentalidade heterossexual enquanto regime político. Sustentamos que Lacan, atento ao entusiasmo feminista do período, opta por desenvolver sua teoria da sexuação e se dedica à formalização do aforismo “Não há relação sexual”.
O objetivo deste artigo é defender a tese de que o sexo em psicanálise apresenta caráter ontologicamente negativo. Desde Freud, sabemos que sexo não se restringe a práticas específicas nem se aferra a objetos predeterminados – sexo é encarado como pulsional; sendo assim, perverso, polimorfo e infantil. Desta feita, trata-se de um objeto não positivado e que se manifesta em fenômenos negativos, como as formações do inconsciente – sexo, inconsciente e não saber estão intimamente associados. O impasse ontológico radical concernente ao sexo compõe os desenvolvimentos lacanianos referentes ao desejo e ao gozo. Ater-se à espécie de negatividade que lhe é própria permite extrair outras consequências do aforismo ‘não há relação sexual’ – para além da ideia de obstáculo ou impedimento, problematiza-se a face ontológica negativa da não relação, correspondente à ligação entre simbólico e real e que pode ser formalizada no matema S (Ⱥ). O artigo também põe em destaque incidências clínicas desta proposta – reconhecer a irredutibilidade ontológica da negação nos desvia das determinações positivas que sustentam normatizações identitárias em horizonte clínico.
Este artigo pretende contribuir para a pesquisa sobre a transexualidade em psicanálise e abrir novas possibilidades de compreensão deste quadro clínico. As teses de Robert Stoller – clássicas sobre o tema –, assim como os trabalhos de psicanalistas lacanianos, tais como os de Safouan (1979) e Czermack (1991), relegam a transexualidade ao campo da patologia. Tais psicanalistas lacanianos defendem uma clínica que restringe a transexualidade à psicose, pois creem que, neste caso, recaem a Verwerfung e a foraclusão do Nome-do-pai. Este trabalho pretende expor equívocos nos fundamentos desta concepção. Trata-se de mostrar que a Verleugnung, mecanismo em jogo no psiquismo comum e no modo atual de funcionamento do social, opera também na transexualidade. Desta forma, este artigo pode desempenhar um importante papel para a desarticulação da transexualidade do diagnóstico psicanalítico de psicose e do campo da psicopatologia. Palavras-chave: Transexualidade; Psicanálise; Psicose; Verleugnung.
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