Faz Psicanálise, psicopatologia, diagnóstico, psiquiatria
O objetivo deste artigo é explorar algumas relações teóricas e clínicas decorrentes das concepções de real e realidade na obra de Lacan. O argumento central é de que a disparidade entre estas duas noções se desdobra em uma importante tensão, a ser mantida, entre ética e epistemologia, no quadro da apreensão filosófica do tratamento psicanalítico. Salienta-se como a perspectiva assumida pelo programa de uma ontologia negativa permite traçar uma linha de diálogo entre diversos projetos clínico teóricos da psicanálise contemporânea, bem como situar alguns marcos significativos na relação entre psicanálise e filosofia. O artigo levanta ainda duas questões que surgem como significativas para os desdobramentos de uma ontologia do negativo em psicanálise: (1) a sua relação com o paradigma da subjetividade melancólica, que caracteriza o surgimento histórico da psicanálise na modernidade; e (2) a sua relação com os traços distintivos que marcam o pensamento sobre o real nas filosofias do século XX.
Resumo:O Brasil atravessa um vigoroso processo de reforma psiquiátrica. Pressionado pelo Movimento dos Trabalhadores de Saúde Mental, o Ministério da Saúde adotou como uma de suas diretrizes de ação favorecer a inclusão social dos portadores de transtornos mentais no Brasil. Nos moldes propostos pelos partidários da reforma psiquiátrica, o tratamento da psicose deve enfatizar a negação da lógica manicomial através de uma política compensatória de benefícios e da participação em movimentos sociais. Neste artigo, examinamos alguns aspectos ideológicos dessa proposta e algumas de suas inflexões clínicas. Procuramos mostrar como o efeito de circulação de discursos pode abrir campos de significação onde certos modos de compreensão e socialização são estimulados em detrimento de outros. Argumentamos que a retórica baseada na oposição entre inclusão e exclusão pode ser pensada em sua dupla incidência, clínica e ideológica. Palavras-Chave: Ideologia, psicose, tratamento, reforma psiquiátrica.Abstract: Brazil is going through a vigorous process of psychiatric reform. Pressed by the Movement of Mental Health Workers, the Health Ministry decided as one of its action to favour the social inclusion of mentally disabled people in Brazil.. According to the proposal made by the supporters of the psychiatric reform, the treatment should emphasize the negation of mental hospital logic , through a policy of benefits and the participation in social movements. In this article we examine some of its clinical inflexions. We try to show how the effect of circulation of speeches can open significant areas where some ways of comprehension and socialization are stimulated more than others. We reason that rhetoric, based on the opposition between inclusion and exclusion, can be thought in its double clinic and ideological incidence.
RESUMO Judith Butler está no centro do fecundo debate estabelecido entre psicanálise e estudos de gênero. A filósofa utiliza teses psicanalíticas em seu proveito. Porém, critica alguns de seus referenciais teóricos. Neste artigo, reexaminamos tais críticas à luz da teoria do Real e das fórmulas da sexuação de Lacan. Sugerimos que os apontamentos butlerianos dependem de um entendimento de ordem simbólica que identifica três instâncias: sistemas de parentesco; gêneros de relação ao falo; e modalidades de gozo. A nosso ver, esse entendimento de diferença sexual, dualista e complementar, é revisto pela teoria lacaniana da disparidade do gozo. Também sustentamos que a teoria dos discursos, na quais homem e mulher são tomados como semblantes, abrem caminhos inovadores à pesquisa da diferença sexual.
RESUMO: O artigo propõe um modelo para construção de casos clínicos em psicanálise baseado na figura topológica formada pela união de duas bandas de Moebius, com torções de sentido contrário, conhecida como Garrafa de Klein. Assume-se como condição elementar para caracterização de uma narrativa como um caso clínico a existência de pelo menos duas séries transformativas e o indiciamento de no máximo quatro modalidades temporais: o tempo narrativo, o tempo mítico, o tempo lógico e o tempo da transferência. Resulta que diferentes formas de amarração narrativa permitem distinguir diferentes estratégias construtivas.
Resumo Buscamos, com esse artigo, apresentar como determinadas teses gerais de Lacan sobre a linguagem podem também nos fornecer e corroborar elementos para uma abordagem discursiva do afeto como alternativa aos projetos de sua redução biológica. O procedimento realizado foi o operar um diálogo entre a teoria lacaniana do significante e a semiótica tensiva para, a partir dos conceitos psicanalíticos de sujeito e Outro, e os semióticos de intensidade e extensidade, delimitar diretrizes para reposicionar o afeto, em sentido restrito, e o ponto de vista econômico, em sentido amplo. Como resultado, defendemos uma releitura no campo lacaniano do conceito de afeto enquanto engajamento, na qual o significante atua em termos de uma semiose que instaura formas de relação entre corpo, sujeito e linguagem sem necessidade de lançar mão de referentes biológicos.
reSumo: Este artigo tem como objetivo apresentar o esboço de um modelo de organização dos sintomas em Fonoaudiologia, no quadro de uma hipótese de multiestratificação lingüística do inconsciente. Postulamos que os sintomas de linguagem pertencem a uma estrutura complexa de múltiplos estratos e interestratos sucessivos e superpostos que operam por contradição, oposição e diferença. Esta estrutura contém os intervalos espaciais, temporais e lógicos da linguagem, formando uma espécie de grade topológica dividida esquematicamente nos eixos horizontais -escrita, língua e fala -em relação aos eixos verticais -sujeito, Outro, metáfora e metonímia. Nossa hipótese é de há que um meta-procedimento, presente na clínica fonoaudiológica de modo constitutivo e característico, a que chamamos de sanção. Traduzir, transcrever e transliterar são formas diferentes de sancionar um sintoma de linguagem. Observamos que os sintomas de linguagem, embora emergindo predominantemente em um sobre os outros eixos, criam uma desarmonia de todo o sistema. Esta desarmonia é própria do funcionamento ordinário da linguagem. Os sintomas de linguagem são apenas exagerações ou restrições deste processo. Isto posto, isolamos o eixo da escrita como aquele que sustenta primariamente a tipologia proposta, ou seja, seria na relação sujeito falante-escrita que se constituiriam os tipos clínicos. Assim, se o sintoma de fala, por sua estrutura de sanção, responde à estratégia de tradução, teríamos um tipo clínico que levaria ao privilégio de uma estratégia no manejo terapêutico. Isto porque supusemos que a mudança no manejo da sanção impõe outros modos à estrutura de funcionamento da linguagem. O segundo tipo responderia à estratégia da transcrição e, o terceiro, à estratégia da transliteração. Concluímos que esta proposta está sujeita à validação, tanto pela experiência clínica como pela contra argumentação teórica. Mas nos parece um caminho promissor que poderá dotar a práxis fonoaudiológica de um estatuto clínico, tornando-a singular. Palavras-chaves: Fonoaudiologia, Psicanálise e Linguística.reSumen: Este artículo tiene como objetivo presentar el esbozo de un modelo de organización de los síntomas en la Fonoaudiologia, en virtud de una hipótesis de multiestratificación lingüística del inconsciente. Postulamos que los síntomas de la lengua pertenecen a una estructura compleja de estratos y ínter estratos sucesivos y superpuñados por contradicción, oposición y diferencia. Esta estructura contiene las intermisiones espaciales, temporales y lógicas del lenguaje, formando una especie de cuadrícula topológica dividida esquemáticamente en los ejes horizontales -escritura, lenguaje y el habla -y verticales -sujeto, Otro, metáfora y metonimia. Nuestra hipótesis es que existe una meta-procedimiento, presente en la clínica fonoaudiológica, en modo constitutivo y característico, a que nominamos sanción. Traducir, transcribir y transliterar son diferentes formas de sancionar a un síntoma de lenguaje. Hemos observado que los síntomas de lenguaje, todavía emergiendo ...
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