Apresentamos a perspectiva analítica e os procedimentos de geração, segmentação e transcrição de dados que adotados e desenvolvidos ao longo de mais de dez anos de pesquisas em Linguística Aplicada no Grupo de Pesquisa Interação Social e Etnografia para a análise da ação social humana mediada pelo uso da linguagem. A produção de asserções analíticas a respeito das atividades dos participantes de um encontro social requer observação detalhada de registros audiovisuais, exigindo revisitação para o aprofundamento das investigações. Por isso, as etapas de geração, segmentação e transcrição da fala-em-interação nesses encontros, em vez de preliminares à análise, são concebidas como partes integrantes da atividade analítica em si. Destacamos ainda nossas propostas de procedimentos para transcrição multimodal e a importância de exercício em sessões de análise conjunta.
RESUMO Este artigo discute a etnografi a como escolha teórico-metodológica para
RESUMO -Alinhado com os estudos que investigam a aprendizagem como fenômeno social, instanciado na interação, este artigo tem por objetivo examinar o conceito de construção/produção conjunta de conhecimento em trabalhos desenvolvidos entre 2006 e 2010 no âmbito do Grupo de Pesquisa ISE -Interação Social e Etnografi a. Esses trabalhos analisam segmentos de fala-em-interação em cenários escolares diversos nos quais os participantes demonstram e refl etem um entendimento de aprendizagem como construção conjunta de conhecimento. Ainda que tal expressão seja largamente difundida nesses estudos, observam-se variações no modo como a atividade é entendida, sobretudo em relação ao que a distingue particularmente de outras. Assim, visando a sistematizar o entendimento produzido até o momento, o presente trabalho investiga o emprego e, portanto, o entendimento conceitual dessa expressão no conjunto de estudos. Observa-se que a noção de construção conjunta de conhecimento: 1) inicialmente se opõe a reprodução de conhecimento; 2) logo se associa a participação e aprendizagem; 3) fi nalmente se aproxima e se distingue de cognição/conhecimento socialmente compartilhada/o. A revisão destaca a ressalva de que a construção conjunta de conhecimento pode ser de natureza reprodutiva em certas atividades pedagógicas de socialização de conhecimento produzido em ocasião anterior, muito embora em boa parte dos segmentos analisados como momentos de aprendizagem ela se apresente como emergente e situada nas contingências do trabalho interacional dos participantes naquele momento. Em todos os casos, construir conhecimento conjuntamente se caracteriza por trabalho interacional intenso e evidente engajamento público de vários participantes da fala-em-interação de sala de aula.Palavras-chave: fala-em-interação de sala de aula, construção conjunta de conhecimento, aprendizagem, participação, construção de conhecimento compartilhado.ABSTRACT -As part of the growing area of studies investigating learning as a social phenomenon instantiated in interaction, this review article examines the concept of joint construction/production of knowledge in studies produced by the Social Interaction and Ethnography Research Group between 2006 and 2010. Such studies have analyzed segments of talk-in-interaction in various school settings in which participants refl exively demonstrate an understanding of learning as joint construction of knowledge. Although this expression is widespread in the studies examined, there are variations in how the activity is understood, particularly in relation to what distinguishes it from others. Thus, in order to systematize the understanding so far produced by the group, the present article investigates the use of this expression, and thus of its conceptual deployment, in such studies. It is observed that the notion of joint construction of knowledge: 1) is initially deployed in opposition to reproduction of knowledge; 2) then, in close association with participation and learning; 3) and fi nally in contrast with different unde...
RESUMODescrevemos ações que configuram o trabalho de aprender espanhol como língua adicional e o trabalho de ser membro em entrevista de proficiência oral em português como língua adicional em duas sequências de fala-em-interação, segmentadas de dois corpora: 24 horas de gravações audiovisuais de aulas de espanhol como língua adicional em uma escola de línguas no Brasil (ABELEDO, 2008) e 10 horas de gravações em áudio de entrevistas de proficiência oral em português como língua adicional do exame Celpe-Bras (FORTES, 2010). Essas análises, representativas de coleções de ambos os corpora, mostram que os participantes utilizam práticas de descrição e categorização (SACKS, 1992;SCHEGLOFF, 2007a) aceitáveis e compreensíveis para manter a sua intersubjetividade (GARFINKEL, 1967), orientando-se para as práticas de descrição e categorização da língua adicional como sendo não apenas aceitáveis, mas preferíveis. A atribuição e a ratificação de categorias de pertencimento (SACKS, 1992;SCHEGLOFF, 2007a) entre os participantes também são comuns a ambos os corpora: para o trabalho de aprender, os participantes atribuem e ratificam categorias institucionais (SCHEGLOFF, 1992) enquanto demonstram copertencimento na comunidade de práticas linguísticas que eles simultaneamente instauram, reorganizando, portanto, a sua participação (GOODWIN; GOODWIN, 2004); para o trabalho de ser membro competente em entrevistas de teste de proficiência linguística, os participantes conferem uns aos outros categorizações localmente relevantes em torno de [ser daqui] e [ser de lá]. Os resultados da análise nos permitem conceber a aprendizagem de língua adicional como trabalho interacional constante que é inseparável da participação. A análise dos dados de entrevistas de proficiência oral aponta para a necessidade de parâmetros de avaliação de proficiência oral em língua adicional cada vez mais válidos e coerentes com a visão de que o uso da linguagem serve para ação no mundo (CLARK, 1996). Palavras-chave: interação; aprendizagem; proficiência.
RESUMO Com vistas à qualificação do que sejam momentos de construção conjunta de conhecimento, descrevemos situadamente aqui a atividade interacional de resolução de problemas em cenário de desenvolvimento de tecnologia de ponta, onde, em contraste com as salas de aula, não há quem detenha de antemão os conhecimentos requisitados. Examinamos um segmento de resolução de problema, representativo do conjunto de instâncias identificadas em corpus de 60 horas de gravações audiovisuais geradas em laboratório de tecnologia voltado à produção de materiais biomédicos. A atividade de resolução de problema é descrita enquanto instância interacional em que há um obstáculo a ser transposto por todos os participantes envolvidos na interação. Diante dos problemas e da necessidade iminente de resolvê-los, os participantes engajam-se no trabalho de construção conjunta de conhecimento, sendo essa construção observável nas ações que os próprios participantes realizam para os fins práticos de retomada das atividades que vinham realizando. Esse exame situado de experiência vivida de produção conjunta de conhecimento pode servir de referência para projetos de trabalho e aprendizagem em pedagogias ativas.
This is a research report on other-initiated other-repair in ordinary conversation conducted in Brazilian Portuguese. With the aim of investigating whether the organization of this repair trajectory in Brazilian Portuguese interaction matches that described for conversationalists interacting in North-American English, 15 hours of interaction were analyzed within the framework of Conversation Analysis. Despite minor differences in some practices, the trajectory is found to be as dispreferred in this corpus as it is in English interaction. Additionally, it was observed that the repaired participant is constrained to acknowledge the repair movement on his/her prior turn.
Resumo Filhos de famílias de migrantes de origem brasileira em Toronto podem ser vistos como estudantes falantes de português, expressão usada por direções escolares da cidade para identificar luso-canadenses marcados por insucesso escolar. Entrevistas com estudantes de origem brasileira que frequentavam escolas de uma mesma Direção Escolar e suas famílias mostram, porém, perfis socioeconômicos distintos, conforme indicado pelas regiões de residência e as ocupações dos pais, associados a ideologias de linguagem diferentes. Amostras do discurso de entrevistados em cada perfil sobre o valor de falar português revelam indícios de aproximação apenas dos migrantes brasileiros com menos qualificação profissional à etnoclasse falante de português luso-canadense. O distanciamento do português por parte de uma estudante nesse perfil que, entretanto, possui aspirações acadêmicas aprofunda o entendimento das diferentes perspectivas do que é ser estudante falante de português em Toronto. O estudo reforça a relevância de classe social para os estudos da linguagem na contemporaneidade.
Que relevância ou utilidade tem o conceito de letramento no que tange à formação de educadores (da linguagem)? Partindo de uma definição de letramento de larga circulação entre nós, discuto dificuldades para o emprego consistente do termo. Propondo cautela ao relacionar letramento diretamente com aprendizagem, destaco a necessidade de reflexão sobre as concepções de ação pelo uso da linguagem coerentes com tomar o conceito de letramento como relevante e útil com vistas à educação linguística escolar. Para articular isso com educação linguística e formação de professores, apresento minhas convicções acerca do propósito da educação linguística escolar e do lugar da reflexão metalinguística no ensino de línguas. Alertando para uma compreensão equivocada de que os gêneros textuais[/]discursivos seriam – eles próprios – objetos de ensino, reitero a convicção de que, tendo o letramento como pronto de referência, “uma abordagem funcional e estruturante” (SIMÕES; FILIPOUSKI; MARCHI, 2009, p. 49) dos gêneros permite uma arquitetura didático-pedagógica para a educação linguística escolar. Por fim, referindo propostas coletivas de organização curricular para a educação linguística escolar pautadas pela noção de letramento, argumento que iniciativas de formação devem fomentar o protagonismo de professores-autores-formadores com vistas a uma educação linguística escolar satisfatória frente às demandas e contradições da contemporaneidade.
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