RESUMO Este artigo tem como objeto de pesquisa um grupo de alunos de baixa renda matriculados em cursos de ensino superior, cuja trajetória está associada a duas políticas públicas federais brasileiras: o Programa Bolsa Família e o Programa Universidade para Todos. Buscou-se compreender as trajetórias desses estudantes e suas estratégias individuais e/ou familiares para que eles pudessem acessar e permanecer na universidade, além de analisar seus pontos de vista sobre ambos os programas. A pesquisa baseou-se em nove entrevistas semiestruturadas com alunos de uma universidade sem fins lucrativos situada no interior do estado de São Paulo. As entrevistas sugerem que esse grupo reduzido de pessoas foi submetido a altas doses de esforço e de privação pessoal que podem ser considerados elevados mesmo em sociedades que pretendem ser meritocráticas. A presença constante de situações que denotam o “eu me viro” nos percursos escolares e no curso superior atual corrobora esse entendimento. O Programa Universidade para Todos é mais valorizado que o Bolsa Família, uma vez que se encaixa melhor em uma compreensão de ser uma política entendida como meritocrática, em vez de apenas uma política de transferência de renda.
Este artigo objetiva apresentar, de maneira descritiva, o perfil socioeconômico de um conjunto reduzido de pessoas que foi beneficiário do Programa Bolsa Família (PBF) e que ingressou numa Universidade privada sem fins lucrativos do estado de São Paulo pelo Prouni. Os números do cadastro desta Universidade indicam que aqueles que recebem ou já receberam recursos do PBF perfazem o grupo provavelmente mais vulnerável em termos socioeconômicos. Ao buscar conhecer o perfil socioeconômico dos alunos originários do Programa Bolsa Família após a Educação Básica, o artigo oferece contribuições no sentido de evidenciar o acesso ao ensino superior de um grupo social até então distante dessa possibilidade. Todavia, o custo para isso se mostra particularmente alto quando se considera somente os bolsistas e ex-bolsistas do Programa Bolsa Família.
As narrativas são atividades linguísticas caracterizadas pela elaboração de lembranças, rememoradas pelo processo de narração, sendo possível considerá-las elementos fundamentais do cotidiano social, em especial quando transmitidas pela oralidade. Com o passar do tempo, as narrativas orais se tornam parte integrante da construção da identidade social, o que possibilita o seu uso para a construção da personalidade das personagens públicas. O objetivo desta pesquisa foi estudar o caso do padre Matheus van Herkhuizen, sacerdote neerlandês que é personagem de muitas histórias narradas pela população de Espírito Santo do Pinhal, para analisar a influência das narrativas na construção devocional popular. O estudo foi realizado por meio da análise temática de narrativas registradas em diferentes mídias e datadas de 1973, 2020 e 2021, que se encontram no acervo da Congregação dos Agostinianos da Assunção e que permitem a elaboração da memória desta personagem pública. Constatou-se que as narrativas orais, produzidas no momento e mais de quarenta anos após a morte do sacerdote, carregam semelhanças que destacam que os fiéis sempre atribuíram santidade ao sacerdote. Dessa forma, concluiu-se com a análise temática de tais narrativas que elas não apenas ajudam a preservar a memória de um povo, mas também contribuem para a construção da personalidade de figuras públicas, visto que no caso do padre Matheus elas estabeleceram a percepção da santidade através das manifestações orais da comunidade, influenciando a fé local a ponto de ser possível ter impactado a autorização para a abertura de um processo de beatificação.
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