A dificuldade de comunicação entre profissionais de saúde e as comunidades populares é notória e se expressa principalmente na ineficácia dos tratamentos tal como os prescreve a medicina oficial, assim como no descontentamento, por parte dos usuários, com os seus resultados. Este artigo refletir sobre tal situação, colocando em relevo a importância ética da escuta, pelos profissionais da saúde, dos discursos e saberes extra-científicos sobre a doença e a saúde afirmados por tais comunidades. A escuta mais sensível poderá dar visibilidade aos elementos que impedem a comunicação efetiva, proporcionando a restituição da reciprocidade comunicativa, o que significa a recusa e a transformação das relações de subalternidade aí estabelecidas.
This article discusses the current state of healthcare education practices and the fragmented vision they offer of the human being, in that they reduce man to a technical and passive body, a mere object of invasive and medicinal intervention. By excluding from their horizon any reference to man's holistic dimension, these practices fail to deal with the social, cultural, political and psychological injunctions that are found in the development of states of heath or sickness. Furthermore, they disregard the subjectivity of the players involved in the production of sickness and of cure itself, also disregarding their own role as craftsmen shaping a unique type of modern individualistic subjectivity. Thus, the article presents a critical view of the overly biological attitude of the dominant teachings, a view that has developed even within some of the healthcare schools and that encompasses the learnings provided by the humanities. Finally, the article presents theoretical and methodological guidelines for the development of an alternative model of medical education, one that would be capable of regarding human beings holistically, recognizing the uniqueness of each individual and their condition as subjects of their own history, breaking away from the conservative, authoritarian and market-oriented structures of current medical education. KEY-WORDS: Medical education; critical pedagogy; body and intercultural dialogue.Discute-se, neste artigo, o estado atual das práticas educativas relativas à saúde e a visão fragmentária que estas têm do ser humano, reduzindo-o a um corpo técnico, passivo, objeto de intervenções invasivas e por medicamentos. Ao excluírem de seu horizonte de referência a dimensão totalizante do ser humano, tais práticas deixam de abordar as injunções sociais, culturais, políticas e psicológicas presentes no desenvolvimento dos estados de saúde/doença. Além disto, desconhecem a subjetividade dos atores envolvidos na produção da doença e da própria cura, bem como desconhecem a si próprias enquanto artífices da modelagem de um tipo próprio da subjetividade individualista moderna. Apresenta-se, assim, uma visão crítica da excessiva biologização dos ensinamentos dominantes, surgida no interior mesmo de algumas escolas de saúde e que se favorece do saber das Ciências Humanas. Por fim, indicam-se diretrizes teórico-metodológicas para uma proposta alternativa de educação médica que considere o ser humano na sua globalidade, alteridade e condição de sujeito da sua própria história, rompendo com as estruturas conservadoras, autoritárias e mercadológicas da formação médica atual. PALAVRAS-CHAVE: Educação médica; pedagogia crítica; corpo e diálogo intercultural.PEREIRA, O. P.; ALMEIDA, T. M. C. Medical education according to a resistance pedagogy, Interface -Comunic., Saúde, Educ., v.9, n.16, p.69-79, set.2004/fev.2005 artigos
Este artigo apresenta uma cartografia realizada em um Centro de Atenção Psicossocial por um residente em Saúde Mental do Adulto. A cartografia é um método-ação proposto por Deleuze e Guattari cujo objetivo é o de acompanhar, em um certo território, as linhas de produção de subjetividades. Objetivou-se cartografar os processos de acompanhamento de casos de homens autores de violência em um Centro de Atenção Psicossocial do tipo II, identificando a presença de fenômenos de violência social e de gênero relacionadas ao masculino, experimentando a possibilidade de produção das linhas de fuga na promoção de saúde mental, e na investigação da produção de corpos tristes em relação a essa violência. A cartografia não possui pretensão de construir modelos universais sobre os fenômenos estudados, e, sim, apresentar pistas da dimensão ética na aposta de produção de vidas mais potentes. Nesse caso, na Saúde Mental e nas suas relações com a violência e o gênero.
Resumo: Neste artigo, procedemos a uma leitura fenomenológica da noção de sentido e suas múltiplas significações. Partindo de uma primeira visada às definições apresentadas ao termo nos verbetes dos dicionários comuns, tal multiplicidade de significações é discutida à luz do conceito husserliano de "intencionalidade" e compreendida a partir da proposta merleau-pontyana de "reabilitação do sensível". Retomamos, então, o termo sentido desde suas acepções físicas e sensoriais até aquelas de cunho idealizado, relacional e teleológico, considerando-as como um conjunto expresso num único termo e que aponta para uma vida consciente baseada no campo da experiência corporal pré-predicativa desdobrando-se em experiência reflexiva, intersubjetiva e transcendental. Desta forma, o vocábulo sentido mostra-se como uma espécie de multiplicidade unificada e, por isso, considerado como que paradigmático: pura "mostração" do processo perceptivo, diante do qual se tem a contradição-continuidade da imanência (o dado imediatamente) e da transcendência (o que vai além do imediatamente dado). Discutimos as implicações desse entendimento para uma psicologia que se queira eficaz no seu processo de compreender a experiência humana fundamental em sua inserção no mundo da vida.
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