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O artigo analisa registros do Caderno da Realidade de estudantes finalistas do curso de Licenciatura em Educação do Campo (LEDOC) em busca de pistas e indícios das experiências de vida e formação por eles expressas. Fundamenta-se no conceito de experiência (Erfahrung) em Walter Benjamin (2016) e também na noção de autoconhecimento e auto-formação (JOSSO, 2004). Ao rastrear vestígios (GINZBURG, 2002, 2007) dos percursos de vida e de formação dos sujeitos evidenciados em suas falas/escritas, oportunizados pela Pedagogia da Alternância, o estudo aponta essas experiências como um terreno fértil para pensar as possibilidades formativas que inter-relacionam diferentes vivências em espaços que passam a ser vividos-pensados-sentidos como espaços formativos em interlocução.
O texto analisa experiências produzidas entre os saberes das Ciências Humanas e Sociais com duas turmas do curso de Licenciatura em Educação do Campo da Universidade Federal do Espírito Santo, buscando refletir sobre os processos formativos docentes-discentes. O corpus documental, composto pelo projeto pedagógico de curso, registros e narrativas dos estudantes, é interrogado visando problematizar os desafios de um diálogo da História com diferentes saberes das Ciências Humanas e Sociais. As interlocuções teóricas são produzidas com autores âncoras do movimento nacional da Educação do Campo. Os resultados apontam que o trabalho, inicialmente proposto a partir da História em diálogo com saberes das Ciências Humanas e Sociais, favorece o movimento de busca pela formação por área, permitindo a compreensão de totalidade das questões históricas, políticas, culturais e sociais, de modo a produzir epistemologias que amalgamam os sujeitos, suas realidades e os diferentes saberes.
Analisa diferentes propostas para o ensino/aprendizagem de conteúdos de História da América presentes em dois manuais didáticos: o Cadernos MEC: História da América (1971) e História Geral e do Brasil (2011). A análise orienta-se pelo método regressivo (BLOCH, 2001), em busca de permanências e descontinuidades nas disciplinas escolares, de modo geral, e no Ensino de História, em particular. Além do intervalo de quarenta anos entre as publicações, os manuais se distanciam quanto aos aspectos pedagógicos e historiográficos: o Cadernos MEC: História da América varia entre indícios do ideário escolanovista e de uma perspectiva tradicional, com atividades pautadas no método mnemônico; a obra didática de Vicentino e Dorigo (2011) compõe-se de atividades que favorecem a autonomia intelectual dos estudantes, o que indica uma adequação do conteúdo pedagógico a princípios neoliberais, ao privilegiar o protagonismo de cada estudante em seu processo de aprendizagem. Quanto à concepção de História, o manual de 1971 apresenta algumas feições positivistas, com centralidade em datas e fatos de personagens de uma história predominantemente política. Na seção assessoria pedagógica da obra de 2011 há referências com possíveis interpretações derrotistas da América Espanhola, com foco na exploração e violência dos “vencedores sobre os vencidos”, contudo, os exercícios se alinham aos pressupostos da Nova História, o que permite a elaboração do conhecimento histórico pelos estudantes, por meio da análise interna e externa de fontes iconográficas, da interpretação de textos historiográficos e da multiplicidade de abordagens e de fontes históricas. Compreender quais sujeitos têm lugar nas expectativas curriculares é escolha crucial para a composição da tapeçaria a ser tecida pelo historiador (GINZBURG, 2007), mas também ajuda a pensar o papel dos manuais didáticos, como produtos que são, carregados de intenções.
O presente artigo analisa as possibilidades de construção do saber histórico por meio das histórias em quadrinhos, especificamente O diário de Anne Frank em Quadrinhos, adaptado por Mirella Spinelli (FRANK, 2017). Com base no aporte teórico produzido a partir das noções de consciência histórica, de Jörn Rüsen (2011), e de literacia e empatia histórica, de Peter Lee (2016, 2003), a pesquisa explora a adaptação literária, construindo uma proposta de ensino com o objetivo de favorecer a elaboração do conhecimento histórico pelos estudantes; além disso, mobiliza o aparato teórico-metodológico de Marc Bloch (2001) e Jörn Rüsen (2011). A análise da graphic novel como recurso didático evidenciou: a) a importância dos usos de diferentes fontes históricas em sala de aula; e b) as múltiplas possibilidades de percursos de aprendizagem dos estudantes, por meio de uma nova maneira de compreender e pensar a História, de modo específico, por meio das histórias em quadrinhos.
“Ancorados em percursos bibliográficos pertinentes, em coleções documentais cuidadosamente elaboradas e apresentando recortes temporais que exploram, com propriedade, indícios que puderam ser perscrutados das ações de mulheres e homens nos séculos XVI, XIX, XX e XXI, os relatos das pesquisas – transformados em capítulos que podem ser lidos tanto a partir do ordenamento estabelecido pelas organizadoras quanto por outros arranjos promovidos – registram a importância do estranhamento e da desnaturalização para que novos questionamentos e reflexões conheçam as suas condições de emergência. Nessa medida, a pluralidade de temáticas abordadas, os realces conferidos para as formas escolares e para as outras práticas difusas educacionais, a engenhosidade com que as periodizações foram manejadas são indiciários dos significados dessas partilhas de experiências que foram (e permanecem sendo) operadas no âmbito do Nucaphe para que apreciemos o quanto já foi desbravado, bem como o muito que ainda resta por ser investigado acerca da história da educação capixaba”. José Claudio Sooma Silva
RESUMO: Analisa contornos atribuídos ao civismo no ensino de História no Espírito Santo durante a ditadura do Estado Novo (1937-1945) e o regime civil-militar (1964-1985). As fontes analisadas compreendem o conjunto de documentos produzidos e/ou que circularam em escolas públicas capixabas. Parte do pensamento de Bloch (2001) e Ginzburg (2002, 2007) para a interrogação das fontes. Das expectativas oficializadas nas prescrições observa-se, por um lado, a intervenção do Estado no que se refere ao ensino de História nas escolas e, por outro, a ênfase ao civismo e patriotismo materializados nesses documentos. Porém, no caso específico das escolas capixabas, há indícios de práticas distintas do prescrito para o Ensino de História, como as críticas dos professores às propostas curriculares, a defesa por um ensino de História reflexivo e instigante, além dos concursos de bolo e aulas de corte e costura, que revelam modos plurais de se pensar e ensinar História em tempos autoritários.
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