O estudo propôs-se questionar quanto a possibilidade de se estabelecer correlações entre o desenvolvimento de certas noções operatórias, metacognição e dificuldades de aprendizagem em universitários em cursos da área de exatas. Entrevistamos cinco estudantes de engenharia de uma instituição pública de ensino superior do Espírito Santo. Todos frequentavam um programa de reforço escolar de uma das disciplinas básicas do núcleo comum das engenharias, oferecido pela instituição aos educandos com queixa de dificuldade de aprendizagem. Aplicamos a prova de flutuação de corpos, uma prova de correlação, e uma entrevista semiestruturada. Foi realizada uma análise do conteúdo tanto das provas quanto das entrevistas, através de uma adaptação das metodologias de análise já utilizadas e baseadas nos princípios da epistemologia genética. Os resultados indicaram, entre outros, que nenhum dos participantes atingiu o nível mais elevado nas respostas, que equivaleria à aplicação plena do raciocínio operatório formal; isso poderia justificar as dificuldades acadêmicas enfrentadas pelos participantes. Por outro lado, foi muito marcante a relativa ausência ou pouca variedade de estratégias de aprendizagem mencionadas pelos universitários pesquisados. O método clínico mostrou-se mais uma vez eficiente para o estudo da cognição de adultos, mas ainda carecemos de mais sistematizações quanto à análise dos resultados especialmente no que se refere à identificação e análise de modelos organizadores do pensamento. O presente estudo, mesmo exploratório e com as limitações devidas a tal característica, reforça a necessidade de que as instituições de ensino superior devam focar não somente a transmissão de conteúdos em suas políticas de permanência do estudante, mas também principalmente considerar aspectos psicossociais e de funcionamento cognitivo do adulto para poder atender com eficiência a essa questão.
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