Resumo Este artigo é resultado de pesquisa de campo que utiliza no tratamento dos dados recursos da análise de conteúdo propostos por Bardin (2016) para compreender o pensamento dos caciques da Terra Indígena (TI) Mãe Maria, povo indígena Gavião, sobre os direitos dos povos indígenas esculpidos na Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB/1998), o que os caciques entendem pela palavra direito e como percebem os direitos que lhes são atribuídos na Carta Constitucional. Os dados foram constituídos a partir de entrevista semiestruturada com caciques de 12 aldeias da TI Mãe Maria a partir de duas questões geradoras sobre o que os caciques entendem por direito e o que pensam sobre os direitos dos povos indígenas assegurados na Carta da República. Os resultados mostram que os caciques enxergam com desconfiança os direitos indígenas previstos na Constituição Federal Brasileira de 1988, pois percebem grande lacuna entre o que está escrito na constituição e os direitos a que realmente têm acesso, associando a palavra direito à luta por melhorias para o seu povo.
Resumo Este artigo discute a questão da cidadania sob o olhar de indígenas da Terra Indígena Cobra Grande (TICG) que participam de um curso de formação de professores. A questão investigada é como indígenas, bastante transpassados pela cultura do kariwa, e tendo de a todo instante lutar por seus direitos, inclusive o de permanecer indígena, veem a questão da cidadania. O objetivo do estudo foi identificar o que os indígenas da TICG entendem pela palavra cidadania e como percebem o exercício da mesma no dia a dia das aldeias. Metodologicamente a pesquisa se encaixa como estudo de caso do tipo etnográfico em educação, sem, no entanto, se reduzir totalmente ao método, pois investigamos, a partir de um processo participativo no qual os interlocutores foram também pesquisadores. O processo de pesquisa envolveu discussões preliminares, elaboração, aplicação e avaliação de projetos de ação e entrevista semiestruturada. Os resultados mostram que os indígenas estão preocupados com o impacto do contato dos indígenas da TICG com a cultura do kariwa e as consequências deste contato para a forma de ser e viver indígena. A pesquisa revelou ainda que eles têm consciência de seus direitos e entendem a cidadania tanto no binômio direito-dever, quanto como instrumento de luta pela preservação da cultura e tradições das aldeias.
Este artigo apresenta a análise da experiência de docentes com grupos indígenas a partir do registro da vivência metodológica de construção do conhecimento sobre epistemologia e história da ciência ocidental. Usa diário de campo e a lógica adotada pelo coletivo trabalhado desde o estudo da realidade dos grupos, a organização do conhecimento, o conteúdo sistematizado e os saberes do cotidiano, e a aplicação do conhecimento elaborado nas situações de ensino vivenciadas in loco. Adota a descrição da experiência e a apreciação crítica por meio de diálogo com o referencial teórico, acrescido da reflexão crítica de conceitos como interculturalidade, identidade, ética e organização social. Ratifica que o conhecimento é construção singular, histórico e situado que requer registro para identidade social e produção cultural.
Neste artigo mobilizamos recursos de análise do discurso para analisar como indígenas de dois povos (Gavião e Surui Aikewara) percebem o papel do professor não indígena em sua formação acadêmica, visando compreender como estes veem a intervenção do professor, formado em outra cultura, com jeito de ser e viver diferente, em sua cultura. Investigamos, a partir de uma questão geradora, como o indígena percebe a relação indígena-não indígena na formação do professor indígena. Os resultados evidenciam o quanto o indígena valoriza a interculturalidade pautada no respeito e reconhecimento dos saberes de cada povo
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