Neste artigo, relacionamos lutas feministas e antirracistas acerca do aborto e da maternidade – dois eventos reprodutivos aparentemente opostos, mas diretamente atravessados por mecanismos contemporâneos do biopoder. Nossa análise percorre duas frentes empíricas: o Movimento Independente Mães de Maio e a Red Compañera – Red Feminista Latinoamericana y Caribeña de Acompañantes de Aborto. Primeiro, trazemos a mobilização de mães que tiveram seus filhos assassinados no contexto de violência policial e extermínio do povo negro, pobre e das periferias brasileiras. Em seguida, olhamos para feministas latinas que acompanham mulheres, assim como pessoas trans e não binárias, a abortar de forma autogestionada com medicamentos. Argumentamos que ambas as lutas desvelam novas fraturas no lócus da opressão forjado pela colonialidade do gênero, identificadas por feministas decoloniais antirracistas, e contribuem para um paradigma decolonial de justiça reprodutiva, ao tornar o útero território de resistências e reclamar a maternidade e o aborto como locais de enunciação política.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.