Nosso Útero, Nosso Território: Justiça Reprodutiva E Lutas Decoloniais Por Aborto E Maternidade

Abstract

Neste artigo, relacionamos lutas feministas e antirracistas acerca do aborto e da maternidade – dois eventos reprodutivos aparentemente opostos, mas diretamente atravessados por mecanismos contemporâneos do biopoder. Nossa análise percorre duas frentes empíricas: o Movimento Independente Mães de Maio e a Red Compañera – Red Feminista Latinoamericana y Caribeña de Acompañantes de Aborto. Primeiro, trazemos a mobilização de mães que tiveram seus filhos assassinados no contexto de violência policial e extermínio do povo negro, pobre e das periferias brasileiras. Em seguida, olhamos para feministas latinas que acompanham mulheres, assim como pessoas trans e não binárias, a abortar de forma autogestionada com medicamentos. Argumentamos que ambas as lutas desvelam novas fraturas no lócus da opressão forjado pela colonialidade do gênero, identificadas por feministas decoloniais antirracistas, e contribuem para um paradigma decolonial de justiça reprodutiva, ao tornar o útero território de resistências e reclamar a maternidade e o aborto como locais de enunciação política.

Aspiração Manual Intrauterina (AMIU): riscos e aplicabilidade

“…Apesar da constante normalização das práticas abortivas ao longo dos anos, é de suma importância a necessidade de atentar-se para esses fatores que propiciam riscos que podem ser irreversíveis. É comum que os fenômenos ligados à esfera reprodutiva sejam meramente relacionados à contracepção e ao aborto, mas não necessariamente é permitido classificá-los, como uma oposição ou não aos atos relativos a maternidade, como a gestação e o ato de maternar (Teixeira;Gallo, 2021).…”

Infertilidade, justiça reprodutiva e pandemia de COVID-19: reflexões sobre acesso e barreiras

“…Teixeira e Gallo (35) constroem um diálogo entre os discursos que articulam as práticas violadoras de esterilização em massa aos homicídios de filhos de mulheres negras, revelando a existência de uma política institucional genocida que retira delas o direito a maternar. Esse diálogo poderia também abranger a reflexão sobre a falta de acesso aos serviços para infertilidade -que viabilizariam a reprodução desses corpos indesejáveis (33).…”

Corporeidade, Criação E Trindade: Contribuições De Edith Stein Para Uma Ecologia Integral

“…Deus é a verdade. Quem busca a verdade, busca a Deus, seja ele consciente ou não 731. E se tal afirmação da autora denota uma consciência límpida a respeito do alcance universal da salvação, o seguinte texto retirado de uma carta de 1936 como réplica sobre o boato da conversão de sua mãe, a senhora Augusta Stein, ao cristianismo, é ainda mais categórico.…”