Resumo Ao longo dos governos federais do PT, o movimento LGBT conquistou importantes resultados políticos que, porém, variaram negativamente a partir de 2011. Analisando-se o impacto de oportunidades políticas sobre os resultados de movimentos sociais, como explicar tal variação se, ao longo desse período, um mesmo partido chefiou o Poder Executivo e as redes desse movimento se mantiveram ativas na burocracia estatal? Sugiro, neste artigo, que oportunidades políticas se abrem e se fecham no Brasil pelo gerenciamento da chefia do Executivo sobre as preferências de sua burocracia e de seus aliados de coalizão de governo. Os dados aqui apresentados indicam que variações nos investimentos do Governo Federal no combate à homofobia foram concomitantes ao crescimento da Frente Parlamentar Evangélica nas coalizões de governo, sugerindo que o fortalecimento de grupos parlamentares conservadores afetou os resultados do movimento LGBT.
Resumo Ativistas de movimentos sociais enfrentam um dilema em suas atividades de enquadramento interpretativo. De acordo com parte da literatura, imperativos morais são obstáculos para o imperativo estratégico e tal dilema tem origem na tensão entre esses dois polos. Este trabalho tem dois objetivos: (1) questionar e propor alternativas para essa caracterização dicotômica do dilema do enquadramento interpretativo; e (2) compreender os processos que geram diferentes respostas a esse dilema. Para isso, foram entrevistadas lideranças de quatro organizações de direitos animais em Porto Alegre; uma liderança de uma organização de direitos animais de São Paulo; e ativistas e jornalistas envolvidos na produção de notícias e artigos selecionados para análise em profundidade. Os resultados apontam que imperativos estratégicos e morais se complementam e são gerados por teorias nativas sobre como a transformação social ocorre e são moldados por pressões interativas, gerando as diferentes respostas ao dilema do enquadramento.
Resumo Pesquisadores de movimentos sociais têm investigado os motivos que levam a ação coletiva a tomar determinada forma em determinado recorte espaçotemporal. Tal problema foi abordado pela literatura a partir de diferentes conceitos e debates. O artigo analisa três dessas ferramentas conceituais, revisando, ainda, sua apropriação pela literatura nacional sobre movimentos sociais: repertórios, escolhas táticas e performances. Os autores argumentam, em primeiro lugar, que cada um desses conceitos e debates está relacionado a uma perspectiva analítica distinta que direciona essa problemática geral a problemas de pesquisa específicos. Sugerem, em segundo lugar, que sua apropriação pela literatura nacional foi desigual, privilegiando o conceito de repertórios. Por fim, defendem a ideia de que sua articulação é capaz de fornecer uma resposta complexa a essa problemática geral, contribuindo para a superação de dicotomias teóricas e de obstáculos impostos por
Resumo A recente literatura sobre as relações entre movimentos sociais e o Estado no Brasil tem analisado a influência de ativistas institucionais que atuam na burocracia do Poder Executivo sobre as políticas públicas, caracterizando os limites e as possibilidades de sua ação a partir das particularidades das instituições nas quais estão inseridos. Este trabalho apresenta uma análise comparada da trajetória e dos resultados do ativismo institucional LGBT em quatro órgãos do Poder Executivo no nível federal entre 2003 e 2014. Os resultados da análise indicam, em primeiro lugar, que, apesar de suas distintas trajetórias e configurações em relação ao ativismo LGBT, tais órgãos apresentaram uma queda semelhante nos resultados produzidos por burocratas ativistas LGBT a partir do primeiro Governo Dilma. Em segundo lugar, indicam que, a partir desse período, a chefia do Executivo passou a intervir de forma semelhante em diferentes ministérios e secretarias, criando obstáculos comuns à ação dos ativistas LGBT neles inseridos. Argumenta-se, assim, que os resultados do ativismo institucional são também condicionados pelas intervenções realizadas pela chefia do Executivo em seus ministérios e secretarias, tornando-se necessário “trazer os governos de volta” à análise das relações entre movimentos sociais e o Estado no Brasil.
Resumo A literatura sobre as relações entre movimentos sociais e Estado produzida nos últimos anos no Brasil tem destacado a interpenetração entre política institucional e extrainstitucional. Boa parte dessa literatura parte da análise das relações entre movimentos sociais e Poder Executivo, destacando, em especial, o ativismo institucional de burocratas ativistas progressistas. Nesse artigo, busco contribuir para esse debate, ao analisar o ativismo institucional no Poder Legislativo a partir do confronto político estabelecido entre ativistas progressistas do movimento LGBT e ativistas conservadores do movimento cristão familista no Congresso Nacional entre 2003 e 2014. Para essa análise, realizei entrevistas com doze assessores e parlamentares envolvidos neste confronto político. Os resultados indicam a centralidade dos “assessores ativistas” e das frentes parlamentares para o ativismo institucional e os confrontos políticos no Poder Legislativo.
O campo de estudos de movimentos sociais tem-se caracterizado pela adoção de uma perspectiva analítica movimentocêntrica, que concentra seu foco de análise em características e processos internos aos movimentos sociais e suas organizações, bem como tem privilegiado como objetos de investigação os atores coletivos progressistas ou dominados, secundarizando a análise da mobilização coletiva de setores conservadores ou dominantes da sociedade. Desenvolvido no âmbito de perspectivas relacionais de análise dos movimentos sociais, o conceito de “contramovimentos” oferece ferramentas para superar essas lacunas, ao propor um deslocamento do foco analítico para as relações de conflito entre organizações de movimentos sociais de perfis ideológicos ou de segmentos da população distintos. O objetivo deste artigo é apresentar esse conceito a partir de uma revisão da literatura a respeito: a) de sua apropriação pela literatura nacional e internacional; b) dos debates teóricos em torno de sua definição e explicação; c) e das principais temáticas que têm sido investigadas empiricamente a partir desse conceito.AbstractThe literature on social movements has tended to adopt a “movement-centric” perspective, which concentrates its analytical focus on the internal characteristics and processes of social movements and their organizations. It has also tended to define as its objects of study the progressive or subaltern collective actors, neglecting the mobilization of dominant or conservative social groups. Developed under relational approaches to social movements, the concept of “countermovements” offers tools to overcome those gaps by moving the analytical focus to the contentious relations between social movement organizations of different ideological orientations or from different social groups. This paper seeks to present this concept by reviewing the literature regarding: a) its appropriation by the national and international literature; b) the theoretical debate over its definition and explanation; and c) the main topics of empirical investigation related to this concept.
Esse trabalho busca discutir e aproximar as principais propostas metodológicas desenvolvidas no âmbito da perspectiva interacionista do enquadramento interpretativo aplicada ao estudo de movimentos sociais. Argumenta-se que dois modelos foram desenvolvidos a partir de pressupostos teóricos e conceituais distintos: um voltado para a análise de estruturas cognitivas mentais internas e outro para a análise das negociações de sentido. É proposto um modelo metodológico alternativo que aproxima essas abordagens a partir das reflexões desenvolvidas por teorias sociológicas pragmáticas, bem como a partir das contribuições da análise de conteúdo e de discurso. Tal proposta metodológica é exemplificada por um estudo das interações entre o movimento dos direitos animais e a mídia de massa em Porto Alegre.
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