A crise financeira iniciada com a elevação da inadimplência e a desvalorização dos imóveis e dos ativos financeiros associados às hipotecas americanas de alto risco (subprime) recolocou em debate a arquitetura do sistema financeiro americano e internacional, seus potenciais riscos sistêmicos e seus mecanismos de supervisão e regulação. Uma grande variedade de instituições financeiras frouxamente reguladas e displicentemente supervisionadas passou a constituir a contraparte da transferência de riscos de crédito do sistema bancário e a carregar riscos crescentes. O artigo procura discutir a interação dessas instituições financeiras, incluindo algumas características do principal palco dessa interação -os mercados de balcão -e a utilização de determinadas inovações financeiras que amplificaram a crise. Dada a complexidade e opacidade dessas instituições e mercados, busca ainda explicitar a necessidade de aperfeiçoamentos na sua regulação e supervisão.PALAVRAS-CHAVE: crise econômica; capitalismo financeiro; crédito; sistema bancário. SUMMaRyThe financial crisis triggered by increasing default rate, real estate devaluation and financial asset depreciation combined with U.S. subprime mortgages brought about the debate over the framework of the U.S. and international financial systems, their potential systemic risks, and their regulatory and supervisory mechanisms. A great variety of financial institutions which were poorly regulated and badly supervised changed into the counterpart of the credit risk transfer from the banking system and started to hold increasing risks. This paper deals with the interaction of these financial institutions, including a description of some features of the major stage in this process -the so-called over-the-counter (OTC) market -and the use of financial innovations which amplified the crisis. It also aims to clarify the need for improvements in terms of regulation and supervision considering the complexity and opacity of these institutions and markets. IntROdUçãOA crise financeira iniciada nos Estados Unidos, em meados de 2007, em decorrência da elevação da inadimplência e da desvalorização dos imóveis e dos ativos financeiros associados às hipotecas americanas de alto risco (subprime), tem renovado os questionamentos sobre a arquitetura contemporânea do sistema financeiro americano e internacional, seus potenciais riscos sistê-micos e seus mecanismos de supervisão e regulação. Essa arquitetura específica transformou uma crise de crédito clássica em uma crise
a arquitetura do sistema financeiro internacional contemporâneo maryse farhi marcos antonio maceDo cintra* The architecture of the current international financial system. This paper discusses some features of financial institutions and instruments which originated the financial crisis triggered by increasing default rate, household real estate and financial asset depreciation combined with U.S. subprime mortgages. The first part presents major crisis events in a chronological order. The second part describes the interconnection of the institutions and markets which engendered a global shadow financial system. The third part focuses on an overview of measures taken by government authorities and large banks to bring about possible solutions for the global financial crisis.
Com o aprofundamento da crise financeira internacional no segundo semestre de 2008, diversas empresas produtivas de economias emergentes registraram enormes perdas nos mercados de derivativos de câmbio. Esse fato aponta para a dinâmica, muitas vezes, especulativa, das corporações no ambiente das finanças desregulamentadas. O objetivo do artigo reside em articular tais aspectos da lógica de atuação das empresas com a crise e discutir os impactos macroeconômicos dos prejuízos financeiros resultantes de apostas especulativas em derivativos.
ResumoA falha do mainstream da teoria macroeconômi ca em fornecer um conjunto adequado de instru mentos para entender e combater a crise econô mica desencadeou um debate entre os teóricos da tendência dominante sobre os próprios fun damentos e sobre as políticas macroeconômicas adequadas. O objetivo deste trabalho é investigar em que medida a crise teve consequências para as teorias e as recomendações de políticas macro econômicas do mainstream. Argumentamos que os novos keynesianos não passaram incólumes pela crise, eles próprios reconhecendo a necessi dade de adaptar seus modelos para a realidade observada. A principal mudança é o reconheci mento da não neutralidade do sistema financeiro, que coloca em questão a política monetária guia da por um instrumento, a taxa de juros de curto prazo, uma meta, a taxa de inflação, que seriam insuficientes para simultaneamente levar a um crescimento estável e próximo do potencial e manter a estabilidade do sistema financeiro. AbstractThe failure of mainstream macroeconomics to provide a suitable set of instruments to understand and fight against the economic crisis has triggered a debate among the dominant theoretical tendency, on its own foundations and on the macroeconomic policy that should be implemented after the crisis. The aim of this paper is to investigate to what extent the crisis affected mainstream macroeconomic theory and policy guidelines. We argue that new Keynesians did not pass unharmed by the crisis, themselvesacknowledging the need to adapt their models through the incorporation of new variables and ideas. The main change is the recognition of the non-neutrality of the financial system, which calls into question monetary policy guided by one instrument, the short-term interest rate, and by one target, the inflation rate, which would be insufficient to simultaneously lead to a stable and near potential output growth whilemaintainingthe stability of the financial system. Palavras-chave Novos keynesianos, Teoria Macroeconômica, Mainstream, Política macroeconômica, Novo Consenso Macroeconômico Classificação JEL B22, E60, E61
RESUMO Este artigo é uma tentativa de discutir as repercussões macroeconômicas da desinflação de uma bolha especulativa nos mercados de ações e de uma tendência de baixo preço estabelecida. Esta tendência de baixo preço como compreendem recomendações de analistas financeiros, balanços de empresas, empresas de auditoria e agências de notação de crédito dificultam a precificação de ativos, afetam a confiança dos agentes financeiros e contaminam suas expectativas. A crise de confiança provocada por essas revelações pode potencialmente impactar o crescimento econômico dos países desenvolvidos, começando pelos EUA, elevando a aversão ao risco por parte dos investidores e acionando mecanismos reforçados de regulação e supervisão em detrimento dos autorreguladores que vinham prevalecendo até o momento presente.
RESUMO Desde a implementação de um sistema de câmbio flutuante pelas autoridades econômicas brasileiras em meados de 1999, a trajetória da taxa de câmbio real tem sido caracterizada por extrema volatilidade, inerente a esse sistema. O mercado financeiro brasileiro, no entanto, tem a vantagem de possuir um mercado de derivativos razoavelmente líquido que pode contribuir para um ‘relacionamento’ menos turbulento com um regime de câmbio flutuante. No entanto, quaisquer possíveis benefícios desse mercado para a economia brasileira exigiriam: o uso rotineiro de derivativos financeiros por agentes econômicos em sua gestão de negócios, a eliminação de qualquer restrição ao acesso a mercados de derivativos por investidores estrangeiros e o aprimoramento dos procedimentos de supervisão e regulamentação. mecanismos.
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