Este artigo tem por objetivo compartilhar o trabalho realizado com crianças de 0 a 3 anos de idade, em três creches do município de São Bernardo do Campo/SP, sendo este vinculado ao subprojeto PIBID “Brincadeiras de agora, brincadeiras de outrora: as crianças e a produção das culturas infantis”. Fundamentado em Paulo Freire, em interlocução com outros estudos e pesquisas na área da infância, são apresentados aqui os saberes docentes construídos ao longo de um processo formativo dialógico, que tem como premissa a reflexão sobre a prática educativa, e como desafios, o olhar e a escuta sensível para as crianças e suas leituras de mundo. Tal processo tem possibilitado, ao coletivo, conhecer um pouco mais, não só o modo como meninos e meninas leem o mundo, mas como o comunicam, o que tem exigido se alfabetizar nas múltiplas linguagens infantis visando aprender com as crianças, ao mesmo tempo em que as ensinam, tendo por perspectiva a construção de uma educação emancipadora.
O presente estudo, de natureza teórica, constitui-se em uma etapa de uma pesquisa maior que tem por objetivo contribuir na construção de uma Pedagogia da Infância Oprimida. Analisa na obra de Paulo Freire quando, onde e como este autor explicitou sua compreensão de infância e criança. Realiza, neste sentido, um rastreamento em suas obras publicadas em português, iniciando pelo período que antecede seu exílio em outubro de 1964. Defende a obra de Freire como um referencial teórico importante para análise das condições de vida das crianças e, assim, para a constituição de uma pedagogia comprometida com a infância oprimida; pedagogia esta que possibilite abertura suficiente para ter com as crianças um olhar de respeito às suas singularidades, necessidades e direitos. Aproxima, então, o conceito de infância em Giorgio Agamben ao de inacabamento em Paulo Freire na perspectiva de constituição de uma Pedagogia pensada com as crianças. Conclui que já em sua primeira obra, “Educação e atualidade brasileira”, de 1959, Paulo Freire sinaliza para uma compreensão da criança como protagonista de sua/nossa história.
The article discusses the production of children's cultures based on the experiences of 3–5-year-old children with the language of comic books, focusing on gender relations. It is part of a doctoral research project conducted at FE / UNICAMP and investigates a case study in a municipal pre-school in the Greater ABC region in São Paulo, Brazil. It assumes that comic books viewed as media production interfere with children's ways of life, often reinforcing stereotypes found in sex differences. Combining philosophy, sociology and childhood education, it discusses how small children interact with comic books and what they reproduce, invent or reinvent when inspired by such materials. It emphasizes that comic books are part of children's material cultures and unveil symbolic aspects of children's cultures, which they share with each other and with adults in such a way that they observe patterns and identity values being negotiated in the sense that not only do they reproduce stereotypes of heteronormative culture, but also cross the boundaries of gender. In sum, the article sheds light on the challenge of bringing children to the debate about gender relations from the perspective of pedagogical proposals which might overcome sexist practices present in educational institutions.
Este artigo discute a produção das culturas infantis a partir das experiências de meninos e meninas, de 3 a 5 anos de idade, com a linguagem das histórias em quadrinhos (HQs), tendo como foco as relações de gênero. Reconhece as HQs como uma das produções midiáticas que interfere nos modos de viver das crianças, muitas vezes reforçando estereótipos fundados nas diferenças sexuais. Assim, em uma interlocução com a filosofia, sociologia, sociologia da infância, pedagogia da infância e arte, problematiza como as crianças se apropriam dos quadrinhos, o que deles reproduzem, inventam ou reinventam. Trata-se de um estudo de caso realizado em uma pré-escola municipal localizada na região do Grande ABC Paulista, que teve como procedimentos metodológicos: a observação e registro de campo, os relatos orais das crianças, a análise dos documentos oficiais da Rede Municipal de Educação e da pré-escola, entrevista com quadrinhista e a análise das HQs produzidas pelas crianças. Defende que meninos e meninas participam de maneira ativa na sociedade da qual fazem parte, portanto, não só reproduzem a cultura do mundo adulto, mas ao se apropriarem coletiva e criativamente desta produzem as culturas infantis. Demonstra serem as HQs parte da cultura material da infância, que se constituem em suportes para aspectos simbólicos das culturas infantis, que as crianças compartilham entre si e com os adultos e as adultas, onde se observam padrões e valores identitários sendo negociados; isso revela que elas não só reproduzem estereótipos da cultura heteronormativa, mas transgridem as fronteiras de gênero. Nesse sentido, aponta para o desafio de trazer as crianças para o debate acerca da relação “infâncias, mídia e gênero”, na perspectiva de (re)conhecer como elas fruem, produzem e vão além das imagens midiáticas. “Girls don´t draw cars… but there are girls who do it”: child cultures, gender and comics AbstractThis article discusses child culture-oriented productions based on the experience of boys and girls aged 3-5 with the language found in comics, focusing on gender relations. The article views comics as one of the media products which can be related to child behavior, from the perspective of sexual differentiated stereotypes. It also examines an association with philosophy, sociology, sociology of childhood, early childhood pedagogy and art, in a sense which casts light on how children interact with comics. It shows a case study conducted at kindergarten, in the Greater ABC region, which had methodological procedures: the field observation and recordings; the oral reports of children; analysis of the official documents of the Municipal Administration of Education and the documents of preschool; an interview with a comic artist, and analysis of comics produced by children. It supports that boys and girls actively take part in their societies. In fact, not only do they reproduce the adult world culture, but also produce child cultures. It demonstrates that comics are part and parcel of childhood as a symbolic resource to be shared among adults and children. It points out that identity patterns and values are in the spotlight, suggesting that gender boundaries are to be redrawn. In sum, the article prompts further reflections on childhood, the media and gender.Keywords: Childhood. Gender. Media. “Las niñas no dibujan coches… pero hay niñas que los dibujan”: culturas infantiles, relaciones de género e historietas ResumenEste artículo discute la producción de las culturas infantiles a partir de las experiencias de niños y niñas de 3 a 5 años de edad con el lenguaje de las historietas (comics), teniendo como foco las relaciones de género. Reconoce las historietas como una de las producciones mediáticas que interfiere en la manera de vivir de los niños, muchas veces reforzando estereotipos fundados en las diferencias sexuales. De esta manera, en una interlocución con la filosofía, sociología, sociología de la infancia, pedagogía de la infancia y el arte, problematiza como los niños, se apropian de las historietas, lo que de ellas reproducen, inventan o reinventan. Se trata de un estudio de caso realizado en un kindergarten municipal ubicado en la región del Grande ABC Paulista, que tenían los procedimientos metodológicos: la observación y el campo de registro; los informes orales de los niños; el análisis de los documentos oficiales de la Red de Educación Municipal y preescolar; entrevista con el cómic; y el análisis de los cómics producidos por los niños. Defiende que los niños y niñas participan de manera activa en la sociedad de la cual hacen parte, por lo tanto no sólo reproducen la cultura del mundo adulto, pero al apropiarse colectiva e individualmente de ésta producen las culturas infantiles. Demuestra que las historietas son parte de la cultura material de la infancia, que se constituye en soportes para aspectos simbólicos de las culturas infantiles, que los niños comparten entre sí y con los adultos, donde se observan patrones y valores de identidad siendo negociados; eso revela que ellas no sólo reproducen estereotipos de la cultura normativa heterosexual, pero infringen las fronteras de género. En ese sentido, apunta para el desafío de traer los niños para el debate acerca de la relación “infancias, media y género”, en la perspectiva de (re)conocer como ellas disfrutan, producen y van más allá de las imágenes mediáticas.Palabras claves: Infancia. Relaciones de Género. Media.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.