Em meio à savana-estépica brasileira, ou caatinga, encontra-se a Serra de Baturité, uma formação geológica que abriga a primeira e maior área de proteção ambiental (APA) do estado do Ceará. Criada em 1990, a Unidade de Conservação (UC) tem como objetivos basilares: o uso sustentável dos recursos naturais e a proteção da diversidade biológica local. Diante do exposto, este artigo tem como objetivo analisar o impacto eco-socioeconômico da implantação da APA de Baturité no último quinquênio (2015–2020). O estudo contempla os critérios teórico-metodológicos da pesquisa bibliográfica, documental, exploratória-descritiva, com constatações in loco. O recorte espacial compreende os municípios de Guaramiranga, Mulungu e Pacoti. A lógica capitalista da urbanização, a exploração turística e/ou imobiliária vêm causando impacto negativo tanto para o espaço físico-ambiental como para os meios socioeconômico e cultural. No entanto, constatou-se que as medidas mitigadoras e/ou compensatórias inseridas com a criação da APA de Baturité vêm contribuindo para diminuir o impacto ao ecossistema local e ampliar a consciência ambiental dos sujeitos sociais, além de favorecer o empreendedorismo orientado à sustentabilidade, com destaque para a produção do café agroecológico.
Este trabalho analisa os efeitos e as transformações na dinâmica socioprodutiva de comunidades rurais atingidas por construções de barragens no Semiárido nordestino. Na análise aqui proposta, o universo empírico são os agricultores familiares do Reassentamento Novo Alagamar, situado no município de Jaguaretama, estado do Ceará, que sofreram um processo de deslocamento compulsório em virtude da implantação da barragem Castanhão. A pesquisa foi realizada com um enfoque qualitativo, a partir de entrevistas, transcrição e análise dos dados. Constatou-se que os agricultores atingidos do reassentamento sofreram diferentes implicações em seus modos de vida e nas suas atividades produtivas, decorrentes do processo de desterritorialização. Não obstante, ao enfrentarem incertezas, violações e dificuldades, esses agricultores também articularam saberes antigos da vida anterior com os novos saberes advindos da mudança, gerando um processo de reterritorialização permanente.
As políticas de assistência técnica e extensão rural (Ater) no Brasil passaram por diversas modif cações ao longo do tempo, não obstante permanecem sendo importantes mecanismos de promoção do desenvolvimento rural sustentável e de fomento ao acesso dos agricultores familiares a outras políticaspúblicas. Nesse cenário, considerando o universo diverso da agricultura familiar no país, têm-se como sujeitos sociais que habitam o campo brasileiro as populações camponesas atingidas por barragens. Essas populações, historicamente, permaneceram à margem de diversas políticas sociais. Entretanto, visto os impactos ocasionados pelo processo de deslocamento compulsório a que são submetidas, entende-se que a Ater pode ser um importante mecanismo para contribuir no processo de reconstrução da dinâmica socioprodutiva dessas famílias nos seus novos locais de moradia. Dito isso, o presente trabalho tem comoobjetivo descrever uma experiência de implementação de um projeto piloto de Ater em reassentamentos atingidos por barragens no estado do Ceará, de modo a explorar as potencialidades, abordagens utilizadas, perspectivas e desafos, acentuados pelo período de isolamento social decorrente da pandemia de Covid-19 no ano de 2020. Utilizou-se uma metodologia de caráter descritivo e exploratório, com o foco em uma análise qualitativa. Assim, identifIcou-se que experiências do gênero ainda são escassas em nível nacional, e que a realidade analisada aponta para a importância de políticas de Ater como parte do processo de garantia de direitos e de compensação social para famílias atingidas por barragens, sendo uma ferramenta fundamental para a reterritorialização dessas populações.
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