O artigo tem como objetivo revisar algumas teorias clássicas sobre o campesinato que privilegiam as greves, rebeliões, ações contra o estado, organizações institucionais como espaços de expressão política dos camponeses. Reconhece-se a importância destas ações no cenário político, no entanto, elas nos dizem pouco sobre a luta mais vital e cotidiana levada na fábrica pela jornada de trabalho, pelo salário, pela autonomia, por direitos e por respeito. Para muitos trabalhadores tais formas de luta cotidiana podem ser a única opção disponível. O artigo propõe um referencial teórico-metodológico para compreender este amplo leque de formas cotidianas, fragmentadas e difusas de resistência.
Neste artigo, analisaremos algumas formas de resistência de trabalhadores migrantes de áreas rurais da região Nordeste que labutam na colheita da cana-de-açúcar nas usinas sucroalcooleiras do Estado de São Paulo. Privilegiamos a análise de alguns movimentos "espontâneos" protagonizados pelos cortadores de cana-de-açúcar nomeados como "paradeiros" ou "greves", os quais ocorreram no período de 2007 a 2012. Nossa proposta é compreender esses movimentos, como se inicia a ação, se existem lideranças, que estratégias são utilizadas para mobilizar os trabalhadores, que outros atores sociais estão envolvidos: sindicatos, procuradores do trabalho e pastoral dos migrantes. O artigo é fundamentado em diários de campo, entrevistas semiestruturadas com trabalhadores e sindicalistas, artigos de jornais e documentação audiovisual. Essas ações de resistência acontecem em um período de transformações das relações de trabalho, marcadas pelo contexto de crescente mecanização do corte de cana e de uma maior fiscalização das condições de trabalho promovidas pelo Ministério do Emprego e Trabalho e pelo Ministério Público do Trabalho.Palavras-chave: Trabalhadores migrantes. Resistência pública. Greves. Agronegócio.
Resumo O Submédio São Francisco, onde está situado o polo de fruticultura irrigada de Petrolina/PE e Juazeiro/BA, é reconhecido como uma das regiões de maior dinamismo econômico do Nordeste. A partir dos anos 1970, a região foi alvo de sucessivos investimentos públicos e privados, que resultaram em uma forte expansão do assalariamento formal, envolvendo uma significativa contratação de mulheres. Neste artigo, analisamos a inserção das mulheres como assalariadas da viticultura de exportação, sob um duplo aspecto: realçando as condições diferenciadas dessa inserção, frente aos homens; observando o alcance dos processos de conversão das condições de trabalho das mulheres em tema e objeto de barganha da agenda sindical.
O artigo tem como objetivo apresentar e analisar o conceito de “formas cotidianas de resistência” desenvolvido pelo cientista político americano James Scott em dois de seus livros: Weapons of the Weak: the everday forms of peasant resistance (Armas dos fracos: as formas de resistência cotidiana) e Domination and the Arts of Resistance: Hidden Transcripts (Dominação e as artes da resistência: transcrições ocultas). Abordamos, também, as influências teóricas de escolas e/ou autores sobre o pensamento de Scott, tais como o interacionismo simbólico de Erving Goffman. Na parte final do artigo, mencionamos algumas críticas formuladas ao conceito. Alguns consideram que as formas cotidianas de resistência são apenas uma válvula de escape e expressam falsa consciência, diferenciando-se da resistência real, estas sim constituidoras de práticas efetivamente transformadoras do sistema dominante. Apesar das críticas, o artigo pretende mostrar que a noção de formas cotidianas de resistência trouxe uma contribuição original para pensar a política de grupos subordinados para além de perspectivas clássicas das ciências sociais, que privilegiam as ações de movimentos sociais e partidos no processo de transformação social.
Parece consenso para a população brasileira que o setor canavieiro atravessa, nos últimos anos, uma nova fase de expansão, se apresentando, inclusive, como emblema do progresso e do que há de mais moderno, em termos produtivos, no país.
Neste artigo, analisaremos algumas formas de resistência de trabalhadores migrantes de áreas rurais da região Nordeste que labutam na colheita da cana-de-açúcar nas usinas sucroalcooleiras do Estado de São Paulo. Privilegiamos a análise de alguns movimentos “espontâneos” protagonizados pelos cortadores de cana-de-açúcar nomeados como “paradeiros” ou “greves”, os quais ocorreram no período de 2007 a 2012. Nossa proposta é compreender esses movimentos, como se inicia a ação, se existem lideranças, que estratégias são utilizadas para mobilizar os trabalhadores, que outros atores sociais estão envolvidos: sindicatos, procuradores do trabalho e pastoral dos migrantes. O artigo é fundamentado em diários de campo, entrevistas semiestruturadas com trabalhadores e sindicalistas, artigos de jornais e documentação audiovisual. Essas ações de resistência acontecem em um período de transformações das relações de trabalho, marcadas pelo contexto de crescente mecanização do corte de cana e de uma maior fiscalização das condições de trabalho promovidas pelo Ministério do Emprego e Trabalho e pelo Ministério Público do Trabalho. Palavras-chave: Trabalhadores migrantes. Resistência pública. Greves. Agronegócio.“SPONTANEOUS” MOVEMENTS: resistance of immigrant workers in cane fields Marilda Aparecida Menezes Maciel Cover In this article we analyzed some forms of resistance of immigrant workers from rural areas of the Northeast region who work harvesting sugar cane for sugar-alcohol works in the state of São Paulo. More attention was given to the analysis of some “spontaneous” movements played by sugar cane harvesters – called “stopper” or “strike” – that occurred from 2007 to 2012. Our goal is to understand these movements, how the action begins, are there leaders, what are the strategies used for mobilizing the workers, what other social actors are involved: unions, work attorneys and church groups. The article is based on field diaries, semi-structured interviews with workers and union members, newspaper articles and audiovisual documents. These resistance actions happen during a period of change in work relationships, influenced by the growing mechanization in sugar cane harvesting and a more strict control of work conditions promoted by the Department of Employment and Work and the Public Department of Work. Keywords: Immigrant workers. Public resistance. Strikes. Agribusiness.MOUVEMENTS “SPONTANÉS”: la résistance des travailleurs migrants dans les champs de canne à sucre Marilda Aparecida Menezes Maciel Cover Cet article présente l’analyse de la résistance des travailleurs migrants des zones rurales de la région nord-est qui font la récolte de la canne à sucre pour les usines productrices de sucre et d’alcool de l’État de Sao Paulo. Nous avons rivilégié l’analyse de quelques mouvements “spontanés” organisés par les coupeurs de canne à sucre, désignés comme “arrêts” ou “grèves”, qui ont eu lieu de 2007 à 2012. Notre propos est de comprendre ces mouvements, à savoir, comment ils commencent, s’il existe des leaders, quelles sont les stratégies utilisées pour mobiliser les travailleurs, quels sont les autres acteurs sociaux qui y participent: les syndicats, ceux qui vont à la recherche de ces travailleurs pour l’embauche, la pastorale des migrants. L’article se base sur les cahiers des charges, sur les interviews semi-structurées faites avec les travailleurs et les syndicalistes, des articles de journaux et des documents audiovisuels. Ces actions de résistance ont eu lieu au cours d’une période de transformations des rapports de travail marqués par un contexte de constante mécanisation de la coupe de la canne à sucre et par un contrôle des conditions de travail plus accru promu par le Ministère du Travail et de l’Emploi ainsi que par les Prud’hommes. Mots-clés: Travailleurs migrants. Résistance publique. Grèves. Agribusiness. Publicação Online do Caderno CRH no Scielo: http://www.scielo.br/ccrh Publicação Online do Caderno CRH: http://www.cadernocrh.ufba.br
The growing demand for ethanol has resulted in an expansion of the production of sugarcane in Brazil. Several studies have reported the degrading conditions and labour that have resulted in negative physical and psychological impacts, leaving workers with signs of illness. This has helped to demystify the image of ethanol as a 'clean' energy source. In spite of the increasing use of mechanized processes, the harvesting of sugarcane is still predominantly a manual process. This paper analyzes the manner in which the mills use kinship and friendship networks among workers to recruit and select migrants, who originate from peasant farming areas mainly located in the North-eastern region of Brazil. These social networks have a double face: on the one hand, they make possible the strategies of domination by mills over migrant workers; on the other, they establish worker support and mutual assistance practices during the periods they are far from their families.
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