No artigo "Práticas Semióticas -imanência e pertinên-cia, eficiência e otimização"
Resumo: Neste artigo, apresenta-se uma reflexão sobre como o conceito de corpo passou a fazer parte do conjunto epistemológico da teoria semiótica. Com esse propósito, estabeleceu-se um percurso que se iniciou com os estudos referentes às paixões desenvolvidos por Fontanille e por Greimas, em Semiótica das paixões (1993), e nas reflexões de Greimas sobre a estesia, em Da imperfeição (2002), obras que introduziram a problemática em relação ao conceito de presença, tema que, neste trabalho, será apresentado com base nos estudos desenvolvidos por Fontanille e por Zilberberg, em Tensão e significação (2001). Para esses autores, a presença semiótica baseia-se nas interações entre sujeito e sujeito, e entre sujeito e objeto, que ocorrem em um domínio discursivo denominado campo de presença. Jacques Fontanille dedicou grande parte de seus estudos a essas questões, porém, o autor propôs a denominação de campo posicional. Em busca de estabelecer um elo entre a noção de corpo e a de actante, Fontanille considerou que o corpo, operador da semiose, constitui-se pela carne e pelo corpo próprio. A carne, denominada moi, seria a instância enunciante, responsável pela tomada de posição no processo de semiose. O corpo próprio, que o autor designou soi, seria portador da identidade que se constrói no processo de semiose e no desenvolvimento sintagmático de cada semiótica objeto. As considerações de Fontanille em relação ao conceito de corpo próprio finalizam o desenvolvimento do tema discutido neste estudo, cujos objetivos foram de refletir sobre a maneira pela qual a noção de corpo foi incorporada à teoria semiótica e de como esse conceito foi tratado pelo autor.Palavras-chave: Actante, Campo posicional, Corpo próprio, Enunciação, Presença IntroduçãoO conceito de corpo é um tema presente em diversas áreas das ciências humanas, como: psicologia, fenomenologia, psicanálise, antropologia, sociologia, entre outras. Cada área aborda o tema de acordo com sua especificidade. A semiótica francesa, que não considera o universo ontológico, interessa-se em investigar o modo em que ocorre a representação discursiva desse conceito.Desde seus primeiros momentos, o projeto semiótico apresentou-se em constante desenvolvimento. Fundado na década de 1960, por um grupo liderado por Algirdas Julien Greimas, preocupou-se em desenvolver uma metodologia de análise voltada para entender de que maneira ocorre a construção do sentido em qualquer tipo de texto. Por questões metodológicas, seu foco teórico inicial foi direcionado à investigação dos elementos descontínuos. Organizada sob a forma de um percurso gerativo composto por níveis -fundamental, narrativo e discursivo -a metodologia semiótica sempre primou pela coerência de seus conceitos, buscando fazer ajustes em seu quadro teórico quando, em um desses níveis, surgissem instabilidades que comprometessem o todo teórico.No final da década de 1980, a temática passional, que envolvia os estudos semióticos da época, apontava para a necessidade de um aprimoramento no conjunto epistemológico, culminando n...
Neste trabalho, historiografamos os conceitos de enunciação e de figuratividade para demonstrarmos como despontaram e se desenvolveram na semiótica francesa, disciplina que se preocupa com o modo como o sentido é construído no discurso. Considerando a operacionalidade desses dois conceitos no discurso e o fato de na semântica discursiva a figuratividade ser responsável pelo reconhecimento do discurso como verdadeiro, também buscamos explicitar como a enunciação e a figuratividade se relacionam. Percebemos que os dois conceitos foram concebidos inicialmente como elementos de análise presentes apenas na semântica discursiva, mas passaram a integrar todos os níveis do percurso gerativo do sentido em um segundo momento. Além disso, ambos passaram a ocupar um lugar de destaque dentro da semiótica após a publicação de De l’imperfection, de A. J. Greimas. Para chegarmos a esse resultado, aplicamos à pesquisa a metodologia da historiografia linguística, disciplina conhecida por descrever e interpretar os produtos e os trabalhos resultantes da história de uma ciência ou de um conceito através de um levantamento dos autores e de sua bibliografia. O método desenvolvido por pesquisadores como E. F. K. Koerner, P. Swiggers e C. Altman, consiste em periodizar, interpretar as transformações sofridas pelos conceitos e descrevê-las visando ao estabelecimento, à fundamentação e ao desenvolvimento da teoria ou do conceito historiografado, que, neste estudo, são os conceitos de enunciação e de figuratividade a partir de estudos realizados por A. J. Greimas, J. Fontanille, J.-C. Coquet, D. Bertrand, entre outros semioticistas.
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