Este artigo se origina de uma pesquisa cujo objetivo foi avaliar as estratégias locorregionais de articulação entre os níveis de cuidado à saúde, considerando tanto a adequação às normas existentes (estratégia deliberada), quanto os desenvolvimentos criativos (estratégias emergentes) realizados nos contextos locorregionais estudados. A referência para julgamento (ato inerente à pesquisa avaliativa) foi a coerência com os princípios constitucionais definidores do SUS. Na realização do estudo de caso aqui relatado, foram obtidas informações através de documentos secundários, observação direta extensiva, questionários e entrevistas em profundidade com informantes-chave. Os resultados mostraram, com relação à articulação da atenção básica com os demais níveis de atenção à saúde dos Bororo no Polo-Base Rondonópolis, o predomínio de um modelo de organização dos serviços voltado para ações especializadas e de alto custo, em detrimento da valorização dos conhecimentos populares e das práticas de saúde tradicionais. Além disso, a estratégia deliberada para os Distritos Sanitários Especiais Indígenas foi transformada, tendo emergido uma estrutura como a preconizada pela noção de distrito sanitário sem atenção às especificidades da saúde indígena. Confirmou-se a suposição geral que orientou este estudo, segundo a qual existe uma enorme distância entre o que é declarado e formalizado nos planos elaborados de acordo com as normatizações e o que efetivamente ocorre no cotidiano dos serviços e no fluxo dos usuários.
RESUMO Neste artigo, pretendemos demonstrar o (des)compromisso do Estado com a conquista dos direitos indígenas à saúde a partir de cortes transversais ao longo dos séculos XX e XXI; e da análise grupal das organizações da saúde indígena em três contextos históricos: i) Serviço de Proteção ao Índio - SPI, em 1910, após a Proclamação da República; ii) Fundação Nacional do Índio - FUNAI, em 1968, após o Golpe Militar; e iii) Secretaria de Saúde Indígena - SESAI, em 2010, após a Constituição Federal Brasileira. Numa reflexão sobre o pensamento social de “ninguendade”, de Darcy Ribeiro, constatamos a não participação indígena na construção da nacionalidade brasileira sob a influência das ideias positivistas de assimilação presentes na criação do SPI e de integração da FUNAI, ainda embutidas na consciência dos brasileiros. Os direitos constitucionais emancipatórios na recomendação da interculturalidade na Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas apresentou avanços e recuos nas últimas décadas na SESAI, sob gestão federal do Ministério da Saúde desde 2002.
RESUMO Estudo de caso que objetivou descrever o fluxo entre os níveis da atenção à saúde dos Paresi, do Distrito Sanitário Especial Indígena de Cuiabá, no Mato Grosso. O fluxo previsto pelo Plano Distrital de Saúde Indígena não considera a organização local de saúde e a articulação entre as instâncias do Sistema Único de Saúde, situação que foi prevista no fluxo estabelecido pelos profissionais de saúde. A estes soma-se o fluxo estabelecido pelos indígenas. Concluiu-se que o fluxo que consta do Plano Distrital de Saúde Indígena é inaplicável; o estabelecido pelos profissionais de saúde prevê aproximação ao real, mas a não-observação da particularidade gera empecilhos para o acesso a outros níveis de atenção.
Este artigo apresenta resultados e reflexões a partir de dois projetos de pesquisa que tiveram por objetivo avaliar a articulação da atenção básica com os demais níveis do sistema de saúde, considerando tanto a adequação às normas existentes (estratégia deliberada), quanto os desenvolvimentos criativos (estratégias emergentes) em diversos contextos locorregionais. Foram realizados cinco estudos de caso, dois no Rio Grande do Sul (municípios da fronteira Brasil-Uruguai e municípios vinculados ao Consórcio Regional de Saúde da Região Centro) e três no Mato Grosso (três Polos-Base do Distrito Sanitário Especial Indígena Cuiabá). Todos os casos estudados apresentaram um fluxo formal distinto do planejado. A definição das estratégias de acesso resultou de arranjos criativos organizados pelos profissionais de saúde e usuários, que vão além daquelas produzidas no âmbito do aparato administrativo.
O artigo tem por objetivo apresentar uma experiência teórico-prática no ensino das teorias organizacionais na formação de bacharéis em Saúde Coletiva. A resposta à questão – de que introdução às teorias das organizações o Sanitarista precisa em sua formação –, no contexto de um sistema universal de saúde e de proteção dos direitos sociais, implica uma aproximação ao pensamento crítico na grade curricular da disciplina, para pautar o aprendizado de uma administração política voltada para as transformações sociais e mudanças organizacionais dos serviços de saúde. O conteúdo programático da disciplina propicia discussões temáticas utilizando conceitos como liderança; autogestão, etnografia crítica, práticas organizacionais verticais e horizontais, modelos de gestão gerencial e societal, e a perspectiva histórica e multidimensional nas análises das organizações. Essas reflexões contribuem no fortalecimento dos processos de democratização da gestão das políticas públicas, na organização dos serviços públicos e na reconstrução das expressões da área de Política, Planejamento e Gestão em Saúde no campo de conhecimentos e práticas da Saúde Coletiva. Inclusive, por coerência com o referencial epistemológico do próprio campo da Saúde Coletiva.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.