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55ARTE SIGNIFICATIVA dos fluxos migratórios internacionais do Brasil, tanto de imigrantes quanto de emigrantes, é constituída do que se convencionou chamar de "ilegais" ou "clandestinos". Isso impossibilita que se conheçam seus números verdadeiros por meio dos registros consulares (concessão de vistos de residência) brasileiros e estrangeiros. Pelo mesmo motivo, as informações advindas dos diversos censos demográficos do Brasil (imigrantes) e dos demais países (emigrantes) contêm, seguramente, erros por falta, cuja magnitude deve variar significativamente de país para país.A partir da década de 1980, ficou cada vez mais claro que um crescente número de brasileiros passara a residir no exterior, tema que, recorrentemente, tornou-se objeto de interesse da mídia. De país historicamente grande receptor de imigrantes estrangeiros, parecia que o Brasil estava se convertendo em forte expulsor de população. No entanto, permanecia a crença (ou ilusão) de que a entrada de imigrantes estrangeiros ainda superava a saída de brasileiros. De certo modo, era doloroso para a nossa auto-estima aceitar o contrário!
No Brasil, embora venha ocorrendo o envelhecimento acelerado da estrutura etária da população, estudos sobre migração de idosos são praticamente inexistentes. Este artigo apresenta as principais reflexões sobre as migrações de idosos apontadas pela literatura originada em países que se encontram em uma fase mais adiantada do processo de transição demográfica. Diferentemente dos fatores atribuídos à migração da população mais jovem, normalmente relacionados à busca de emprego e melhores salários, a migração de idosos é explicada pelas especificidades das etapas do ciclo de vida das idades mais avançadas, como aposentadoria, busca de suporte e reunião familiar. Estudos realizados com base na análise de fluxos migratórios de idosos, utilizando dados dos censos demográficos, mostram que estes fatores, destacados pela literatura internacional sobre o tema, também são importantes para as migrações de idosos no Brasil, embora o sistema de aposentadoria e as relações de suporte ao idoso particulares do país agreguem especificidades ao fenômeno. Com base nos aspectos discutidos, nota-se que os migrantes idosos podem ser divididos em, no mínimo, dois grupos: um deles composto por indivíduos com melhores condições de saúde e renda, que migram para usufruir os benefícios desta fase da vida, após a aposentadoria; e outro formado por idosos que, diante de uma insuficiência física ou financeira, migram em direção a locais onde podem encontrar suporte para as fragilidades que passaram a experimentar. O impacto na sociedade de cada um destes deslocamentos é bastante distinto. Palavras-chave: Migrações. Idosos. Envelhecimento. * As conclusões refletem apenas as opiniões dos autores, e não necessariamente das instituições a que estão vinculados.
ResumoA seletividade é uma característica marcante das migrações, dado que os migrantes não são elementos aleatórios em uma população, mas sim indivíduos com características bem definidas. Este trabalho busca aprofundar o debate em torno da seletividade da migração explorando os pressupostos teóricos existentes em diversas abordagens, especialmente os alusivos às causas e aos estímulos dos movimentos migratórios. Será dado destaque especial ao tratamento dado por cada abordagem na maneira como a seletividade expressa-se em relação às características demográficas dos migrantes. Com base na discussão apresentada vê-se que a seletividade é uma característica fundamental do fenômeno migratório, independente da escala de análise e da abordagem conceitual utilizada.Palavras-chave: Migração, seletividade, características individuais * Analista Socioeconômico da Coordenação de População e Indicadores Sociais do IBGE e Professor da pósgraduação da Escola Nacional de Ciências Estatísticas. Doutor em Demografia pelo CEDEPLAR/UFMG.
O artigo compara os diferenciais de rendimento do trabalho de bolivianos e nordestinos no Estado de São Paulo, com base nos dados do Censo Demográfico de 2010. A estratégia de comparar migrantes internos com os internacionais é uma forma de tentar entender como operam os mecanismos de seletividade, adaptação e discriminação por origem. Foram utilizados modelos estatísticos para controlar as análises e saber se bolivianos e nordestinos com características as mais próximas possíveis em termos de variáveis censitárias apresentariam um diferencial de salário, deixando apenas o local de nascimento como variável discriminante. Verificamos, a partir da decomposição dos diferenciais de salário, que os atributos produtivos desses imigrantes são valorizados de maneira diferente. As análises demonstram que os bolivianos “levam a melhor” quando comparados com nordestinos, que se encontram em uma situação pior dada a menor valorização de seus atributos individuais
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