Resumo: O objetivo deste trabalho é discutir os sentidos sobre a aids que circulam, tanto entre as travestis como nos aparatos da política pública, impactando na adesão delas às ofertas oficiais de cuidado em saúde. Argumentamos que é necessário compreender os sentidos de uma política do silêncio que vem descartando as narrativas das experiências sem compreender o universo das travestis, privilegiando um modelo biomédico de política de cuidado. Esse viés tem impedido o reconhecimento da multiplicidade de sentidos atribuídos à aids que performam barreiras e dificultam enfrentar a epidemia que permanece concentrada nesse segmento.
Tendo como referencial teórico o campo intelectual feminista, este artigo discute a fundamentação moral e sexista do modelo de tratamento proposto pelo serviço de atenção a usuários de álcool e outras drogas conhecido como comunidade terapêutica. A partir do acompanhamento da experiência de um grupo de mulheres em tratamento em serviço aberto (CAPS-AD), apresenta-se a possibilidade de constituição de um espaço de politização da intimidade de mulheres usuárias de drogas. Ao final, discute-se que, para além do tratamento do uso abusivo de drogas, o trabalho no grupo de mulheres potencializou o questionamento da sua condição de gênero, por meio da interpelação coletiva sobre as relações de subordinação e opressão às quais estão submetidas e do reconhecimento dos lugares de fragilidade e insuficiência historicamente a elas atribuídos.
RESUMOO presente artigo analisa a trajetória e consolidação do Movimento de Mulheres Negras (MMN) na cena pública brasileira ao longo dos últimos trinta anos. Através de entrevistas com militantes pioneiras e participantes desse movimento social bem como de levantamento de fontes documentais, o estudo teve o intuito de compreender quais processos subjazem a constituição desse novo sujeito coletivo, seus dilemas e redes de solidariedade com outros movimentos sociais, o lugar das hierarquias de gênero e raça em suas reivindicações, além do seu processo de institucionalização/burocratização e sua articulação com o Estado brasileiro.Palavras-chave: movimento social; mulheres negras; gênero; raça; identidades coletivas ABSTRACT This paper examines the trajectory and consolidation process of the Afro-Brazilian Women's Social Movement in the public sphere over the last thirty years. Trough interviews with activists and participants of this social movement as well as survey of documental sources, the study had the aim to understand those processes that underlying the constitution of these collective political subjects, and their dilemmas and solidarity networks with other social movements. Furthermore, this paper also discusses the role of hierarchies of gender and race in the Afro-Brazilian Women's Social Movement claims, and its process of institutionalization / bureaucratization along with its articulation with the Brazilian state.
ResumoEste texto apresenta um denominador comum entre a Psicologia Comunitária na América do Norte e na América Latina, entendido a partir do fim do espaço do político. Neste sentido, a partir da filosofia política, pretende-se uma análise crítica das duas posições (individualista e comunitarista) na Psicologia Comunitária, explicitando a importância do político no debate contemporâneo de uma Psicologia comprometida com a extensão dos valores democráticos. Palavras-chave: Psicologia comunitária; individualismo; comunitarismo; político.Community Psychology in the Americas: Individualism, Communitarism and the Exclusion of the Political. AbstractThis paper discusses the end of the political, seen as a common denominator between Community Psychology in North and Latin America. Based on political philosophy, this paper proposes a critical analysis of two positions in Community Psychology, individualism and communitarism, thereby emphasizing the importance of the political in contemporary debates of a psychology engaged in the extension of democratic values. Keywords: Community psychology; individualism; communitarism; political. A Psicologia Comunitária nas Introduzindo o DebateNão é novidade, especialmente para os psicólogos sociais da América Latina, a distância existente entre as Psicologias nos dois pólos da América. As Américas, separadas por tantos motivos, também se distanciam quando se pensa na Psicologia Social e, particularmente, nos fazeres que envolvem a Psicologia Comunitária (PC).Neste texto, buscamos explorar um outro ponto de vista que não o da distância, mas sim o da proximidade entre a Psicologia Comunitária Latino-americana (Andery, 1984; Lane, 1995;Prado, 1994;Wiesenfeld, 1994) e Norte-americana 2 (Kelly, 1990;Linney, 1990; Novaco & Manahan, 1980). Para tal, retomaremos as principais posições teóricas de cada uma (Montero, 1994), com o intuito de apontar um denominador comum entre a Psicologia Comunitária nas Américas, o qual estaria dado pela noção de fim do espaço do político e que, em nossa visão, é um dos debates críticos que poderia auxiliar na construção de uma Psicologia preocupada com a radicalização da democracia.Nosso argumento se construirá através do pensamento desenvolvido pela filósofa Chantal Mouffe (1993;, acerca do político e de suas críticas tanto ao pensamento liberal como comunitarista, a partir da tradição do pensamento político de Carl Schmitt 3 . Com Mouffe (1993), trataremos de identificar que a Psicologia Comunitária nas Américas, apesar de muitas diferenças e distâncias, estão próximas quando relativas ao pensamento político, ou seja, as duas concepções de Psicologia Comunitária acabam por propor, mesmo que inversamente, o fim do político.Seja a Psicologia Comunitária Norte-americana (PCNA) em uma concepção mais liberal ou a Psicologia Comunitária Latino-americana (PCLA) em uma concepção mais comunitária, as duas correm o risco de se tornarem um legitimador antipolítico, já que, como veremos no desenvolvimento de nossos argumentos, nas duas posições, uma delas mais ind...
RESUMO:As experiências das transidentidades não se adequam no conceito de nenhuma patologia, muito menos de alguma psicopatologia, sobretudo porque é inviável e impossível estabelecer critérios diagnósticos coerentes com a realidade das diversidades das experiências das pessoas que vivem identidades trans. Isso significa que a lógica da patologização tem historicamente revelado muito mais o esforço da manutenção de hierarquias de saber e do poder científico como formas de regulação das normas sociais e de coerção e submissão às normas de gênero do que propriamente a criação de mecanismos e critérios de atenção e cuidado à saúde integral. O processo histórico da patologização e da psiquiatrização das transidentidades gera prejuízos de várias ordens às pessoas trans, negando a dignidade, a relativa autodeterminação e a possível autonomia sobre seus próprios corpos, pois entende a expressão da vida das pessoas trans como um conjunto de comportamentos psicopatológicos, reduzindo-os a estereótipos e descrições prescritivas homogeneizantes. PALAVRAS-CHAVES: estudos trans; despatologização; transidentidades; saúde; psicologia. Abstract:The experience of trans identities does not fit the concept of any disease, or any psychopathology, especially because it is impossible to establish diagnostic criteria consistent with the reality of the diversity of the experiences of people living trans identities. This means that the logic of pathologizing has historically proven much more effort to maintain hierarchies of knowledge and scientific power as forms of regulation of social norms and coercion to gender norms than actually creating mechanisms and criteria attention and care to full health. The historical process of pathologization and psychiatrization of transidentities generates losses of several orders to trans people, denying the dignity, the relative self-determination and possible autonomy over their own bodies, reducing their experiencies to stereotypes and homogenizing prescriptive descriptions. Keywords: trans studies; depathologization; transidentities; health; psychology.Resumén: Las experiencias de transidentidades no se ajustan al concepto de ninguna enfermedad, y mucho menos ninguna psicopatología, sobre todo porque no es práctico y es imposible establecer diagnósticos consistentes con la realidad de la diversidad de las experiencias de las personas que viven iden tidades trans. Esto significa que la lógica de la patologización ha demostrado históricamente mucho más esfuerzo para mantener las jerarquías de conocimiento y poder científica como formas de regulación de las normas sociales y la coacción y las normas de presentación de género que en realidad la creación de mecanismos y criterios de atención y cuidado a la salud completa. El proceso histórico de la patologización y psiquiatrización de transidentidades genera pérdidas de varios órdenes a las personas trans, negando la dignidad, la libre determinación relativa y la posible autonomía sobre sus propios cuerpos, porque entendemos la expresión de la vida d...
O presente texto tem como objetivo apresentar pontos de intersecção entre o pensamento de Ernesto Laclau e Jacques Rancière acerca do povo como categoria política. A partir das principais referências sobre povo e populismo no pensamento dos autores busca-se identificar pontos de aproximação e distanciamento entre as formas conceituais que vinculam o povo como um efeito da articulação de elementos heterogêneos na emergência da própria política. Conclui-se que dois elementos de intersecção podem implementar o diálogo crítico entre os pensadores de forma a ressignificar historicamente a figura do povo como sujeito político contemporâneo.
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