RESUMO: O objetivo deste texto é discutir possíveis relações entre a temática das identidades docentes e o fenômeno da sindicalização do professorado. Para tanto, o artigo está divido em três partes. Em primeiro lugar, são apresentadas alternativas de articulação entre os dois temas, indicando os caminhos que me conduziram à investigação do sindicalismo docente. Em seguida, são resenhados alguns estudos que abordam a sindicalização do professorado, especialmente aqueles produzidos no âmbito do Projeto Sindicalismo Docente y Reforma Educativa en América Latina. Por fim, o escrito fornece pistas para a continuidade de investigações a respeito. Neste caso, dá-se destaque à necessidade de compreender a ligação entre produção de identidades docentes e processos de regulação do trabalho do professorado. Palavras-chave: Identidade docente. Sindicalismo docente. AméricaLatina.
Estudos sobre gênero e diversidade sexual em organizações sindicais do campo educacional ainda são incipientes, e os que existem se voltam especialmente à participação sindical das mulheres, sem discutir as concepções das organizações sindicais. Algumas análises atribuem motivos para tais lacunas: sendo os sindicatos instituições “públicas”, existem para a atuação masculina; ou estão centrados em lutas consideradas de caráter universal, portanto, as ações ligadas a políticas de gênero seriam secundárias e até mesmo prejudiciais. Contudo, nas últimas duas décadas, as discussões têm avançado, sendo possível encontrar políticas sindicais mais atentas às questões de gênero e sexualidade, paulatinamente incorporando que diferenças em relação a gênero e orientação sexual são componentes de processos de distribuição de poder e desigualdade social. Buscando colaborar com a compreensão desse tema, o artigo tem por objetivo examinar atribuições e competências das secretarias voltadas a gênero e diversidade sexual em 25 sindicatos filiados à Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE/Brasil), identificando se suas/seus dirigentes são do sexo feminino ou do sexo masculino. Os dados foram coletados por consulta aos estatutos das organizações e nominatas de suas diretorias, obtidos nas páginas web, por e-mail ou contato telefônico. Em suma, foi verificada a presença absolutamente majoritária de mulheres nas coordenações das secretarias, que têm atribuições, competências e nomenclaturas muito variadas, bem como um número muito pequeno de menções a questões relativas à diversidade sexual. Isso parece indicar, por um lado, uma representação ainda existente sobre supostas competências de homens e de mulheres, delegando a essas últimas cargos considerados de menor prestígio político. Por outro lado, denota um estágio ainda inicial dos debates a respeito, pois parece haver uma aceitação maior da institucionalização das questões relativas a gênero/mulher quando comparada com o debate sobre diversidade sexual, indicando nova clivagem e invisibilidade e/ou desconsideração das diferenças em termos de orientação sexual e identidade de gênero.
RESUMOO estudo examina a relação entre participação feminina e masculina no Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul -CPERS/Sindicato -, comparando filiação e presença nas diretorias da entidade segundo o sexo, para verificar se nessa entidade a situação das mulheres é diferente da sua situação em outras diretorias de sindicatos de classe, com base composta majoritariamente por homens. Discorre sobre a reduzida participação sociopolítica das mulheres, apresentando, também, números sobre docência e gênero no Brasil. Os resultados indicam inversão da proporcionalidade homens/mulheres na base da categoria em relação às direções da entidade, de tal maneira que, mesmo estando as mulheres bem representadas nesse sindicato, são os homens que ocupam os lugares com maior poder de mando e prestígio, como nas diretorias. Por fim, considerando que a atividade sindical é dominada por um viés masculino, questiona-se se o sindicato estaria tendo condições de acompanhar possíveis modificações na identidade docente, a partir da imagem que tem da categoria. RELAÇÕES DE GÊNERO -SINDICATO DOS PROFESSORES -PROFESSOR
RESUMO: Analisam-se as representações sobre relações de gênero na educação e as trajetórias sindicais de diretoras/es do 24º Núcleo do CPERS/SINDICATO (Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul -Sindicato dos Trabalhadores em Educação). No referencial, recuperam-se aspectos da constituição da docência que interferem nas representações sobre esse ofício: feminização, proletarização e sindicalização, bem como a fragilidade, nos sindicatos e na academia, das discussões sobre o impacto das relações de gênero no trabalho docente. Em termos empíricos, examinam-se: a escolarização dos sujeitos como estratégia familiar de ascensão social; as resistências a abordar o tema das relações de gênero; a tendência das mulheres a criticar comportamentos masculinos, em classe e na militância; e a dos homens de valorizar a atividade feminina. Palavras-chave: Docência e Relações de Gênero; Trabalho Docente; Sindicalismo Docente DISCOMFORT AND INVISIBILITY: THE REPRESENTATIONS OF GENDER RELATIONS OF UNIONIZED TEACHERSABSTRACT: This paper analyzes the representations of gender relations in education and the trajectories of CPERS/SINDICATO (the Teachers' Union -24th Section) board members. It takes up discussions on issues such as teaching feminization, proletariatization, and union affiliation and emphasizes that the discussions on the impact of gender relations on the teachers' work carried out at unions and the academia are characterized by a certain weakness. The following aspects are examined as well: schooling as a familial strategy of social ascension, resistance to talking about gender relations, tendency of women to criticize male behavior in class and in labor activism, and the tendency of men to valorize female activities.
O trabalho discute implicações do fenômeno da sindicalização docente sobre as identidades da categoria, em especial ao considerar-se o alegado processo de proletarização e a inclusão de funcionários nas entidades sindicais docentes. Baseia seus argumentos em duas pesquisas realizadas com sindicalistas do CPERS/SINDICATO (Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul - Sindicato dos Trabalhadores em Educação), que apresentam diferentes graus de participação na hierarquia política da organização. O referencial teórico recupera a gênese da escola e da docência, abordando duas de suas mais significativas imagens: trabalho feminino e proletarizado. Discorre sobre a sindicalização docente no Brasil, fenômeno que se oficializa a partir da promulgação da Constituição de 1988, mas que se consolida anteriormente a isso: durante as lutas por liberdades democráticas no contexto ditatorial. A análise revela uma variedade de posições, entre os sindicalistas, sobre a identidade dos docentes com relação à sua condição de trabalhadores em Educação ou de profissionais, ainda que um traço unificador seja a ausência de menção às modificações no processo de trabalho docente para justificar a proletarização. Também há concordância quanto ao aspecto instrumental das filiações, isto é, que a maior parte das pessoas se filia para obter vantagens pessoais. Nas conclusões, aponta-se para o caráter híbrido das atuais identidades docentes. Também se propõe para análise o fato de que, embora o termo 'trabalhadores em Educação' pudesse indicar uma diluição do professorado nos demais segmentos que atuam na escola, é perceptível o oposto, sendo os funcionários subsumidos na categoria docente.
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