IntroduçãoAs inter-relações entre arte e ciência são, desde há tempos, uma constante nas prospecções dessas áreas, como forma contínua de avanço do estado da arte da pesquisa. De artistas como Leonardo da Vinci, Paul Cèzanne e Eduardo Kac a cientistas como Galileu Galilei, Isaac Newton e Albert Einstein, aspectos como observação e criatividade permeiam as áreas, promovendo encontros absolutamente produtivos.Em contexto recente, a tecnologia se amalgama ao dueto de modo mais pontual, em encontros que resultam em criações de interfaces, modelos de simulação, visualização de dados e arte tecnológica, corroborando para a montagem de equipes colaborativas multidisciplinares, apontadas como inovadoras. Do exercício destes grupos resulta produtos, processos e criações artísticas que povoam exposições, mostras, fábricas e o cotidiano das pessoas por todo o mundo. A economia criativa aponta para esta configuração de equipe, produtos e processos, perfazendo um vetor para o avanço das áreas. Foi neste contexto que esta pesquisa teve início, motivada por um convite para participação de uma exposição internacional em música visual. O problema enfrentado envolve a visualização de dados e a interação, por lado, a poética tecnológica em mídias interativas, por outro, e questões técnicas de comportamentos complexos de objetos, a partir principalmente de uso de sensores. A resposta pretendida era o desenvolvimento de objetos interativos, capazes de responde aos usuários de modo autônomo, poético e sensível. Conceitos como interfaces cognitivas, atuadores, autopoieses, metadesign e comportamentos complexos formaram a base teórica da pesquisa, o que resultou na criação de três cubos interativos compondo uma interface tangível e multiusuário, a qual foi chamada C³. Os cubos podem ser levantados, rotacionados e movidos em uma sala por uma ou mais pessoas. Cada cubo detecta sua orientação (qual lado está para cima) e a proximidade dos outros cubos. Os cubos exercem relação dialógica entre si e com os interatores (usuários de artes interativa). Enquanto resposta, a transformação (Murray, 2003) percebida pelos interatores são variações de luzes e sons, emitidos pelos cubos. Textos e figuras impressas podem ser adicionados aos lados dos cubos de modo a ajudar na transmissão de algum conceito ou para complementar a interação poética.A forma cúbica escolhida faz referência à regularidade formal geométrica. O hexaedro metaforiza a regularidade, enquanto a tridimensionalidade faz referência ao trio arte, ciência e tecnologia. O interator finaliza a relação poética instaurada, compondo o elemento humano que conduz o processo ao interagir com os cubos, sem contudo controlar todo o processo, já que ele realiza ações em parceria com o sistema, que pode até se mostrar aleatório, na medida em que o próprio lançar os dados (cubos) é uma prospecção.Neste artigo são descritos o processo de criação e uma avaliação preliminar do C³. O texto está organizado
C³ -Cubos interativos