This is a review of a research line present in Brazilian social science studies about health and illness, characterized by a methodological emphasis in the cultural
A tensão desencadeada no Brasil desde 1996 pela pretensão do Conselho Nacional de Saúde de controlar a ética em pesquisa também nas ciências humanas e sociais, além das biomédicas que lhe incumbia acompanhar por força da legislação, é mais uma cena de combate entre esses dois conjuntos de saberes que se opõem desde o surgimento das primeiras ciências "morais" ou "do espírito", no século XIX-aprofundando o confronto entre os saberes herdeiros do fisicalismo iluminista e os que emergiram no bojo da reação filosófica romântica. É útil para a compreensão do enfrentamento atual conhecer os fios históricos desse processo e as estruturas ideológicas (teórico-metodológicas) que o animam, particularmente os da emergente e ambiciosa bioética-que inspira diretamente as regulamentações atuais do CNS e o sistema CEP/Conep de avaliação das pesquisas "envolvendo seres humanos".
RESUMO: A presença da psicanálise, como saber e instituição, modificouse bastante no Brasil, desde o final dos anos 1970, quando sua presença e influência visíveis na sociedade e na cultura nacionais tinham atingido o seu auge. Diversas análises recentes apontam para uma descentralização, diversificação e complexificação da oferta psicoterapêutica; ao mesmo tempo em que se reconhece um intenso recrudescimento da oferta de recursos religiosos ou para-religiosos. Inicialmente, esse reconhecimento se concentrou nas alternativas associáveis ao estilo Nova Era, características das camadas médias metropolitanas, que podem ser -frequentemente -consideradas como variações de uma cultura psicologizada. O crescimento da adesão às seitas pentecostais, principal característica dos desenvolvimentos religiosos nas camadas populares, parecia seguir uma outra lógica, também fartamente estudada. Mais recentemente, surgiram mediações entre as religiões evangélicas e pentecostais e a psicanálise que provocaram grande surpresa e inquietação nos meios intelectuais. O diálogo entre a pesquisa de Carvalho sobre esse último processo e a pesquisa de Duarte sobre a dinâmica das cosmologias (Weltanschauungen) religiosas e laicas em confronto na sociedade brasileira contemporânea permite apresentar novas interpretações desse quadro dinâmico.PALAVRAS-CHAVE: religião, psicanálise, protestantismo, pentecostalismo, psicologização.
Trata-se de um levantamento, revisão e análise da ampla literatura norte-americana articulada em torno do campo da Antropologia Médica que se tem dedicado à questão dos nervos, do nervoso ou do ataque de nervos nas últimas décadas. Procura-se apresentar o quadro dos pressupostos analíticos que ordenam as classificações prevalecentes nesse campo, esclarecendo assim não apenas a etnografia comparada do fenômeno dos nervos, mas também a própria estruturação conceituai da Antropologia Médica. Enfatiza-se os riscos dos reducionismos pela dominação/poder e pela dominação/gênero na necessária argumentação crítica contra os paradigmas biomé-dicos e sua leitura da "doença dos nervos". Argumenta-se por um conhecimento mais acurado da história desse fenômeno e pela sua contextualização no quadro dos demais modelos de pessoa e perturbação físico-moral correntes na cultura ocidental moderna. Procede-se à recuperação dos pontos centrais de contribuição da etnografia produzidos nesse campo para o conhecimento comparado dos nervos, aproximando-o das literaturas brasileira e européia a esse respeito.
Médias et Politique. Paris: Éditions Métaillé. 288 pp.
1Desde a publicação, em 1987, de Les Économies de la Grandeur (em colaboração com L. Thévenot), Luc Boltanski vem aportando sucessivas contribuições ao quadro analítico então inaugurado (Boltanski 1990; Boltanski e Thévenot 1989;1991), que é, grosso modo, contemporâneo à implantação do novo laboratório que anima na École des Hautes Études en Sciences Sociales (o Grupo de Sociologia Política e Moral -GSPM). La Souffrance à Distance refina e ilumina aspectos relevantes da história do sujeito na ordem política da cultura ocidental moderna, de modo mais fluente e ameno que as obras anteriores, verdadeiros manifestos epistemológicos sustentados por uma arquitetura analítica de impecável rigor.Esta nova obra reforça, sem dúvida, a impressão de novidade e riqueza que o esquema das "economias da grandeza política" veio aportar à sociologia contemporânea. A aplicação de uma rigorosa lógica empirista/nominalista aos problemas clássicos do vínculo sociopolítico, sem cair nas banalidades mais habituais do "individualismo metodológico", permite a Boltanski e seus companheiros de empreitada vigorosos recursos de análise de algumas áreas da vida social, sobretudo as que qualificam as sociedades modernas como "críticas" ou "reflexivas" (para usar dos seus termos).Numerosos e importantes trabalhos surgiram assim à sombra do GSPM, dedicados à análise das formas de "protesto", "denúncia" e "justificação" ("provas", "acordos", "traduções", "transportes" etc.) nas mais variadas áreas da experiência social das sociedades metropolitanas (justamente aquelas onde prevalecem as equivalências políticas propícias à generalização de um universo "crítico") 1 .Algumas estratégias analíticas dessa "sociologia da crítica" se afastam das práticas da sociologia européia e vêm ao encontro das da antropologia social que se desenvolve no Brasil: o pressuposto de equivalên-ENSAIO BIBLIOGRÁFICO
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