A Organização Mundial da Saúde desenvolveu um instrumento para avaliação de qualidade de vida através de um projeto colaborativo multicêntrico. São descritas a metodologia e as diferentes etapas de desenvolvimento do instrumento original. A seguir, é apresentado o desenvolvimento da versão em português. Através de uma metodologia própria foi realizada a tradução, discussão em grupos focais com membros da comunidade, pacientes e profissionais de saúde, seguida de retrotradução. O objetivo dos grupos focais foi discutir a adequação da tradução e da seleção de itens para avaliar qualidade de vida em uma cidade brasileira (Porto Alegre). O trabalho em grupo focal mostrou que o Instrumento de avaliação de Qualidade de Vida da Organização Mundial da Saúde (WHOQOL-100) apresenta condições para aplicação no Brasil em sua versão original em português.
Resumo O presente trabalho objetiva discutir o impacto da incidência dos casos de Aids nas representações e práticas da população, ou seja, em que medida o aumento do número de pessoas infectadas e a familiaridade com a doença modificam as representações e as práticas associadas à Aids. Tomamos por universo de investigação o bairro que concentra o maior número absoluto de registros de mortalidade por Aids da cidade de Porto Alegre. Neste contexto, a Aids não pode, ao menos não tão facilmente, ser pensada como algo distante. Sua grande incidência faz dela uma “coisa normal”, que passa a ser incorporada ao cotidiano. Assim, a familiaridade com a doença, que poderia gerar uma maior “conscientização” para a prevenção, acaba por produzir sua banalização. Esta por sua vez pode acarretar o descrédito de toda e qualquer atitude preventiva e retardar a procura da medicina como recurso terapêutico, seja pela minimização da gravidade da doença ou pela experiência de pessoas próximas para as quais “nada adiantou”.
A partir de dados quantitativos sobre a magnitude do aborto em pesquisas recentemente publicadas, este artigo retoma dados etnográficos a respeito da pratica do aborto com o objetivo de estabelecer uma discussão sobre sua disseminação, suas possíveis configurações culturais e sua legitimidade social no contexto de populações urbanas de baixa-renda no Brasil. O presente trabalho refere retrospectivamente a duas diferentes pesquisas empíricas e aponta uma estimativa sobre prevalência de aborto em torno de 34%; apresenta dados descritivos e os significados sociais tecidos em torno desta prática. Os estudos aqui apresentados buscam contribuir para o entendimento da tomada de decisão da mulher no que tange esta opção reprodutiva em um contexto onde o aborto é ilegal. O principal resultado destas pesquisas é apontar para uma fluidez de significados a respeito da interrupção da gravidez, o que permite construir uma tipologia que classifica os abortos, na perspectiva da população estudada, em toleráveis, condenáveis e recomendáveis. Através dos dados apresentados é possível inferir o quanto a dimensão do problema - tanto no que diz respeito ao numero de casos quanto à realidade das práticas abortivas e métodos - pouco mudou em um período de 20 anos no Brasil.
Resumo Tomo alguns autores (Darwin, Mantegazza, Herskovits, Willems e Bastide) como chaves para a construção do Rio Grande do Sul como um campo etnográfico. A partir de textos originais destes antropólogos, mapeio as características básicas daquilo que passa a ser identificado como uma área cultural. A problemática da diferença, face a uma suposta homogeneidade cultural nacional, é o ponto central que organiza e identifica o Sul como um constructo antropológico.
This article explores the emergence of ecolabeling of organic products in the context of the contemporary debate on global risks related to food production and consumption, focusing in particular on the implications for smallholder farming in Brazil. Independent certification is sustained by technical and bureaucratic mechanisms, sanctioned by international organizations and multilateral agencies whose power structures encourage the production of rules and systems of enforcement. By contrast, local food movements and civil society initiatives point to the emergence of alternative, participatory forms of ecolabeling. These local organizations have come up with new ways of constructing collective quality seals and assurances for products. They have spurred debates on the technologies, power structures and risks associated with corporate agriculture, large-scale pesticide use and chemically grown produce. As an alternative, ecolabeling requires a multi-level articulation of smallholder farming, food cooperatives and farmer markets, in order to create a local certification system for eco-sustainable produce and maintain the sustainability of traditional modes of existence of small farmers. Grounded in a long-term ethnographic study among ecological family farming in the western region of Santa Catarina, Brazil, this paper examines ecolabeling legal frameworks both globally and locally. It highlights the complexity of the eco-labeling process in Brazil, a context where diverse farmers' movements, non-governmental organizations and technical and State political actors grapple with questions relating to the social and economic values of sustainable organic agriculture. The data presented here is based on bibliographical, documental research and analysis of laws, decrees and norms. The study examines the recent historical process involving certification rules and regulations, especially those affecting agriculture. It also surveys the literature on the topic, bringing to light interpretive variations and other cases offering a contrast to Brazil's experience.
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