No Turismo, as produções acadêmicas existentes sobre o segmento de Turismo LGBT têm validado práticas do mercado e apresentado, exclusivamente, como justificativas para esse tipo de segmentação, a definição de um perfil econômico desses sujeitos. Neste trabalho temos como objetivo a problematização do segmento de Turismo LGBT com base na análise dos mecanismos de interpelação do sujeito LGBT como um turista LGBT. Questiona o modo como a oferta de produtos se dá pelo mercado turístico às pessoas LGBT, frequentemente, com apelo ao sexo. Não se furta, contudo, de reconhecer a busca pelo prazer sexual através dos deslocamentos turísticos, apenas se propõe à exposição dos mecanismos de controle do desejo dos sujeitos LGBT através de sua interpelação como turistas LGBT. Para isso, assume o folheto promocional da campanha “¡TRAE TUS COLORES!” como a materialidade de onde quatro sequências discursivas são tomadas para compor o corpus de análise. Esta campanha, apoiada pelo Instituto Brasileiro de Turismo (EMBRATUR), promoveu o Brasil como um destino turístico LGBT em dezembro de 2014 nas cidades de Madrid e Valência, na Espanha. A análise do folheto promocional se filia aos pressupostos teórico-metodológicos da Análise de Discurso francesa teorizada por Michel Pêcheux, que articula conceitos oriundos de três campos teóricos: Psicanálise, Materialismo Histórico e Linguística. Por isso, aproxima os conceitos de sujeito e ideologia para discutir os mecanismos pelos quais a ideologia interpela esses sujeitos, autorizando alguns sentidos ao seu desejo inconsciente e desautorizando outros. Este processo, responsável por identificar o sujeito e censurar o desejo, produz deslocamentos de ordem psíquica e física, interpretados aqui como a busca pela realização do desejo através das viagens. Assumindo, portanto, que a impossibilidade de tomar uma posição, bem como de inscrever o desejo, é o que promove o deslocamento do sujeito, a pesquisa faz um retorno no campo do Turismo.
O artigo propõe um gesto de leitura de três processos judiciais sobre suicídio e trabalho. Os casos levantados junto ao Memorial do Judiciário do Estado do Rio Grande do Sul correspondem às décadas de 1960 e 1970. Apresentados aqui na interface entre as duas disciplinas de origem dos autores, Psicologia e História, e entre duas obras: Suicídio e Trabalho: o que fazer? de Christophe Dejours e Florence Bègue (2010) e Sobre o Suicídio de Karl Marx (1846/2006). A Análise de Discurso é o dispositivo teórico analítico que proporciona essa interface sendo conhecimento de entremeio entre Psicanálise, Materialismo Histórico e Linguagem, através do qual procuramos analisar os efeitos de evidência presentes nos processos judiciais. O que quer saber um processo criminal de suicídio? Observamos que os processos trabalhados procuram cúmplices e culpados encarnados. O suicídio é um gesto absoluto e silenciado, tratado como um ato individual e, portanto, atribuído ao seu autor. Pouco se discute acerca do suicídio ou da situação em que é praticado. Menos ainda, a relação do suicídio com a sociedade em que é concebido. Perde-se o sujeito que engendra o gesto. Resta o sujeito autor na condição de depositário: causa e consequência de sua própria ação.
O presente artigo organiza-se em torno das produções sobre epistemologia em turismo no contexto ibero-americano. O fio condutor desta reflexão está fundado em dois pilares teórico-metodológicos: a produção de autores que identificam correntes ou escolas teóricas para a epistemologia do turismo – e mais especificamente o trabalho de Panosso Netto e Castillho Nechar (2014) – e o dispositivo teórico, analítico e metodológico da Análise de Discurso pecheutiana, em especial no conceito de arquivo. Esses aspectos direcionaram a busca de textos de epistemologia do turismo no site Publicações de Turismo, tido aqui como objeto de análise, resultando na formulação do objetivo do presente artigo: observar quais são as correntes teóricas predominantes sobre epistemologia do turismo em um arquivo elaborado a partir do site Publicações de Turismo. Na etapa de análise, recorreu-se ao levantamento quantitativo e à filtragem dos artigos que tratam do tema epistemologia no referido site, resultando em 60 artigos que compõe a base do arquivo. Na análise foram identificadas como abordagens teóricas predominantes a Fenomenologia, o Positivismo e o Sistemismo e no processo analítico foi constatada uma outra abordagem, nomeada de Complexa/Ecossistêmica.
Propõe-se uma leitura crítica comparada do conceito de efeito metafórico de Pêcheux (1969) com parte da bibliografia de Saussure: Curso de Linguística Geral (CLG) e Escritos de Linguística Geral. Com a publicação do CLG (SAUSSURE, 1916), o pensamento saussuriano consolidou uma ruptura paradigmática no fazer das ciências humanas. Mais do que influenciar, essa revolução foi base epistemológica e ponto de diferenciação para o florescimento de diversas correntes teóricas. A Análise de Discurso, fundada por Pêcheux, aparece como área de entremeio entre a linguística saussuriana, o materialismo histórico e a psicanálise. Análise Automática do Discurso (1969) é a obra seminal do campo, definindo o panorama teórico no qual se forja o efeito metafórico, mecanismo pelo qual uma substituição de termos mantém o efeito de sentido no fio do discurso. Delineamos com estado de língua o ponto de ancoragem para que relações sintagmáticas e associativas fossem lidas no funcionamento do efeito metafórico, estabelecendo condições para abordarmos a evolução da língua discursivamente com os compromissos do espírito e a analogia. Na esteira do interesse renovado pela AAD-69, objetivou-se proporcionar aos analistas do discurso uma leitura do conceito de efeito metafórico à luz de uma interlocução que resgatasse preceitos basilares da linguística saussuriana.
Este trabalho se propõe a oferecer uma contribuição da análise do discurso para os estudos no campo do turismo. Reconhecendo a condição plural e contraditória da produção do conhecimento neste campo do saber, buscamos problematizar o modo como a motivação de viagem é produzida como própria do sujeito. Dessa forma, filiados ao dispositivo teóricometodológico da análise do discurso proposta por Michel Pêcheux, apresentamos o sujeito do inconsciente como sendo aquele que se desloca, pois é da ordem do desejo. Com isso, posicionamos a motivação de viagem em oposição ao deslocamento do sujeito desejante. A motivação de viagem, apresentada como o teatro da consciência, é um efeito ideológico produzido pela interpelação do sujeito como turista, cujas evidências de si e dos sentidos servem para controlar, censurar e cercear o próprio desejo do sujeito. Essa produção ideológica está ligada à realização da ideologia dominante no interior do turismo, apresentado como aparelho ideológico de Estado, responsável pela reprodução das relações de produção, que são as relações de exploração capitalistas, nas quais o desejo dos sujeitos não possui lugar.
Contribuir com a produção acadêmica em Turismo é ir além de sistematizá-la ou buscar validar, a partir de uma formulação teórica, ocorrências observadas empiricamente. O processo de produção do conhecimento deve também problematizar aquilo que já está posto como saber estabilizado, propondo outras interpretações possíveis. Com base nesse entendimento propõese como objetivo, neste artigo de teor ensaístico, uma revisão crítica sobre as bases teóricas que fundamentam a noção de segmentação no quadro conceitual do Turismo. Metodologicamente, tal reflexão é feita a partir do referencial teórico da análise do discurso pecheutiana. Considerando os achados resultantes da articulação entre revisão bibliográfica sobre a segmentação e os conceitos discursivos de coisas-a-saber, forma-sujeito e pré-construído, formularam-se três pontos-chave para a problemática em questão, quais sejam, a forma-sujeito do discurso acerca da segmentação, a questão conceitual de entendimento do produto e a lógica disjuntiva da segmentação turística. Tais pontos-chave permitem assinalar a lógica disjuntiva que permeia o processo de construção de segmentos como uma prática prioritariamente administrativa/gerencial, que remete a uma acepção mercadológica do Turismo, ainda sem uma sustentação conceitual que a fundamente.
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