RESUMO -Racional -A esofagectomia laparoscópica transhiatal para doença benigna ou maligna do esôfago é cirurgia complexa, associada a altas taxas de morbimortalidade. Nas últimas décadas ganhou aceitação para o tratamento do câncer de esôfago e algumas doenças benignas por evitar toracotomia, diminuindo, assim as complicações associadas a essa abordagem.
INTRODUÇÃOEm todo o mundo, o câncer de esôfago é a sexta maior causa de morte por neoplasia. Em 2003, 13.900 novos casos foram registrados nos EUA com 13.000 óbitos. Essa alta taxa de mortalidade explica-se pelo fato de que mais de 50% dos pacientes apresentam tumor inoperável no momento do diagnóstico. Os principais tipos histológicos são carcinoma epidermóide e adenocarcinoma, sendo o primeiro com taxa de incidência superior, embora nos EUA haja uma equivalência entre ambos. Os principais fatores de risco são o tabagismo e o etilismo, sendo os homens mais acometidos que as mulheres (4,23) . A esofagectomia transhiatal para doença benigna ou maligna do esôfago é cirurgia complexa, associada a altas taxas de morbimortalidade. Nas últimas décadas ganhou popularidade e aceitação com ORRINGER (21). e PINOTTI et al.(23) para tratamento do câncer de esôfago. Em nosso meio, a esofagectomia sem toracotomia foi publicada por FERREIRA (7,8,9) e iniciada no serviço, em 1982, por TINOCO et al. (30,31) . A necessidade de diminuir as complicações per e pós-operatórias favoreceu o desenvolvimento de técnicas minimamente invasivas (20,26,29,33,34) , como a esofagectomia laparoscópica transhiatal (ELTH), inicialmente descrita por DePAULA et al.(3) e, a seguir, por SWANSTRONM et al. (27) A cirurgia laparoscópica é considerada padrão-ouro para colecistectomia e hernioplastia hiatal. Suas vantagens incluem morbidade, dor e permanência hospitalares menores (21,22,27,28,29,30) . O objetivo deste trabalho foi avaliar aspectos das complicações per e pós-operatórias e da evolução dos pacientes submetidos a ELTH no Serviço de Cirurgia Geral e Laparoscopia do Hospital São José do Avaí, em Itaperuna, RJ.
MÉTODOSNo período de novembro 1993 a junho 2005, 64 pacientes foram submetidos a ELTH por neoplasia esofagiana. Houve predomínio do sexo masculino (81%), com média de idade de 56,5 anos (29-73 anos). A apresentação clínica e os hábitos sociais dos pacientes estão demonstrados nas Tabela 1 e 2, respectivamente, e o estádio da doença no momento do diagnóstico na Tabela 3. A análise histopatológica demonstrou 46 casos de carcinoma epidermóide (72%) e 18 de adenocarcinoma (28%). A localização primária do tumor era assim distribuída: 2 casos (3,2%) se encontravam no terço superior do esôfago, 32 (50%) no terço médio e 30 (46,8%) no terço inferior.A abordagem dos pacientes era feita com a realização de radioterapia e quimioterapia neo-adjuvantes, segundo mostra a Figura 1 e a avaliação pré-operatória incluiu