Neste artigo, apresentamos e analisamos expressões públicas dos sentimentos de diversos atores que participam de um processo judicial. Propomos que é através dessas formas de expressão, e não como papéis estabelecidos formal e previamente pelo direito, que se constroem as figuras de “público”, “vítima” e “culpado”. Ainda mais, buscamos entender como as moralidades acionadas na administração judicial de conflitos, em especial em casos onde se coloca em questão a interpretação da legitimidade da ação violenta da polícia, constroem e/ou legitimam tais sentimentos. Da mesma forma, exploramos como essa interpretação constrói determinados sensos de justiça. Com base nessa discussão, buscamos avançar no campo de questões que articulam a antropologia do direito com a análise das moralidades acionadas nos processos de administração judicial de conflitos. Privilegiando a perspectiva etnográfica, propomos fundamentar essa análise na descrição do júri do “caso Juan”, conhecido especialmente no estado do Rio de Janeiro, onde ocorreu. Focalizamos nossa descrição etnográfica nas diversas emoções e performances expressos pelos agentes do julgamento.
Como antropóloga de orig e m a r g e n t i n a , a c a t e g o r i a "desaparecido(s)" me remete a um universo de sentidos atrelado a uma tradição política e social específica. Intimamente referido ao movimento de direitos humanos, "desaparecido", na Argentina, é um ato político que refere quase intrinsecamente aos crimes cometidos pelo governo militar (1976-1983) e ao consequente ato de demanda de justiça criado e organizado em torno dessa figura. Uma vez no Rio de Janeiro, deparei-me com outro sentido. "Desaparecidos" eram os corpos "sumidos" nas favelas cariocas, seja pela ação da polícia, seja pela ação
Neste artigo proponho-me a refletir sobre minha participação em um "juicio" contra seis policiais, acontecido na cidade de La Plata, na Argentina. A partir do meu envolvimento como "testigo" e do acompanhamento da audiência, identifico a confluência de três saberes distintos: o antropológico, o jurídico e o judicial. A partir dessa distinção, proponho pensar a relação entre fatos e leis como própria de diferentes saberes e, portanto, tendo diferentes graus de legitimidade e de verossimilhança no âmbito dos tribunais. Meu objetivo é mostrar que, no "juicio" do qual participei, o saber antropológico, o jurídico e o judicial apresentaram sensibilidades jurídicas, relativas às posições e interesses defendidos e aos fazeres específicos que eles representam.
In this article, my proposal is to reflect about my participation in a judgment against six policemen, which had happened in La Plata city in Argentina. From the point of view of my engagement as a "witness" and from the observation of the session, I had identified the confluence of three kinds of knowledge: the anthropological, the juridical and the judicial. From that distinction, it will be suggested to think about the relation between facts and law as being specific from different types of knowledge, and furthermore having different levels of legitimacy and likelihood in the judicial context. My goal is to demonstrate that, in that judgment, the anthropological, the judicial and the juridical knowledge present legal sensibilities related to the positions and interests being defended, and to the specifics actions that they represent
O presente número de Antropolítica: Revista Contemporânea de Antropologia, através do Dossiê “Direitos Humanos: conflitos, moralidades e direitos”, reúne oito artigos que, a partir de uma perspectiva etnográfica, analisam e discutem práticas, sentidos e valores associados ao campo dos direitos humanos; expressos em lutas por justiça e processos de demanda por direitos e reconhecimento, em universos empíricos distintos, como encarceramento, violência policial, direito à saúde, acesso à justiça e lutas por identidade e terra.
Artigo RESUMONeste artigo propomos pensar questões sobre "Segurança Pública" a partir das políticas vinculadas à área, focalizando na forma em que a mesma é concebida como um campo de intervenção política. Buscamos relacionar essas concepções com a constituição da "Segurança Pública" como um campo de conhecimento, partindo da análise do que chamamos de lógicas corporativas, argumentando que elas tendem a favorecer certos particularismos em torno das formas como são concebidas as formas de administrar os conflitos, favorecendo a adoção de estratégias repressivas, de matriz militar ou do direito. Isso ocorre em um contexto no qual não se pode pensar em sistemas de integração de instituições, mas em formas competitivas de lidar com a informação e, dessa maneira, construindo saberes particulares sobre os fenômenos da criminalidade e da violência, redundando em formas igualmente particularizadas para lidar com os mesmos. Palavras-chave: Morte violenta; Favelas; Práticas policiais; Juventude. ABSTRACTIn this article we propose to think about "Public Safety" issues from the policies related to the area, focusing on the way in which it is conceived as a field of political interven-tion. We seek to relate these conceptions to the constitution of "Public Safety" as a field of knowledge, starting from the analysis of what we call corporative logics, arguing that they tend to favor certain particularisms around the ways in which the ways of man-agement conflicts are conceived, favoring the adoption of repressive strategies, military matrix or law. This occurs in a context in which one can not think of systems of integra-tion of institutions, but in competitive ways of dealing with information and, thus, building particular knowledge about the phenomena of crime and violence, resulting in equally particularized forms for deal with them.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.