A discussion about collective practices within the field of public health, based on two perspectives, is presented. On the one hand, an expansion of the concept of collective is proposed, initially, by questioning the way in which this term has been used in human and social sciences since the modernity project. Meanwhile, some paths to access another way to understand it, defined as transindividual, are presented. On the other hand, the possibility of experiencing this concept within collective public health practices is analyzed, starting from the experience of developing and implementing the National Humanization Policy of the Ministry of Health (Humaniza-SUS).
A saúde coletiva tem se constituído como uma nova forma de conceber a saúde e a doença, produzindo mudanças nas práticas de atenção/gestão do SUS (Sistema Único de Saúde). Dentre essas mudanças, destaca-se a aposta na produção de um tipo de relação entre os sujeitos e em certo modo de trabalhar em equipe. Nesse contexto, foi criada a Política Nacional de Humanização (PNH), favorecendo a produção de espaços e práticas coletivas, dentre os quais a Residência Multiprofissional (REMU). Este trabalho teve por objetivo acompanhar e analisar processos de criação de dispositivos consonantes com a PNH em um Hospital Universitário, a partir das intervenções produzidas pela REMU. O método utilizado foi a Cartografia, que possibilitou o mapeamento das forças presentes nas relações em que se constrói tal projeto de saúde. Através da atuação multiprofissional, criaram-se no cotidiano do hospital mecanismos de fortalecimento do SUS ao se experimentarem novos modos de cuidar e organizar os serviços.
O campo do saber e poder da psicologia clínica, ao incorporar o "princípio da desnaturalização" operado por Foucault, redefine seu objeto e seus dispositivos ético-metodológicos. Trata-se de uma clínica institucional que problematiza a interioridade e a subjetividade instituída. Analítica por excelência a clínica não objetiva um retorno à totalidade. A análise pretende tornar visível a multiplicidade do ser. Visa constituir territórios nômades e múltiplos. Três princípios éticos fundamentam o tornar-se clínico: ser crítico de si mesmo e do si mesmo; revelar sua posição no espaço-tempo; situar seus objetivos, a fragmentação das formas instituídas, singularizando-compondo territórios existenciais, atualizando o pensamento do múltiplo.
O texto analisa caminhos possíveis para uma prática clínica no/de território, no contexto do Sistema Único de Saúde (SUS). A trajetória de trabalho como psicóloga de uma de suas autoras, de 2007 a 2015, em diferentes unidades do SUS, serviu de campo para uma cartografia, entendida como método de pesquisa-intervenção. Nesse contexto, acompanhamos processos de constituição de diferentes modos de pensar e de fazer clínica, a partir de registros de cenas do cotidiano de trabalho. Estas, uma vez revisitadas, compuseram uma narrativa cartográfica de experiências. A pesquisa foi pautada por algumas noções: de clínica, como catalisadora de encontros produtores de passagens e desvios, operada no “entre fronteiras”; de saúde, como processo de produção, realizado por meio de agenciamentos; de território, como espaço de vida e processo. Com a pesquisa, afirmamos ser possível construir uma prática clínica de “corpos agenciadores” que se faz “no” território de vida das pessoas, e “de” território, ao incorporar seus elementos e acompanhar o movimento de (des)construção de paisagens subjetivas, num plano coletivo e movente. Ao engajar-se com o plano de constituição da vida, onde ela acontece, esta clínica se faz política, posiciona-se frente aos regimes de sociabilidade postos, fortalecendo o que há de público no SUS.
O número Simondon, o meio de um pensamento processual, da revista Informática
na Educação: teoria & prática traz, em uma abordagem transdisciplinar, as contribuições do
pensamento do filósofo francês Gilbert Simondon, cuja obra permanece pouco difundida no Brasil.
Mais conhecido como filósofo da técnica e da individuação, pelas obras Du mode d’existence
des objets techniques, L’individu e sa genèse physico-biologique e L’individuation psychique et
collective, e outras publicações mais recentes que vem ampliando estas contribuições para diversos
campos do saber na contemporaneidade. Alguns princípios e formulações marcam o pensamento
processual de Simondon: o privilégio concedido ao devir, ao tempo e à relação. O conceito de
relação ocupa aí um lugar de gênese e de transformação, de plano constitutivo situado aquém
e além dos termos, dos sujeitos e objetos, fazendo coincidir a atividade relacional com o próprio
processo de individuação. Processo que se apresenta como a principal base para a sua análise
sobre os objetos técnicos, sobre as relações entre o humano e a técnica, ou antes, entre o humano
e a matéria, relações não mais de dominação, mas de composição entre duas formas.
Nesse artigo a teoria da individuação de Gilbert Simondon é apresentada como uma das estratégias de superação de uma visão substancialista que ao longo dos séculos tem concebido os seres como formas estáveis e idênticas a si próprias, menosprezando os processos, o devir, a diferença, a irreversibilidade temporal. Tomando como eixo de análise o conceito de Informação, tal como formulado na Simondom, o de individuação, metaestabilidade, transdução, intensidade, numa articulação com conceitos de outros autores como Guattari, Prigogine, Stengers, Serres e Bydens, realiza-se da uma problematização de teorias que sustentam a supremacia da Forma, da substância e dos seres individuados, e propõem-se uma visão ontogenética na qual privilegia-se o processo de engendramento dos seres - o processo de individuação.
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