O artigo analisa os significados que os homens acusados de violência atribuem às agressões perpetradas contra as mulheres, no contexto da Lei Maria da Penha e de suas políticas públicas no Brasil. Chama a atenção também para as possíveis contribuições da abordagem interacionista e para a importância do foco nas ideias e nos valores nas análises das políticas públicas, principalmente aquelas que alcançam as identidades. A pesquisa realizada em Grupos de Reflexão para homens autores de violência em um Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher na cidade do Rio de Janeiro mostrou como alguns valores e ideias difundidos, como aqueles associados à "responsabilização" do agressor, são confrontados pelos homens. Muitas vezes eles recorrem às circunstâncias da situação nas quais ocorreram os conflitos interpessoais do casal de modo a denotar as agressões como uma resposta, ou até mesmo punição, ao comportamento inadequado das mulheres, que teriam desafiado a divisão tradicional dos papéis de gênero, reconhecida por eles como universalmente aceita.
RESUMO:Diferentes configurações familiares têm surgido na contemporaneidade em decorrência de avanços sociais. Entre as parentalidades emergentes, a homoparentalidade é a que mais se distancia do ideal social, já que evidencia a orientação sexual dos pais e mobiliza fantasias de que ela interfira no exercício parental e no desenvolvimento de seus filhos. Por esta razão, investigamos a experiência emocional de casais homoafetivos em relação ao preconceito vivenciado no exercício da parentalidade. Para isso, adotamos uma abordagem qualitativa psicanalítica e entrevistamos seis casais homoafetivos, fazendo uso de uma Narrativa Interativa, dado seu potencial de acesso lúdico e protegido à experiência emocional dos participantes. A análise interpretativa do material narrativo resultou em campos de sentidos afetivo-emocionais dos quais o campo "Que família é essa?" emerge como emblemático do preconceito sofrido pela família homoparental em decorrência de uma visão patriarcal e heteronormativa da sociedade. Embora os casais homoafetivos reproduzam em certa medida o padrão familiar heterossexual, seu modo de exercer a parentalidade aponta para alternativas criativas e levanta novos questionamentos.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.