A literatura acadêmica brasileira segue a tendência da literatura internacional, a qual tem demonstrado crescente interesse sobre as transformações no sistema capitalista causadas pelas novas tecnologias digitais, sobretudo as plataformas digitais e as tecnologias a elas associadas. Este texto para discussão tem como objetivo sistematizar e analisar o conhecimento sobre plataformas digitais produzido nas universidades brasileiras. Por se tratar de uma área de investigação científica emergente, dissertações de mestrado e teses de doutorado são objetos adequados para captar a efervescência da produção de conhecimento sobre o tema. O mapeamento da produção intelectual foi feito a partir da busca semissistemática de dissertações e teses nos acervos do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Identificaram-se, no período 2000-2021, 397 manuscritos. Uma clusterização baseada no método de classificação hierárquica descendente (CHD), utilizando o software IRaMuTeQ a partir dos resumos dos manuscritos, permitiu agrupar o corpus em quatro categorias: i) modelos de negócios; ii) mudanças na comunicação e mídia; iii) transformação das práticas e valores sociais; e iv) convenção das normas e regulações. Observa-se um crescimento da produção científica nacional em todos os clusters, embora com ritmos e fases distintas. O surgimento de novos clusters nos últimos anos pode indicar o espraiamento do sistema de tecnologias digitais para novos âmbitos e um possível amadurecimento do paradigma tecnoeconômico digital. Este levantamento identificou lacunas epistêmicas sobre o tema e pode orientar linhas de investigação promissoras, inclusive para a formulação de políticas públicas sobre o tema.
Muito se fala sobre o papel das tecnologias no uso dos recursos naturais de forma eficiente e, com a implementação da Agenda 2030, o tema ganhou ainda mais relevância. Este texto visa apresentar um panorama da eficiência no uso de água pelo mundo, reunindo informações através de uma comparação internacional utilizando o indicador “Alterações na Eficiência do Uso da Água ” do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 6 (meta 6.4). Espera-se que este possa ser um primeiro passo para estudos futuros que avaliem a possibilidade de implementação de tecnologias eficientes no uso dos recursos hídricos baseadas em experiências internacionais.
Entre 2013 e 2016, diversas regiões do Brasil sofreram com algum evento de escassez, seca e/ ou possibilidade de racionamento de água. Porém, a captação direta de Água Azul para uso consuntivo cresceu 6,38% no período. Por sua vez, a tecnologia é considerada um fator cada vez mais importante para o uso sustentável dos recursos naturais. Nesse contexto, o objetivo deste artigo é investigar o papel do efeito tecnológico sobre as variações no volume utilizado de água no Brasil entre 2013 e 2017. Para isso, são utilizadas matrizes insumo-produto ambientalmente estendidas e a análise de decomposição estrutural. Entre os principais resultados, destaca-se que o efeito tecnológico não tem contribuído para contrapor à pressão pelo crescimento do uso de água em geral. A partir desse tipo de identificação, o método proposto pode gerar informações úteis às políticas públicas em direção ao uso sustentável da água.
A inovação tecnológica é considerada um fator cada vez mais importante para o uso sustentável dos recursos naturais. Com a tecnologia, pode ser possível manter a quantidade produzida de um determinado bem reduzindo a pressão sobre o meio ambiente. No entanto, o ganho de eficiência no uso direto dos recursos naturais não significa, necessariamente, redução relevante dessa pressão. Para atingir esse objetivo, é preciso estar inserido em uma cadeia de produção sustentável, isto é, o ganho de eficiência não deve se dar somente no uso direto desses recursos, mas também no volume utilizado nos insumos para a produção do bem, o chamado uso indireto. Os objetivos deste artigo são mapear o uso de água ao longo da cadeia de produção no Brasil e estimar os impactos da adoção de tecnologias menos intensivas em água sobre a intensidade hídrica total e o uso de água. Para isso, foi empregado o modelo insumo-produto nacional para o ano de 2017. Os referidos impactos foram estimados a partir da hipótese de adoção de tecnologias menos intensivas em água por parte da agricultura, indústrias e saneamento. Entre os principais resultados, destaca-se que parte considerável da intensidade hídrica total das atividades econômicas se refere à intensidade indireta e que a adoção de tecnologias mais eficientes no uso de água, por parte de algumas atividades econômicas, tem o potencial de reduzir a intensidade hídrica total de outras atividades e de alterar a participação dos diferentes consumidores finais na demanda de água embutida nos bens e serviços.
A construção de políticas públicas para a prevenção e tratamento do HIV/Aids no Brasil é uma história de luta que une sanitaristas, pesquisadores e ativistas desde os anos 1980. Parte importante desse caminho está ligado à produção e distribuição de medicamentos antirretrovirais (ARV), iniciativas de redução do preço dos ARV e mobilizações da sociedade civil pela garantia de direitos, que contribuíram para criar um dos programas mais bem-sucedidos de combate à doença no mundo. Com base nesse histórico, este trabalho teve por objetivo analisar os gastos governamentais na aquisição de ARV selecionados no período entre 2005 e 2020, fazendo uma comparação com preços internacionais, à luz dos determinantes relacionados às disputas patentárias, ao licenciamento voluntário, às PDPs e às iniciativas para redução de preços de ARVs. Entre outros resultados, foi possível observar que não houve uma relação imediata entre o fim da concessão patentária e a redução de preços. Depósitos de outros pedidos de patente e a inexistência de concorrentes registrados nacionalmente, mesmo após a expiração da patente, podem ser fatores significativos para a manutenção de altos preços.
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