ResumoNo final do século XIX, intensificaram-se as ondas de colonização extrativistas e agropastoris no sul do antigo estado de Mato Grosso, atual Mato Grosso do Sul. Para os Terena, esse processo resultou na expropriação de territórios de ocupação tradicional, no recrutamento compulsório de homens e mulheres como mão de obra nos empreendimentos particulares, e na perda gradativa da autonomia política das comunidades. No início do século XX, foram criadas as reservas, com áreas muito inferiores às terras de ocupação tradicional. Ainda assim, os Terena reorganizaram-se nesses espaços, e, no final do século XX, aproveitando o processo de redemocratização da sociedade brasileira, passaram a protagonizar novas formas de reivindicação da demarcação de seus territórios tradicionais. Nesse novo contexto, evidencia-se o despertar guerreiro, que passa a conviver lado a lado com a conduta diplomática, que até então caracterizou o modo de ser terena. O despertar guerreiro é marcado por uma participação crescente das mulheres, também guerreiras, ampliando a participação feminina nos espaços públicos e na esfera política.Palavras-chave: Terena. Território. Reservas indígenas.1 Doutora em História pela UFGD, docente da UCDB e pesquisadora do NEPPI/UCDB,
A documentação da 5ª Inspetoria Regional do SPI traz inúmeras referências à exploração de recursos naturais nas áreas dos Terena, no sul do então Mato Grosso, atual estado do Mato Grosso do Sul. Exemplo disso é a Reserva de Cachoeirinha (município de Miranda), demarcada em 1905. Há diversos documentos acerca da extração de madeira e de cascas de tronco de angico na área. De acordo com ofícios e memorandos de funcionários do órgão, em alguns momentos essa extração foi proibida, mas ainda assim acontecia. A seguir, a transcrição de alguns desses documentos, que fazem parte do acervo de microfilmes do Fundo – Serviço de Proteção aos Índios – SPI do Museu do Índio, com cópias disponíveis no Centro de Documentação Indígena TekoArandu/NEPPI/UCDB, em Campo Grande, MS, cujo acervo está aberto a pesquisadores de outras instituições e às populações indígenas.
O diálogo interdisciplinar entre História e Antropologia é fundamental para a escrita de uma História que reconheça os indígenas como sujeitos históricos plenos. As fontes escritas inserem-se nesse contexto como importantes materiais de trabalho para os pesquisadores, juntamente com outros tipos de fonte: orais, imagéticas, audiovisuais e provenientes da cultura material. O presente artigo é resultado das reflexões desenvolvidas no âmbito do projeto de extensão “Cedoc: preservação do patrimônio histórico e cultural indígena no MS”, desenvolvido no Centro de Documentação Indígena Teko Arandu – Cedoc, no Núcleo de Estudos e Pesquisas das Populações Indígenas – NEPPI/UCDB. O objetivo é demonstrar as possibilidades de utilização de documentos oficiais e de materiais da imprensa nas pesquisas acerca das terras indígenas e das mobilizações em torno da retomada pelos indígenas dos seus territórios tradicionais.
Situando o documento O trabalho com documentos históricos é sempre um desafio, pois requer inúmeros olhares "outros" do pesquisador. Olhares que precisam de atenção para desconstruir a visão eurocêntrica de mundo, a compreensão de novos conhecimentos inferiorizados e negados pela colonialidade, promovendo o diálogo entre eles (WALSH, 2009), e, ainda, procurar mostrar o protagonista da população em discussão e a sua própria história (VIEIRA, 2015). Os documentos em discussão, todos do Serviço de Proteção ao Índio/SPI, encontra-se no Centro de documentação indígena "Antônio Brand" no Núcleo de
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