O Sul do estado da Bahia se notabilizou como um dos principais centros produtores e exportadores mundiais de cacau, ao longo do século XX. Entretanto, desde o final dos anos 1980,uma série de fatores estabelecidos tanto no plano externo, como no plano interno, contribuíram para a eclosão da chamada “crise do cacau”. A partir de então, observou-se o surgimento de novas estratégias empregadas por agricultores, cooperativas e empresas agrícolas, visando a reinserção da produção de amêndoas do Sul Baiano nos mercados nacional e internacional. Desse modo, o objetivo do presente trabalho foi analisar as atuais dinâmicas de especialização regional da produção de cacau no Sul da Bahia, dando-se destaque especial à produção de cacau orgânico certificado. Através de levantamento sistemático de dados secundários e da realização de pesquisas de campo, investigou-se a difusão daquele novo modelo de produção na tradicional região cacaueira brasileira, assim como a constituição do seu respectivo circuito espacial de produção. Por fim, constatou-se que, apesar da produção de cacau orgânico ter possibilitado uma maior autonomia econômica e política aos produtores, tal modelo também opera uma “segmentação da região”, à medida que poucos agricultores conseguem se inserir nos novos e mais rentáveis circuitos espaciais de produtos certificados
O presente trabalho trata das novas dinâmicas de especialização da produção de cacau no Sul do estado da Bahia. Desde a chamada “crise do cacau”, pôde-se observar a disseminação de novas formas de produção de amêndoas na região, dentre as quais se destaca a produção de cacau orgânico certificado. Tal modelo de produção alinha-se ao fenômeno de descomoditização da produção agrícola, o qual possui como característica a valorização de formas específicas de produção local, o fortalecimento da identidade dos produtores e, no caso do Sul Baiano, se estabeleceu como estratégia para superar a crise vivenciada pela região desde o final da década de 1980. Através de pesquisa empírica, avaliou-se as atividades desenvolvidas pela Cooperativa Cabruca e pela Rede Povos da Mata, organizações que atuam no apoio à produção de cacau orgânico certificado no Sul Baiano. O intuito de analisar aquelas diferentes organizações, foi averiguar em que medida a adoção de modelos distintos de certificação da produção orgânica (a certificação por auditoria e a certificação participativa) possibilita aos agricultores alcançarem maior autonomia econômica e, a região, tornar-se menos subordinada ao mercado de commodities. Finalmente, concluiu-se que apesar dos obstáculos existentes para pequenos e médios produtores obterem a certificação, a construção de articulações locais permitem aos mesmos se inserirem, paulatinamente, nos circuitos espaciais de produtos certificados.
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