Em uma espécie de dança entre o Contato Improvisação, Winnicott e Merleau-Ponty, o texto vai se constituindo a partir destes encontros e diálogos, para poder deixar surgir novas criações e novos voos na discussão dos temas desta dissertação.
Este trabalho teve como ponto de partida a problematização da relação entre corpo e espaço presente na dança realizada em salas de ensaio e em teatros italianos, questionando as ideias de um espaço neutro para o bailarino e de um único ponto de vista ideal para o espectador, e reconhecendo as relações de poder inerentes a essas espacialidades. A partir da reflexão sobre as criações em dança contextuais do projeto Corpo e Paisagem, defendeu-se a importância de práticas artísticas de posicionamento realizadas a partir de saberes localizados e de uma visão encarnada e contextualizada, para então rever os papéis do artista e do espectador e suas relações contemplativas e compositivas com a paisagem e com a obra artística.
O presente artigo parte de experiências performativas do projeto Corpo e Paisagem, realizado no Centro Cultural São Paulo (CCSP), para refletir sobre as relações ali traçadas entre corpo, espaço arquitetônico e cidade. A partir da contextualização histórica da construção do CCSP e de seu projeto arquitetônico, o texto busca compreender como as experiências sensoriais do projeto Corpo e Paisagem proporcionaram uma leitura sensível dos espaços, a fim de percebê-los não apenas em suas evidências, como também em suas entrelinhas. Ao acessar uma espécie de inconsciente da arquitetura, as criações contextuais resultantes do projeto desenharam possibilidades de ação e ocupação dos espaços não reprodutoras de valores patriarcais, colonialistas e capitalistas presentes nas formas arquitetônicas e em suas regras de uso.
O presente artigo parte das práticas desenvolvidas durante a Residência Artística Paisagens Mutantes, realizada na Casa do Lago na Unicamp e pertencente ao Projeto de Extensão Poéticas do corpo em paisagens pandêmicas: criar comunidades para reavivar afetos com a cidade. Realizada entre maio e junho de 2022, a residência buscou inspirações nas imagens de paisagens distópicas do filme Stalker (1979), de Andrei Tarkovsky, para pesquisar como seria possível desenvolver uma pesquisa em dança contextual a partir das ruínas causadas pela pandemia da Covid-19 e por um contexto político de destruição. Ao pesquisar as paisagens a partir de três qualidades de movimento – Corpo-Planta, Corpo-Porão e Corpo-Contágio – realizaram-se práticas de (de)composição em dança, buscando revolver o que apodreceu, aceitando a condição de precariedade e tecendo redes de cooperação entre distintos seres.
A pandemia da Covid-19 deixou mais marcas do que ainda é possível prever. Só no país foram mais de 35 milhões de casos registrados e mais de 690 mil óbitos até dezembro de 2022, quando ensaiamos este dossiê. Números que poderiam ter sido menores não fosse o descaso do governo federal ao deixar de impor medidas sanitárias urgentes e atrasar as compras das vacinas. As relações com o espaço público, com a rua, com a cidade, com o outro e com o meio social sofreram transformações vertiginosas.
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