O presente artigo visa analisar o relato escrito por Carmen Oliver de Gelabert, intitulado Viaje poético a Petrópolis, para tanto, basear-nos-emos no paradigma da descrição na tradução etnográfica, isto é, a realidade social apreendida a partir do “ver”, transformada em linguagem; do esforço de transformar o olhar do viajante em escrita, segundo nos explica Laplantine (1996) e de sua relação com a tradução interlingual (FERREIRA, 2017; JAKOBSON, 2011), pois a realidade que está acontecendo em uma língua estrangeira está sendo transmitida ao leitor na linguagem da narrativa de viagem, no entanto, há sempre a presença de termos exóticos que podem aparecer no relato de maneira discreta ou destacada. Somado ao exposto, acrescentaremos as categorias de classificação e de tradução de culturemas elaboradas por Molina (2006; 2011), que nos levaram a perceber a domesticação do relato de viagem escrito por Carmen Oliver.
O presente artigo nasceu de uma colaboração da UFRN com o Projeto BITRA- BITRA. Bibliografia de Interpretação e Tradução(Universidade de Alicante - ES), na qual, diante da falta de dados sobre a produção acadêmica brasileira referente à tradução, procuramos dar nossa contribuição. Assim, nosso objetivo principal é traçar um panorama crítico dos Estudos da Tradução e Interpretação (ETI) no Brasil a partir de um levantamento das teses realizadas e defendidas nas Instituições de Ensino Superior brasileiras: federais, estaduais e privadas que puderam ser encontradas primeiramente no BITRA e nos repositórios institucionais, no IBICT e no repositório de teses e dissertações da CAPES. O levantamento foi feito seguindo as bases de dados referenciadas acima e a ficha de catalogação de dados do BITRA que será exposta no artigo e de acordo com as diretrizes bibliométricas. Como resultado deste processo de coleta conseguimos catalogar 374 teses de doutorado sobre ETI defendidas no Brasil, que constituirão nosso principal corpusde análise.
Resumo: O presente artigo tem por objetivo apresentar palavras culturalmente marcadas (AIXELA, 2013) e/ou culturemas (NADAL, 2009;SOTO ALMELA, 2014) presentes nos relatos de viagem e, mais precisamente, na obra O Brasil tal qual ele é/ Le Brésil tel qu'il est, de Charles Expilly, polêmico viajante francês que fixou residência durante dois anos no Rio de Janeiro, em meados do século XIX. Trata-se de um livro riquís-simo, que foi deixado de lado pela historiografia brasileira e francesa por muito tempo e que nos propicia, graças às palavras culturalmente marcadas e/ou culturemas, uma reflexão sobre tradução (LAPLANTINE, 1996; FERREIRA, 2013) naquilo que diz respeito à transformação do olhar em linguagem, a fazer existir no texto um Outro, ao encontro entre culturas, numa via de mão dupla. Concluímos o artigo comentando as estratégias de tradução utilizadas, para os culturemas, na nossa tradução para a língua portuguesa desta obra (CAMARGO, 2016). Palavras-chave: Relato de viagem. Palavra culturalmente marcada.
Os estudos da tradução, uma nova disciplina acadêmica voltada aos fenômenos da tradução, têm sido estruturados na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) com vistas a formar não só tradutores, mas estudiosos da tradução. O presente artigo tem por objetivo, portanto, apresentar essa estruturação e a sua relevância local e institucional. Para tal, apresentamos os objetivos do Plano de Desenvolvimento Institucional da UFRN e do papel que ela ocupa no estado do Rio Grande do Norte. Em seguida, traçamos um histórico dos cursos de línguas estrangeiras e como eles abarcam os Estudos da Tradução e discutimos, de forma sucinta, conceitos relevantes para a área da tradução e as competências necessárias ao ato tradutológico. Por fim, relatamos a experiência da primeira oficina de tradução, ministrada no segundo semestre de 2016. Concluímos que, apesar de os participantes não estarem cientes das perspectivas dos estudos em tradução, eles adotaram algumas delas, o que mostrou a necessidade de um trabalho contínuo com os alunos que queiram adentrar o rico campo dos estudos da tradução.
O objetivo deste artigo é analisar as traduções indiretas de um texto multilíngue para uma mesma língua – o português – em dois sistemas literários distintos: o português europeu e o brasileiro. A opção de manter o multilinguismo do texto original ou, ao contrário, a opção pelo monolinguismo, atua como um padrão para a tradução, e, portanto, uma de suas características definidoras é a especificidade sociocultural (TOURY, 1995, p. 104). Essa característica inerente à natureza das normas pressupõe que essas não se aplicam igualmente a todos os sistemas culturais. Partindo desse princípio, propomos uma análise comparativa entre as traduções portuguesa e brasileira do romance Män som hatar kvinnor, de Stieg Larsson, com foco nas opções de tradução do léxico escrito em uma língua diferente do sueco original. Por outro lado, essas duas traduções utilizam outras duas como texto base. A tradução de Portugal está baseada na tradução inglesa e a do Brasil na francesa. Por isso, o artigo também aborda, embora de maneira tangencial, a questão das traduções indiretas. Ao final pudemos perceber a predominância da domesticação no corpus estudado.
O objetivo deste artigo é apresentar resultados parciais do projeto de pesquisa intitulado: Processo tradutório e estudo de marcas culturais do relato de viagem Aupays de l’or de noir, cujos métodos utilizados foram o estudo dos marcadores culturais/ICEs e das estratégias de tradução adotadas em um dos relatos de viagem de Paul Walle: Aupays de l’ornoir, Para, Amazonas, Mato Grosso, publicado originalmente em 1909, na França. A pesquisa foi desenvolvida a partir de uma amostragem lexical da obra, levando em consideração o estudo das palavras em língua portuguesa (marcadores culturais) ligadas aos campos da Ecologia e da Cultura Material (NEWMARK, 1992), na obra francesa, e a estratégia de tradução da realidade em linguagem (LAPLANTINE, 1996) adotada pelo autor. Tivemos como base teórico-metodológica para a descrição dos marcadores culturais os textos de Newmark, (1992), Franco Aixelá (2013), Laplantine (1996) e Ferreira (2014).
RESUMO: O estudo crítico sobre o conjunto da obra de Lima Barreto tem se posicionado, desde Francisco de Assis Barbosa, na década de 1950de , passando por estudiosos como Sevcenko (1985, Resende (2004) e, mais recentemente, Schwarcz (2017), na perspectiva de escrita engajada socialmente, em especial com questões ideológica e racial. O objetivo deste trabalho é analisar a produção barretiana sob o viés nômade, o que explicaria a aproximação e a repulsa, em sua obra, a diversos nichos sociais -como o negro, o suburbano, a academia, etc.. Esses paradoxos não conseguem ser explicados pela crítica cultural, pois inserem autor e obra numa redoma ideológica em que os aspectos estéticos do texto não são observados. Nesse sentido, este artigo define e analisa recursos estéticos nos contos de Lima Barreto como primeiro passo de investigação; em seguida, procedese à análise semântica e contextual e, por fim, à explicação do material em estudo à luz do nomadismo de Flusser (2007). É possível inferir que os elementos estéticos analisados aqui sugerem deslocamentos de valores e assunção de outros -esse gesto nômade cumpre uma função: a arte como elemento de comunhão entre os homens, pois ao se desprender de valores considerados eternos, como, por exemplo, identidade e classe social, eliminam-se também os preconceitos. Nesse sentido, sua escrita é fluida, não se fixando -cultural ou socialmente -em um ponto específico, transita entre estes, como um nômade que precisa cortar os laços com o sectarismo ideológico e manter a distância dos agrupamentos sociais para melhor observar seus paradoxos, pois o que está em jogo não é uma bandeira social, e sim uma defesa estética.
RESUMO:O presente artigo busca analisar a evocação das lembranças de Luís da Silva, narrador de Angústia, de Graciliano Ramos. Em se tratando de um herói que narra fatos passados, o intento deste trabalho é averiguar como sua memória se reconstrói à proporção que repassa sua história, tentando compreender quais são os rastros, as marcas do passado que permanecem no presente do protagonista. Para isso, o artigo discute acerca do processo de reconstrução da memória com Halbwachs (2003), Bosi (2007) entre outros, e sobre as ideias de rastro de Walter Benjamin arrazoadas por Ginzburg (2012), Janz (2012) e Gabnebin (2012). À luz de tais discussões, entende-se que a narração faz, principalmente, da amada e desalmada Marina e da "cara balofa" de Julião Tavares lembranças que cultivam um hoje aflito para Luís da Silva. Este evoca um passado que ressignifica o presente, uma vez que determinadas recordações (re)aparecem compondo um novo sentido que alimenta sua vingança contra o rival rico. A vida na antiga vila e as decepções causadas pela antiga noiva aspirante ao luxo constituem lembranças num processo de rememoração que explicam fracasso, vingança e angústia, evidenciando ao leitor os rastros que fazem do protagonista um herói decepcionado, angustiado.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.