Neste artigo, buscamos analisar as obras de alguns dos principais expoentes da literatura acadêmica clássica que trata das dinâmicas históricas, econômicas, políticas e sociais do Nordeste de modo a fazer emergir quais visões (que chamamos de “narrativas”) sobre a grande propriedade de terra (e seus proprietários) no sertão nordestino foram desenvolvidas pelas ciências sociais brasileiras e quais as ênfases destas interpretações. Identificamos pelo menos três grandes “narrativas” nas obras analisadas: da ocupação dos sertões, da economia regional e da política oligárquica. Em cada uma delas, a grande propriedade e seus proprietários são os grandes protagonistas. Destacar estas narrativas abre a possibilidade de revelar e contrastar processos sociais de transformação, atualização e ressignificação de estruturas e práticas sociais que informam o lugar da grande propriedade no semiárido nos dias de hoje. E, assim, superar imagens cristalizadas de um território dominado pelo latifúndio, pelas oligárquicas e por uma pecuária extensiva.
O objetivo deste artigo é analisar narrativas que remetem ao povoamento e ocupação dos Sertões Nordestinos, utilizando evidências empíricas para problematizar um quadro teórico-metodológico tornado clássico na teoria social brasileira. Assumindo uma posição crítica em relação às visões que tomaram o “mito sesmarial pecuarista” como fundamento explicativo para as desigualdades sociais e a concentração de terras no Nordeste, construímos novas hipóteses e evidências amparadas na pesquisa empírica e documental, apoiadas em fontes como cartas de sesmarias, inventários post mortem dos proprietários de terras e história oral, tendo como recorte empírico a microrregião da Serra do Teixeira, no estado da Paraíba, a partir da qual se constata a presença de outros grupos, que, já no século XVIII, imprimiram formas diversas de ocupação da terra e de povoamento.
Resumo: O objetivo do presente artigo é analisar as conexões entre as mudanças da estrutura fundiária do Sertão semiárido e a presença da pequena propriedade, em particular aquela vinculada à agricultura familiar. O diálogo com a produção bibliográfica sobre o Nordeste nos desafiou a problematizar as dinâmicas que levaram à fragmentação da grande propriedade na região citada. A partir de um esforço de pesquisa quali-quantitativo, realizamos um trabalho empírico na região do Sertão Paraibano, especificamente na Microrregião da Serra do Teixeira, com base em duas questões: (1) quais elementos possibilitaram a constituição da imagem do Sertão nordestino como espaço do latifúndio e da grande propriedade? (2) quais ideias fundamentaram as representações da origem da agricultura familiar no Sertão Paraibano? Nossa pretensão é, a partir de evidências empíricas ainda não problematizadas sobre o Nordeste, construir hipóteses orientadoras de interpretações sobre a constituição dos grupos sociais e dos espaços rurais do Sertão Nordestino, particularmente em referência à consolidação da agricultura familiar na espacialidade focalizada.
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