Discute a interdisciplinaridade como um movimento contemporâneo presente nas dimensões da epistemologia e da pedagogia, que vem marcando o rompimento com uma visão cartesiana e mecanicista de mundo e de educação e, ao mesmo tempo, assumindo uma concepção mais integradora, dialética e totalizadora na construção do conhecimento e da prática pedagógica. Inicialmente, faz-se uma breve apresentação da origem histórica desse movimento, discutem-se aspectos de sua conceituação e suas implicações no campo das diferentes ciências contemporâneas para então apresentar a interdisciplinaridade como um importante fenômeno de articulação do processo de ensino e aprendizagem. A argumentação apresentada no texto busca destacar que o movimento da interdisciplinaridade pode transformar profundamente a qualidade da educação escolar por intermédio de seus processos de ensino.
O presente artigo, organizado no âmbito das pesquisas sobre currículo que vem sendo realizadas, analisam-se as contradições, os limites e as possibilidades que marcam a complexa relação entre currículo e interdisciplinaridade. Com base em referenciais da chamada fi losofi a da práxis e das abordagens críticas do campo do currículo, apontamse algumas das contradições marcadamente presentes em projetos que afi rmam interdisciplinarizar o currículo pelas vias da orientação didática e metodológica ou por intermédio da prescrição de propostas curriculares no âmbito da ofi cialidade. Como pressuposto conceitual, assume-se a interdisciplinaridade em duplo sentido: como princípio (imanência) que manifesta o movimento do real, portanto, da gênese da produção histórica do mundo e do conhecimento, e como método (exterioridade) que orienta certa organização do mundo e dos saberes por intermédio das linguagens. Sob esse pressuposto, defende-se que a "interdisciplinaridade curricular" somente se efetiva no âmbito da prática dos sujeitos como atos de aprendizagem e de apropriação mediada do mundo e que, no plano da organização curricular, o que se constrói são formas integradoras de tratamento do conhecimento e da cultura, seja pela integração de conteúdos, pela busca de alternativas didáticas ou pelo estabelecimento de interfaces entre disciplinas curriculares. Defende-se, portanto, que nas confi gurações curriculares formais-expressões organizativas da formação escolar, ainda que se caminhe no sentido da interdisciplinarização das formas de apropriação dos saberes e da cultura, cinde-se, em alguma medida, a produção da vida, do conhecimento e de sua socialização.
RESUMO: O presente artigo apresenta uma reflexão sobre os conceitos de tempo e espaço na organização curricular com ênfase na dinâmica dos processos escolares. Destaca inicialmente como essas categorias foram concebidas durante a modernidade sob a influência do pensamento mecanicista/positivista, apontando as críticas que alguns pesquisadores atuais fazem dessa concepção. O texto argumenta em defesa de uma releitura desses mesmos conceitos na contemporaneidade, releitura essa que pode se traduzir em mudanças significativas nas formas de organização curricular na atualidade. Defende que a releitura dos conceitos de tempo e espaço curricular está sendo estimulada em contextos que incluem a democratização da informação via WWW, a globalização econômi-ca, o desenvolvimento das tecnologias da informação e comunicação, a expansão da educação a distância e, muito expressivamente, as contribuições trazidas pelas atuais abordagens sobre currículo e sobre infância. Palavras-chave: Tempo; Espaço; Currículo. TIMES AND SPACES IN THE CURRICULAR ORGANIZATION: A REFLECTION ABOUT ON THE DYNAMICS OF SCHOOL PROCESSES ABSTRACT:The present article presents an overview of concepts of time and space in the curricular organization, with focus on the dynamics of schooling processes. It initially highlights how these aspects were conceived during modernity under the influence of the mechanicist/positivist thought, pointing out some of the criticisms to that conception by current researchers. The text indorses a rereading of such concepts in the present time, which may result in important changes in the current curricular organization. It indorses that the rereading of curricular time and space concepts is being stimulated in contexts that include information democratization through "WWW", economic globalization, development of communication and information technologies, expansion of Long Distance Education and, very expressively, the contributions of modern approaches about curriculum and about childhood.
Resumo O texto integra-se ao trabalho de pesquisa desenvolvido em estágio pós-doutoral que tem por objetivo geral analisar implicações dos movimentos de internacionalização curricular no/do Ensino Superior sobre as atuais políticas e reconfigurações curriculares na Educação Básica. No artigo em pauta, como recorte, exploro, com base nos textos oficiais da política curricular brasileira, quais demandas, em termos de metas, recomendações e orientações curriculares, aparecem associadas, de algum modo, com a internacionalização do currículo na Educação Básica. A identificação das referidas demandas é feita por meio de um mapeamento de textos oficiais que compõem a produção da política curricular instituída a partir dos anos 2000, usando-se um conjunto de descritores e categorias. No tratamento analítico dos dados, levo em conta que o sistema educacional brasileiro é permeável ao movimento global da internacionalização do currículo e que a formulação de suas políticas mais recentes reflete influências diretas deste contexto – o que Stephen Ball denomina contextos de influência. Os resultados mostram que há relativa identificação entre as atuais prescrições curriculares oficiais da Educação Básica brasileira e os requerimentos ou expectativas dos movimentos transnacionais de internacionalização, e que essa aproximação ocorre em diferentes aspectos da dinâmica curricular.
A problemática que acolho para organizar o presente texto está inscrita no conjunto dos objetos de pesquisas com os quais venho me ocupando na Universidade. Refiro-me a uma pauta que se encontra em curso no contexto transnacional, bastante conhecida e que aqui denomino agenda propositiva global 1 . Movimento que embora apareça na cena política, na produção acadêmica e nos espaços da educação desdobrado em pontos ou conteúdos distintos, na origem e motivação, possui fundamentos e propósitos comuns. Trata-se de um conjunto de estratégias de ordem política e econômica, engendrado no âmbito das ações do chamado estado-mercado como redes políticas 2 e colocado na rota na educação na forma de grandes prescrições ou de políticas educacionais e curriculares desdobradas em definições e orientações distintas.Na ordem dos discursos esta pauta é manifestada fixando-se o sentido de numa agenda propositiva em escala global ou transnacional 3 que na educação, envolve pelo menos quatro grandes frentes, a saber: um movimento pela internacionalização curricular; a estratégia de centralização e/ou unificação curricular nas esferas nacional e regional; a universalização das avaliações em larga escala e o fortalecimento das chamadas parcerias público-privadas no território curricular. Em geral, na rota do discurso político e não raramente nos textos da política curricular oficial elas aparecem fixando sentidos em torno de conceitos como eficiência, inovação e qualidade.Obviamente que, dado o limite deste trabalho e considerando a extensão e a complexidade da problemática, não pretendo abarcá-la na sua totalidade, até porque há uma vasta produção científica que a analisa e interpreta em diferentes perspectivas teóricas. Proponho, como recorte,
RESUMO:No texto, analiso o progressivo alinhamento da Educação Básica brasileira aos movimentos pela internacionalização da educação, com especial atenção às estratégias que Estados, Organismos Transnacionais e iniciativa privada vêm mobilizando com a expectativa de ajustarem configurações curriculares de escolas a essa perspectiva que se hegemoniza em escala global. A discussão é feita com base nos conceitos de discurso educacional e acadêmico global de Jason Beech, além de outros, associados com análise das políticas educacionais e curriculares. Aponto que no Brasil as estratégias afetam mais fortemente dinâmicas que envolvem gestão escolar, desenhos curriculares, conteúdos de conhecimento e formação de professores. PALAVRAS-CHAVE:Currículo. Internacionalização. Educação básica. Discursos globais. RESUMEN:En el texto, analizo la progresiva aproximación de la Educación Básica brasileña con los movimientos por la internacionalización de la educación, con especial atención a las estrategias que Estados, organismos transnacionales e iniciativa privada vienen movilizando con la expectativa de ajustar configuraciones curriculares de las escuelas a esa perspectiva hegemonizada en escala mundial. La discusión se hace con base en los conceptos de discurso educativo y académico global (Beech, 2012) además de otros asociados con el análisis de las políticas educativas y curriculares. Como resultado, apunto que en Brasil las estrategias afectan más fuertemente dinámicas que involucran gestión escolar, diseños curriculares, contenidos de conocimiento y formación de profesores.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
334 Leonard St
Brooklyn, NY 11211
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.