ResumoEste trabalho investiga o comportamento da demanda por moeda no Brasil de forma a derivar os custos de bem-estar da inflação pós-Plano Real. Os resultados, para um período de dezessete anos, corroboram a forma funcional log-log que mostra significativos ganhos de bem-estar relativos aos custos sociais anteriores ao Plano Real. Para uma inflação de aproximadamente 4, 5% a.a., tem-se custo de bem-estar entre 0, 15 e 0, 20% da renda. Conclui-se, como esperado, que o país deve direcionar suas políticas para alcançar tanto um patamar de inflação menor quanto para obter um nível de taxa de juros real de estado estacionário de países desenvolvidos.Palavras-chave: Demanda por Moeda; Custos de Bem-Estar da Inflação; Política Monetária. AbstractThis work investigates the behavior of money demand in Brazil in order to derive the welfare costs of inflation after the Real Plan. The results, for a period of about seventeen years, corroborated the log-log specification that shows significant gains in welfare cost of inflation. Still, for an inflation of around 4.5% per year, there is a welfare cost between 0, 15 and 0, 20% of income. But, we suggest that the country directs its policies to achieve a much lower level of inflation and to a level of steady state real interest rate of developed countries.
IntroduçãoO produto potencial é uma variável macroeconômica da maior importância, seja para avaliações quanto às possibilidades de crescimento econômico no médio e no longo prazos, seja para as análises conjunturais. Os responsáveis pela política econômica precisam monitorar o desempenho da economia e conhecer seu potencial de crescimento, controlando para o efeito das variações cíclicas. É importante distinguir os aumentos do PIB que se devem exclusivamente aos choques de demanda (em geral, de efeitos transitórios e, possivelmente, inflacionários) daqueles que resultam de um crescimento concomitante da capacidade de oferta. Analogamente, é preciso distinguir se uma determinada redução do crescimento do PIB é resultado de um choque negativo de demanda (possivelmente deflacionário) ou de um choque negativo de oferta que poderia acelerar a inflação. Assim, tanto do ponto de vista da gestão macroeconômica, notadamente das políticas monetária e fiscal, como da estratégia de crescimento, torna-se relevante contar com medidas atualizadas e fidedignas sobre os ciclos econômicos e o potencial produtivo da economia brasileira.Por ser uma variável não-observável, há diferentes abordagens para se definir e se estimar o produto potencial. Neste trabalho, o produto potencial será definido como a capacidade de produção de bens e serviços da economia em níveis que não geram pressões inflacionárias. Dessa forma, é um conceito mais econômico do que físico, embora dependa da capacidade produtiva em sentido estrito, isto é, aquela capacidade determinada pelo estoque de máquinas, equipamentos, construções, mão-de-obra e pela produtividade dos mesmos. No longo prazo, o PIB efetivo não pode crescer a taxas médias mais elevadas que as do produto potencial. Isso significa que o crescimento da economia pode ser maior ou menor do que o crescimento potencial no curto prazo mas, na média, para períodos mais longos esses dois indicadores devem coincidir.Com o objetivo de contribuir para o debate sobre o PIB potencial, este texto se propõe a fazer uma breve discussão sobre a principal metodologia de estimação da variável, a função de produção e, em seguida, mostrar os principais resultados da estimativa para a economia brasileira para o período de 1992 a 2007 (até o segundo trimestre).
A série histórica de estoque de capital é fundamental para estudos de crescimento econômico e para estimação do produto potencial – variável muito utilizada em análises de política macroeconômica –, por meio da função de produção. Uma das principais contribuições deste trabalho em relação aos já existentes é estimar o estoque de capital a partir de dados da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) desagregados por produto utilizando um detalhado levantamento e tratamento de dados históricos. Isso faz com que possíveis distorções decorrentes de mudança nos preços relativos e de mudanças na composição do investimento sejam capturadas com maior precisão, e as estimativas da depreciação e do investimento líquido fiquem mais acuradas. Para se obter dados desagregados dessa forma, foi necessário adequar informações de diferentes metodologias obtidas nas tabelas de recursos e usos (TRUs) e nas matrizes de insumo-produto (MIPs), bem como utilizar taxas de depreciação e tempo de vida útil em nível de produtos. Ao término, foram obtidas estimativas anuais das seguintes variáveis para o período de 1947 a 2017: estoque líquido de capital fixo; investimento líquido; taxa de investimento; taxa de depreciação; e relação capital/produto. Outra contribuição deste texto é a estimação de séries com frequências mais altas (trimestral e mensal), com dados atualizados até 2019 e compatíveis com o Sistema de Contas Nacionais (SCN) referência 2010, ampliando o escopo de aplicação das séries estimadas para análises de curto prazo da economia brasileira.
Este artigo discute qual pode ser a trajetória da economia brasileira ao longo da década de 2020, particularmente na transição entre o período atual, de ociosidade da economia, e um período em que o aumento da capacidade de oferta pode voltar a ser determinante para o crescimento. Partindo do contexto criado pela recessão de 2020 causada pela pandemia do coronavírus – que resultou na ampliação do hiato do produto interno bruto (PIB) – e de uma discussão acerca das limitações que condicionarão o desempenho futuro da economia, apresenta-se o cenário traçado, explicando a sua lógica, os determinantes e as premissas adotadas. Isto posto, explicamos por que o padrão de recuperação do PIB potencial esperado para os próximos anos difere do verificado em ocasiões anteriores. Os números apresentados sugerem que o Brasil terá uma expansão modesta do PIB potencial no início da projeção, mas o crescimento da variável poderá se firmar progressivamente, com o aumento gradual da taxa de investimento e do crescimento da produtividade. Não obstante o baixo crescimento inicial do PIB potencial, o grau de ociosidade existente permitiria um crescimento médio do PIB da ordem de 2,5% ao ano (a.a.) entre o ano-base de 2021 e o final da década – considerado o cenário proposto no artigo. Nesse cenário, o país chegaria ao final da década com uma taxa de investimento de mais de 22% do PIB. Assim, se o país conseguir enfrentar o desafio fiscal e implementar reformas que melhorem a produtividade, as perspectivas para a década serão bastante promissoras, depois da década extremamente negativa de 2010-2020.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.