Este ensaio discute as necessidades de cooperação internacional em saúde, o modelo dominante da cooperação neste campo, algumas alternativas ao mesmo − que inclui a cooperação Sul-Sul -e prognósticos para o cenário cooperação internacional, considerada parte da diplomacia da saúde.
Palavras-chavecooperação internacional em saúde; cooperação Sul-Sul; diplomacia da saúde; saúde global Ensaio Necessidades de cooperação internacional em saúde O 'breve' século XX, como foi definido por Eric Hobsbawm (1995), foi marcado por importantes avanços econômicos, sociais e técnico-científicos, que melhoraram a qualidade de vida e as condições de saúde de milhares de pessoas em todo o mundo. Contudo, como 'era dos extremos', na mesma definição de Hobsbawm, o processo de globalização vigente também tem criado grandes disparidades internacionais e produzido enormes problemas sociais e de saúde, particularmente nos países mais excluídos dos circuitos centrais da economia global (ILO, 2004; BUSS, 2007). Neste início de século XXI, as condições declinantes da saúde de grandes parcelas da população em diversos países do mundo (WHO/AFRO, 2006; WHO, 2009a), a inseguridade alimentar (FAO, 2009) e, evidentemente, as consequências das mudanças climáticas (IPCC, 2007), têm sido motivo da atenção da chamada comunidade internacional.Nos países e regiões acima mencionados, verifica-se uma 'dupla carga de enfermidades', isto é, o convívio de doenças transmissíveis epidêmicas, emergentes, reemergentes e negligenciadas -como as 'três grandes' (HIV/aids, malária e tuberculose) -com doenças crônicas não-transmissíveis, entre as quais doenças cardiovasculares, diabetes, obesidade, neoplasias e doenças mentais. Além disso, pobreza, fome,