Focaliza-se o romance moçambicano como terreno propício para a representação do insílio, isto é, o exílio interno no âmbito da língua portuguesa, e paralelamente, dos processos de identificação cultural, a partir da representação máxima da personagem Imani, tradutora do português na comunidade local. Com base na leitura da obra O monolinguismo do outro ou a prótese de origem, de Derrida procura-se analisar a língua do colonizador enquanto instância surgida no intervalo do jogo entre a presença e a ausência, problematizando-a como o fora, isto é, “a língua que não é minha”, mas advinda do outro. À medida que escapa da total apreensão, esta língua traz consigo a promessa de transbordamento. Nessa linha de raciocínio, reafirma-se, de igual modo, a impossibilidade de uma identidade plena, pronta e acabada, demonstrando-se a configuração de identidades em constante deslocamento.
Desde sua criação, em 1928, Orlando: a biography, de Virginia Woolf, levanta muitos debates a respeito da questão de gênero, já que seu/sua personagem homônimo/a passa por uma transformação sexual. Neste texto, tratamos dos limites da noção de espaço biográfico, no seu cruzamento com o conceito de (auto)biografia, e da indecidibilidade e entrelugar dos gêneros, literário e sexual, considerando a perspectiva ‘trans’ mobilizada na obra de Woolf. O artigo está dividido em três partes. Na primeira, exploramos a temática do espaço (auto)biográfico a partir das contribuições de Lejeune (2008), Arfuch (2010a, 2010b), Derrida (1985a) e Derrida et al. (1985b). Na segunda, apresentamos a noção ‘lei do gênero’, de Derrida (2011), para tratar da relação entre os gêneros literário e sexual. Na terceira, mostramos os trânsitos entre os gêneros dos sujeitos e dos textos envolvidos no trabalho de Woolf. Considerando o pensamento da desconstrução, constatamos que Orlando transita entre diferentes gêneros e desafia seus limites estanques, e que também há uma relação entre os gêneros literário e sexual, pois a não unicidade de gênero de Orlando (personagem) problematiza o gênero literário (auto)biografia. Concluímos que Woolf/Orlando borra as fronteiras dos gêneros, desafiando o leitor a autenticar sua assinatura.
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